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Campinas dá primeiro passo para maior intervenção urbana desde 1950

Campinas dá primeiro passo para maior intervenção urbana desde 1950

Aterramento de fios de eletricidade e telefonia, despoluição visual, mais faixas exclusivas para ônibus, restrições a estacionamento, prioridade para pedestres, maior segurança, valorização do patrimônio histórico do Centro, que deve receber um Parque Tecnológico. Campinas deu nesta terça-feira, 24 de fevereiro, o primeiro passo para aquela que pode ser a maior intervenção urbana, começando pela região central, desde a década de 1950, quando foi concluído o Plano Prestes Maia. O prefeito Jonas Donizette deu na manhã de hoje o pontapé inicial do projeto de Requalificação da Avenida Francisco Glicério, anunciando um cronograma de obras até 30 de novembro de 2015, quando as atividades serão suspensas em função do comércio do final do ano. Em 2016 devem estar concluídas.

A  Francisco Glicério será totalmente remodelada, anunciou o prefeito Jonas Donizette. Como será uma intervenção muito complexa, podem ocorrer alguns incômodos, como a suspensão no fornecimento de água em função da melhoria na rede pela Sanasa. “Mas a população sempre será informada com antecedência sobre tudo, vamos procurar causar o mínimo transtorno”, reiterou o prefeito. O projeto está disponível em detalhes no site da Prefeitura (www.campinas.sp.gov.br). As obras começarão no sábado, dia 28.

Um estande na praça frente ao Palácio da Justiça contém informações sobre o projeto

Um estande na praça frente ao Palácio da Justiça contém informações sobre o projeto

Alterações – A avenida Francisco Glicério terá, em seu lado direito, no sentido avenida Orosimbo Maia-Aquidabã, uma faixa exclusiva para ônibus. Do lado esquerdo, a atual faixa destinada a estacionamento será suprimida, com sua destinação à ampliação da calçada para pedestres. Os dois pontos de táxi da Glicério serão localizados nessa calçada, em uma baia com recuo em relação à pista. A calçada, adornada com as andorinhas de Campinas e floreiras, terá uma pavimentação especial, que já está sendo preparada pela Associação Brasileira de Cimentos Portland (ABCP), um dos parceiros do projeto.

A fiação elétrica e de telecomunicações será aterrada, e nesse propósito estão envolvidos outros dois parceiros, a CPFL Energia e a Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TELCOMP). Outros parceiros, pelo poder público, são a Sanasa, Setec e IMA, municipais. Pela sociedade, Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC) e Sinduscon. Pela iniciativa privada, Comgás, Embratel, Net, Vivo/Telefônica/TVA, TIM, GVT, Algar, Transit, WCS, Nettel, Oi, AVVIO, Level 3, BR Fibra, Americanet, SAMM, Ascenty e CPFL Telecom.

Iluminação mais eficiente, despoluição visual, padronização dos quiosques que serão instalados na calçada ampliada, paisagismo como ordenador do espaço, iluminação cênica nova para os monumentos históricos, a cargo da CPFL, e a troca da pichação por grafite, em parceria com artistas locais, são algumas ações propostas. Também há uma proposta de cobertura de bancas e estações de ônibus com células fotovoltaicas.

Autora do projeto de requalificação do Centro, a arquiteta Maria Rita Silveira de Paula Amoroso destaca que o propósito do conjunto de ações é “propiciar uma nova postura para viver no centro da cidade, que deve ser das pessoas, dos pedestres, elas não podem ter medo de frequentar essa região”. Ela é diretora de Patrimônio Histórico do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), regional de Campinas. “Toda intervenção desse tipo é importante para a população se apropriar do centro, de sua história, é ter amor ao centro, não podemos perder isso”, ela acrescenta.

As diretrizes de trânsito que serão observadas no projeto de requalificação da Glicério serão válidas para o “novo plano para 25, 30 anos” que a Prefeitura está preparando para o setor de mobilidade em Campinas.

Será o caso da padronização das estações de transferência para ônibus, que serão implantadas na Glicério. Do mesmo modo, serão implantados novos semáforos, com tecnologia que será ampliada para as demais vias que serão objeto do projeto maior de mobilidade em estruturação.

