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Campineira é destaque no voleibol e em Universidade nos Estados Unidos
Michele em partida de sua equipe da Universidade de Bridgeport (Fotos Arquivo Pessoal)

Campineira é destaque no voleibol e em Universidade nos Estados Unidos

Por José Pedro Martins

A próxima sexta-feira, 8 de maio, será muito especial para uma família do Jardim Estoril, na Região Sul de Campinas. Nesse dia, Michele Baldovinotti dos Santos estará recebendo o prêmio de melhor aluna do curso de Relações Internacionais da Universidade de Bridgeport, em Connecticut, na Costa Leste dos Estados Unidos. Craque na bola e na escola: Michele brilhou no voleibol universitário norteamericano, seguindo os passos da irmã, Caroline, que fez percurso semelhante. Os pais, Carlos e Ednéia, estarão na cerimônia de entrega do prêmio e na formatura, no dia seguinte, orgulhosos pela trajetória vitoriosa das filhas, que souberam conjugar amor aos estudos com a dedicação ao esporte.

E o que não faltou foi dedicação, esforço, persistência, de toda família para que as irmãs Caroline e Michele alcançassem seus objetivos. Carlos conta que gostaria de ver a filha mais velha, Caroline, fazendo esporte ou alguma atividade cultural, para complementar os estudos no ensino fundamental. Matriculou então a menina no voleibol do SESI-Campinas, onde ela acabou se destacando, o que lhe valeu o ingresso na equipe do Rio Branco, de Americana.

Michele e Caroline: irmãs com trajetórias similares no esporte e nos estudos (Foto Arquivo Pessoal)

Michele e Caroline: irmãs com trajetórias similares no esporte e nos estudos (Foto Arquivo Pessoal)

Ela logo obteve uma bolsa no Objetivo e, depois, no Anglo, em Valinhos. Tudo pelo destaque no voleibol. Do Rio Branco, ela foi para o Regatas, de Campinas, onde o técnico Sebastião Velardi, um conhecido descobridor de talentos, logo percebeu o potencial de Caroline e, depois, de Michele no esporte.

Foi por pouco, mas Caroline quase seguiu outro rumo. Ela chegou a ir ao Rio de Janeiro para um teste para telenovela da Globo e chamou a atenção. Mas preferiu persistir no caminho do esporte, e não se arrependeu da escolha.

Por amigas, Caroline soube da possibilidade de se candidatar a uma bolsa nos Estados Unidos através do esporte. Insistiu e conseguiu, indo estudar, de 2009 a 2013, no Martin Methodist College, em Pulaski, no Tennessee, onde se formou em Administração de Empresas, enquanto jogava e se destacava na equipe de vôlei da escola conhecida no esporte universitário norteamericano como os RedHawks.

Formatura de Caroline no Martin College (Foto Arquivo Pessoal)

Formatura de Caroline no Martin College (Foto Arquivo Pessoal)

A irmã, inspiração  

Com todo esse histórico, naturalmente Caroline foi uma inspiração para a irmã Michele. “No tempo livre gostava de jogar vôlei com minha irmã no fundo do quintal de casa, e como era pequeno, vivia ralando as mãos na parede para tentar “salvar” a bola”, lembra Michele, sobre o tempo gostoso da infância passada em casa na Chácara da Barra.

“Minha irmã sempre foi meu exemplo”, conta Michele, reconhecendo que se apaixonou pelo vôlei ao vê-la jogar.  “Sempre ia assistir aos treinos, mas não podia jogar porque era mais nova que as meninas, e meus pais não acharam um outro time na época que aceitava minha idade. Minha irmã foi a pessoa que me ensinou as coisas básicas do vôlei como o toque e a manchete”, revela.

Michele com outras integrantes do vôlei feminino da Bridgeport (Foto Arquivo Pessoal)

Michele com outras integrantes do vôlei feminino da Bridgeport (Foto Arquivo Pessoal)

A trilha até os Estados Unidos foi similar à da irmã, e também com muito empenho e garra. Michele gostava e praticava cada vez mais o vôlei e foi participar de uma peneira no Finasa Osasco, atual Osasco Voleibol Clube, um dos mais importantes do país na modalidade. Ela acabou passando e treinou na equipe, até ir para o Rio Branco em Americana e, como a irmã, Regatas em Campinas.

Os pais se desdobravam, de seu lado, para garantir a base para as filhas. Carlos trabalha em uma empresa em Paulínia e, com grande empenho, sempre estava viajando para levar Michele para os treinos e jogos, o que já havia feito com Caroline. A mãe, funcionária pública, por várias vezes fez bolos e sanduíches para as filhas e colegas ems momentos de treinos e partidas.

