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Feira SUB comprova vigor criativo das publicações independentes e da arte impressa
Profusão de cores e ideias na Biblioteca Pública Municipal "Prof.Ernesto Manoel Zink" de Campinas (Foto Martinho Caires)

Feira SUB comprova vigor criativo das publicações independentes e da arte impressa

Por José Pedro Martins

Lançamentos de livros e outras publicações, oficinas, palestras e, acima de tudo, muito contato direto do autor ou da editora com o público. A segunda edição da Feira SUB de Arte Impressa e Publicações Independentes, de Campinas, comprovou o vigor e a inquietude do segmento, sempre na busca de novas fórmulas, de diferentes linguagens expressivas. A constatação do potencial criativo do Brasil, um espaço de liberdade, que vai na contramão dos obscurantismos recentes no campo da cultura. A Feira aconteceu no sábado, 16 de setembro, das 11 às 21 horas, na Biblioteca Pública Municipal “Prof.Ernesto Manoel Zink”.

Foram mais de 70 expositores, de várias partes do país, compondo um mosaico representativo das artes visuais impressas e das publicações independentes, que continuam crescendo e resistindo em tempos de crise e de avanços tecnológicos. Como nota Fabiana Pacola, uma das organizadoras da SUB, ao lado da irmã Marcela, nesta segunda edição foi possível ampliar o escopo do evento, com várias ações fora do âmbito da Feira propriamente dita.

Mais de 70 expositores, de várias partes do Brasil (Foto Martinho Caires)

Mais de 70 expositores, de várias partes do Brasil (Foto Martinho Caires)

“Essas ações foram possíveis em função das parcerias estabelecidas, o que é essencial em tempos de recursos limitados”, nota Fabiana. Ela cita o caso da exposição “Singularidades”, de Ana Francotti, aberta no dia 14 de setembro e em cartaz até o dia 30, no espaço Torta (rua Duque de Caxias, 537, no centro de Campinas).

Também até o dia 30 de setembro, no Departamento de Artes Plásticas do Instituto de Artes da Unicamp, pode ser apreciada a exposição do acervo de publicações da Feira SUB. “Estas parcerias foram fundamentais, porque nosso objetivo sempre foi promover o diálogo e a reflexão sobre questões importantes ligadas ao setor de arte impressa e publicações independentes”, diz Marcela Pacola.

Contato direto com o público, o maior ativo de eventos como a Feira SUB (Foto Martinho Caires)

Contato direto com o público, o maior ativo de eventos como a Feira SUB (Foto Martinho Caires)

Dinamismo e esperança – Os expositores demonstraram seu entusiasmo com a segunda edição da Feira SUB, representando a abertura de um novo território para a divulgação da arte impressa e publicações independentes. Publisher da Lote 42, João Varella entende que o maior desafio para o segmento é melhorar a circulação, daí a relevância de eventos como a SUB, em uma área de grande concentração população e polo universitário como o caso de Campinas.

“É um setor em ebulição, pois viabiliza a divulgação de novos nomes e talentos, o que geralmente é mais limitado no caso das grandes editoras, que vão por exemplo à Feira de Frankfurt avaliar a possibilidade de compra de direitos autorais”, comenta Varella. Ele cita como emblema do dinamismo do segmento a realização de vários eventos neste ano, em várias capitais e outras cidades.

A Lote 42 também tem buscado ampliar sua presença internacional – a editora acaba de participar da Festa Nacional da Edição Independente Experimental, na cidade de Rosário, Argentina.  Na Feira SUB, a editora levou várias de suas publicações, como o “Indiscotíveis”, que retrata 24 discos clássicos da música brasileira, indo de “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos, ao “Roots”, do Sepultura. O projeto gráfico remete aos EPs de sete polegadas.

Marcela e Fabiana Pacola, idealizadoras e organizadoras da Feira SUB (Foto Martinho Caires)

Marcela e Fabiana Pacola, idealizadoras e organizadoras da Feira SUB (Foto Martinho Caires)

A formação de um público leitor, em eventos como a Feira SUB, é destacada por sua por Felipe Abreu, que  apresentou seu primeiro livro, “Aprox 50 300  000″, lançado pela Vibrant. É um livro denso, com imagens identificadas no Google sobre a crise migratória. As imagens, re-editadas ou apropriadas, possibilitam novas narrativas e interpretações.

O número que dá nome ao livro faz referência ao total de citações encontradas no site de busca sobre o tema, um dos mais cruciais no mundo contemporâneo, ratificando o poder do setor de publicações independentes de estar aberto às grandes questões da humanidade. “Há um grande interesse do público, mas ainda não há um hábito de compra no Brasil, daí a relevância de iniciativas como a Feira SUB, constata Felipe, que é de Campinas mas mora em São Paulo, onde dá aula de fotografia.

Criação e ousadia, marcas da iniciativa (Foto Martinho Caires)

Criação e ousadia, marcas da iniciativa (Foto Martinho Caires)

Lançamentos – Os vários lançamentos de livros e outros produtos na Feira SUB indicaram que o evento tem assumido uma dimensão crescente no setor de arte impressa e publicações independentes. Um dos lançamentos foi do livro de artista “Stepchildrenland”, de Mauro Espíndola, da Moinho Edições, do Rio Grande do Sul. O livro foi produzido entre 2010 e 2013, entre Londres e Rio de Janeiro, e reúne obras em grafite e nanquim impressas em off-set. Foram confeccionados 100 exemplares, com peças numeradas.