A prevista implantação do BRT, sigla em inglês para ônibus de trânsito rápido, demandará “mudanças importantes”, que já começarão a ser implantadas a partir da requalificação da Francisco Glicério, de acordo com a Prefeitura.

Os vereadores também estão discutindo o projeto do Executivo, de concessão de incentivos para instalação no centro de Campinas de um Parque Tecnológico, constituído por startups. O vereador André von Zuben tem atuado ativamente nesse sentido.

Principal via da cidade, avenida Francisco Glicério será totalmente remodelada

Principal via da cidade, avenida Francisco Glicério será totalmente remodelada

Cronograma de obras – As obras na  avenida Francisco Glicério começam nesta semana, com sinalização de tráfego pela Emdec, identificação visual e montagem de canteiro de obras, além do estande com informações na praça Guilherme de Almeida, em frente ao Palácio da Justiça.

No sábado, dia 28, começa a abertura de valas na Glicério, entre Orosimbo Maia e Marechal Deodoro, o primeiro trecho das obras. O segundo trecho será entre Marechal Deodoro e avenida Benjamin Constant.  O terceiro, entre Benjamin e General Osório. Depois, entre General Osório e Conceição. E o último trecho, até 30 de novembro, entre Conceição e avenida Moraes Salles.

Duas equipes trabalharão, lado a lado da avenida, entre  7 e 22 horas, com sábados e domingos se necessário. Haverá apenas trânsito local e serão colocados tapumes e passarelas para pedestres. As mudanças na fiação elétrica serão quadra por quadra, e todos moradores e lojistas serão avisados com antecedência.

De forma associada, serão realizadas algumas obras em pontos específicos. Na praça do Joquei Clube, a iluminação de sódio será substituída por vapor metálico. O Largo do Pará e o Viaduto da Aquidaban receberão iluminação ornamental.

Plano Prestes Maia

As intervenções previstas pela Prefeitura Municipal, em parceria com empresas e comunidade, se implementadas na totalidade, representarão a maior intervenção urbana em Campinas, sobretudo na região central, desde o final da implantação do Plano Prestes Maia, na década de 1950.

Plano Prestes Maia é como ficou conhecido o plano de urbanismo contratado em 1934 pela Prefeitura de Campinas, junto ao escritório do arquiteto e urbanista Francisco Prestes Maia, de São Paulo. O propósito era reestruturar a região central, cujas ruas não eram mais adequadas à sociedade do automóvel em expansão.

Muitas modificações previstas no Plano de Melhoramentos Urbanos, ou Plano Prestes Maia, foram implantadas entre as décadas de 1940 e 1950. Algumas ações derivadas do Plano foram polêmicas, incluindo derrubada da Igreja do Rosário e outros prédios para a ampliação da avenida Francisco Glicério. Entre 1938 e 1945, Prestes Maia foi prefeito nomeado de São Paulo, onde também executou várias reformas urbanas.

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Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.

Um comentário

  1. José Hamilton Aguirre

    Uma verdadeira alteração da Glicério, precisa, necessariamente, contemplar a arborização dessa grande avenida de Campinas.

    A proposta apresentada prevê a instalação de floreiras e uso de trepadeiras primavera, sustentadas por suportes de ferro, ao invés de arborização do local.

    O enterramento das redes de fios e a ampliação de passeios permitiria uma grande revolução na cidade, possibilitando o uso de todo o espaço aéreo, garantindo a presença de sombra, o conforto térmico, a umidificação do ar, que, só as árvores de porte e copa densa proporcionam.

    Campinas não pode desperdiçar essa oportunidade de transformação real e precisa utilizar adequadamente o conhecimento técnico para isso.

    Estaremos como sempre à disposição do poder público de Campinas e dos envolvidos nessa proposta, para melhorá-la e tentarmos garantir que o verde seja integrante da transformação que os dias atuais cobram de todos.

    Atenciosamente,
    Eng. Florestal, Mestre em Arborização Urbana e Especialista em Ecologia e Sustentabilidade – José Hamilton de Aguirre Junior

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