Michele estudou no ETECAP – Escola Técnica Estadual Conselheiro Antônio Prado, de Campinas, mas logo e, de novo inspirada pela irmã, candidatou-se a uma bolsa esportiva universitária nos Estados Unidos. O primeiro passo foi em uma faculdade na cidade de Ranger, no Texas. Ela havia enviado vídeos com seus jogos e o técnico da equipe gostou de sua atuação, oferecendo então uma bolsa completa, com estudos, livros, moradia e alimentação. Os pais tinham apenas que pagar as passagens.

Isso em agosto de 2011 e Michele foi então para terras texanas, com muita expectativa e certa ansiedade, pois ainda tinha pouco domínio do inglês. Ela conta que a primeira prova que fez foi totalmente de surpresa. Não havia entendido o que o professor tinha dito sobre a data da prova, que acabou fazendo na hora.

Michele em ação: campeã nas quadras e nos estudos (Foto Arquivo Pessoal)

Michele em ação: campeã nas quadras e nos estudos (Foto Arquivo Pessoal)

Muito estudo e trabalho 

A oportunidade apareceu, mas Michele sabia que não seria nada fácil. No Brasil treinava três vezes por semana. Nos Estados Unidos, treinos diários, duas vezes ao dia, além dos estudos. Mas superou a barreira da língua e da adaptação e se destacou logo no primeiro ano, o que lhe valeu a possibilidade de se transferir para outra escola.

Acabou indo para a Universidade de Bridgeport, em Connecticut. E ela brilhou na escola localizada em cidade a pouco mais de uma hora de Nova York e que oferece mais de 120 programas de graduação e pós-graduação. A instituição é conhecida, entre outros pontos, por se uma das mais expressivas em diversidade étnica e racial e pelo internacionalismo – tem alunos de mais de 80 países, além de mais de 40 estados norteamericanos.

Caroline com os pais na formatura: agora será a vez de Michele estar com eles (Foto Arquivo Pessoal)

Caroline com os pais na formatura: agora será a vez de Michele estar com eles (Foto Arquivo Pessoal)

Para não ficar com tanta saudade de casa, falava quase diariamente com os pais pelo Skype ou Whatsapp. A família e amigos também acompanhavam os jogos dela online, com a disponibilização dos vídeos ao vivo.

No vôlei, Michele foi três vezes campeã do campeonato da Conferência e duas vezes semifinalista dos jogos regionais. Projeção também nos estudos, tendo conquistado os prêmios concedidos pelas organizações  Phi Theta Kappa, Phi Kappa Phi e Delta Um Delta, muito reconhecidos no sistema de ensino dos Estados Unidos.

Michele e um dos prêmios conquistados nos Estados Unidos (Foto Arquivo Pessoal)

Michele e um dos prêmios conquistados nos Estados Unidos (Foto Arquivo Pessoal)

“Eu me dediquei 11 anos da minha vida ao vôlei, e mesmo que não tenha chegado ao nível professional, pelo menos eu consegui alguns benefícios, que é a bolsa de estudos”, diz Michele, que deve prosseguir carreira nos Estados Unidos. Acabou de concluir estágio e se sente preparada para ingressar em uma grande empresa.

Com o apoio substantivo dos pais, Caroline e Michele venceram, nos estudos e nas quadras. Exemplo de vida para as meninas e meninos do Brasil. E, por que não, mais um subsídio para reflexão sobre como seria maravilhoso o sistema de ensino brasileiro também souber aliar, de fato, com seriedade, os dois campos de formação humana. O complexo século 21 pede mais ousadia e formação integral, o que o casamento estudo e esporte pode proporcionar.

Caroline e sua equipe no Regatas de Campinas: inspiração para a irmã (Foto Arquivo Pessoal)

Caroline e sua equipe no Regatas de Campinas: inspiração para a irmã (Foto Arquivo Pessoal)

 

 

 

 

 

 

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2 comentários

  1. Haydée Monteiro

    Exemplos como das irmãs Santos são importantes referências para os nossos jovens. Diante dos desafios impostos pelo desejo de realização é preciso acreditar, perseverar muito, para depois celebrar o resultado. Parabéns aos pais pelo apoio.

  2. Carlos Manoel dos Santos

    Muito obrigado Haydée Monteiro pelas palavras e por ressaltar como é importante o apoio dos pais na formação de seus filhos. Faço das suas palavras as minhas. Eu e minha família também agradecemos a bela matéria do José Pedro Martins. Temos certeza que pais e jovens vendo matérias assim criam forças para alcançarem os objetivos.

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