“O mais importante é a convivência dos autores com o público. Isso vai criando hábito, despertando interesses”, afirma Mauro Espíndola. Ao seu lado, Daniela Pinheiro  mostrava seu trabalho em fotografias de época. Gaúcha de Pelotas, é artista multimídia, jornalista, fotógrafa e especialista em Economia da Cultura pela UFRGS, RS. Atualmente cursa o mestrado em Artes Visuais, na Unicamp, Campinas, na linha de pesquisa: poéticas visuais e processos de criação.

Dedica-se a projetos autorais com sua pesquisa focada nos processos históricos de fotografia do século XIX. Acredita que diante dos procedimentos do fazer fotográfico através dos processos artesanais é possível perceber que a fotografia é um campo aberto experimental, capaz de produzir novos discursos visuais por meio do contato com a materialidade e da percepção de sutilezas nos diferentes materiais utilizados.

Outro lançamento foi do livro “Apocalipse”, de Marcelo Magalhães, e com ilustração de Samanta Tavares, pela Lamparina Luminosa, de São Bernardo do Campo. Há três anos a editora promove um concurso para a publicação de livros, com muita procura de todo país. Mais um lançamento, na SUB, dos photozines “Berlin” e Louvre”, do fotógrafo autoral Carlos Alexandre Pereira.

Novas linguagens, novas formas de criar e ver o mundo (Foto Martinho Caires)

Novas linguagens, novas formas de criar e ver o mundo (Foto Martinho Caires)

 

Experimentação, ousadia. Duas palavras chave para entender a cartografia da Feira SUB, como um espelho do que de mais inovador tem sido realizado no perímetro da arte impressa e publicação independente no Brasil. O Jornal de Borda é um exemplo, com edição e concepção de Fernanda Gregolin. Poesia, contos, arte gráfica: criação absolutamente libertária, discutindo feminismo, anarquismo e outras temáticas.

 

Um sopro de esperança para o Brasil, que passa por momentos tão turbulentos e tristes na cultura e nas artes, e em especial para Campinas, que esteve representada por nomes como os artistas plásticos Fabiano Carriero e Valéria Menezes, que assinou o cartaz da SUB deste ano e apresentou as fotos do coletivo Farol 81 em Cuba. A Feira SUB é uma iniciativa do The Mix Bazar e teve o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Instituto CPFL e Agência Social de Notícias.

Biblioteca recebeu Feira SUB no dia em que completava 71 anos (Foto Martinho Caires)

Biblioteca recebeu Feira SUB no dia em que completava 71 anos (Foto Martinho Caires)

Os expositores foram:  A Livreria (Piracicaba|SP), Adriana Cavallaro Estúdio (São Paulo), AForca (Santos|SP), Alcateia Coletivo (São Paulo), Aline Zouvi (São Paulo), Âmago (Campinas|SP), Ana Francotti (São Paulo) , anaiaiá (Porto Alegre|RS), Bagadefente (Botucatu|SP), BESOURA (São Paulo), BETUME (São Paulo), Borogodó Editora (São Paulo), Cactus Edições (Porto Alegre|RS), Caio Mascarello (Porto Alegre|RS), Carambaia (São Paulo), Carlos Alexandre Pereira + FEA Editora (Campinas|SP), Carriero (Campinas|SP), Coletivo Atalho Gráfico (São Paulo), Coletivo Distante (Campinas|SP), Coletivo Escape HQ (São Paulo), Coletivo NFTR N O F U T U R E (Campinas|SP),  Coletivo prensado (Osasco|SP), Conspire Edições (São Paulo), Coticoá (Santo André|SP), Daniela Pinheiro (São Paulo),  Deborah Salles (São Paulo),  Dulcineia Catadora (São Paulo), Edições Atelier Feito em Casa (São Paulo), Edições Jabuticaba (São Paulo),  Editora Incompleta (São Paulo), Editora Lamparina Luminosa (São Bernardo do Campo|SP), Editora Quelônio (São Paulo),  Editora Urutau (Campinas/Bragança Paulista|SP), Eduardo Moric (São José dos Campos), .entre. edições (São Paulo), Estampe (Rio de Janeiro), Estúdio Jabuti (Belo Horizonte|MG), Farol 81 (Campinas|SP), Felipe Abreu + Vibrant (São Paulo),  FotolabLinaibah (Niterói|RJ e Colômbia), Gabriela Gil (São Paulo), Graficafábrica (São Paulo), Gusta Vicentini (Campinas|SP), helena giestas – canto da foto (Valinhos|SP), ilhOz (Campinas |SP), Isadora Fernandes (Santa Bárbara D’Oeste|SP), João Bosco (Campinas), Jornal de Borda (Campinas|SP), Jpedrinho9 (Campinas|SP), Júlia Oliveira (Campinas|SP), La Tosca (São Paulo), LíquidoPreto (São Paulo), Lote 42 (São Paulo), Malha Fina Cartonera (São Paulo), Marcio Sno (São Paulo) ,Mimo de Vênus (Campinas|SP), Moinho Edições Limitadas (Lindolfo Collor|RS), MomoCrap (São Paulo), Murilo Martins (São Paulo), Pemba (São Paulo), Pipoca Press (Rio de Janeiro), PHONTE 88 (Belo Horizonte|MG),  Poupée Rouge Publicações Independentes (São Paulo), Quatro Cantos (São Paulo), Telma Melo (São Paulo), Thais Ueda (São Paulo), Ubu Editora (São Paulo), Veio de Lá (São Paulo), Vitor Zanini (São Paulo), Volúsia Press (São Paulo), Xilomóvel (Campinas|SP) e Zarabatana Books (Campinas|SP).

 

 

 

 

 

Sobre ASN

Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.

Um comentário

  1. Os livros foram doados ao publico em geral ou teve venda se teve quais foram os valores … isso que é importante não se falou nada?
    A palavra feira nos transmitem que os preços é popular, qual era a media dos preços??
    Obrigado

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