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Estação Guanabara sob gestão da Unicamp abriga eventos artísticos da região, como a mostra ‘Tessituras’
Tetê Pacetta, de Amparo, expôs na Estação Guanabara seu trabalho em acrílico sobre tela, aquarela e lenços de seda inspirados nos tecidos

Estação Guanabara sob gestão da Unicamp abriga eventos artísticos da região, como a mostra ‘Tessituras’

Por Adriana Menezes  Fotos Martinho Caires

A noite de estreia da artista plástica Tetê Pacetta com suas ‘Tessituras’, na terça-feira (5/05), encheu de gente a Estação Guanabara, em Campinas, patrimônio histórico e cultural tombado, que hoje está sob os cuidados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O espaço é mais conhecido como CIS Guanabara – Centro Cultural de Inclusão e Integração Social da Unicamp. A antiga estação de trem da Cia Mogiana, construída no final do século 19, que em seu primeiro ano ligava Campinas a Amparo com seus 106 quilômetros de trilhos, cumpriu novamente a sua função do passado enlaçando as duas cidades com a exposição da artista amparense.

A mostra se estende até o dia 28/05 e faz parte da programação do CIS que acontece todas as primeiras terças-feiras do mês, sempre com evento de arte produzida na cidade e na região, e não apenas dentro da comunidade universitária. Nascida em Amparo, Teresa (Tetê) Pacetta conta que nunca expôs antes sozinha por total insegurança. “Morria de medo de críticas.” Com formação em Educação Artística desde a década de 1980, ela não teve coragem durante todo esse tempo de “se expor”, o que para ela é o mesmo que “expor os seus trabalhos”: “É como ficar em pé, nu, com todo mundo te olhando.”

Depois de muitos anos sem produzir arte, dedicados aos filhos em Amparo, onde ainda mora, ela foi incentivada por amigos e artistas como Vera Ferro, Francisco Biojone e Egas Francisco a mostrar sua produção. Fez terapia holística, criou coragem e procurou a amiga Lígia Testa para fazer a curadoria, que por sua vez buscou a Unicamp. A universidade cedeu o CIS Guanabara e o curador Fábio Cerqueira, depois de avaliar a obra.

Mostra 'Tessituras' recebeu grande público na noite de terça-feira, dia 5/05, na Estação Guanabara

Mostra ‘Tessituras’ recebeu grande público na noite de terça-feira, dia 5/05, na Estação Guanabara

Além dos muros

O grande público da vernissage “Tessituras” mostrou que há demanda para esse tipo de iniciativa, acredita a coordenadora Margareth C. V. Junqueira, da Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC) da Unicamp. “Nosso objetivo é extrapolar os muros da Universidade e nós estamos conseguindo fazer isso com o trabalho desenvolvido pela CDC no CIS Guanabara”, diz Margareth.

Margareth Junqueira responde pela Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC) da Unicamp: “Nosso objetivo é extrapolar os muros da Universidade"

Margareth Junqueira responde pela Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC) da Unicamp: “Nosso objetivo é extrapolar os muros da Universidade”

A Estação Guanabara pertence à Prefeitura de Campinas mas a sua gestão é realizada pela Unicamp, que tem promovido especialmente atividades culturais no espaço. A Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC) faz parte da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) da Unicamp. “Nós fazemos um trabalho de formiguinha para atrair cada vez mais público. Realizamos eventos teatrais, musicais, oficinas e diversas atividades artísticas”, diz o curador da exposição de Tetê Pacetta, pela Unicamp, Fábio Cerqueira.

Para a curadora Lígia Testa, “foi uma honra ter a Unicamp como chancela da exposição ‘Tessituras’. Há 35 anos trabalhando com Ciência da Computação, Lígia diz que descobriu há alguns anos sua verdadeira vocação: trabalhar com arte. Encontrou-se há dois anos casualmente com Tetê em São Paulo, falaram sobre os trabalhos da artista, que os enviou por e-mail, e rapidamente Lígia ficou convencida de que deveria organizar a mostra.

Os curadores da mostra, Lígia Testa - "os artistas estão carentes de mostrar suas obras" - e Fábio Cerqueira - "Fazemos um trabalho de formiguinha"

Os curadores da mostra, Lígia Testa – “Os artistas estão carentes de mostrar suas obras” – e Fábio Cerqueira – “Fazemos um trabalho de formiguinha”

Carências e valores

“Fiquei impressionada, porque os tecidos me remeteram à infância, quando meus avós italianos enviavam baús cheios de tecidos. Pesquisei sobre o tema e me encantei com a obra”, lembra Lígia, que deu nome à exposição – Tessituras. “Os artistas estão carentes de mostrar suas obras e as pessoas estão carentes de ver, apesar de não estarem muito dispostas a comprar arte. Tem gente que paga R$ 2 mil em uma calça jeans, mas não paga o mesmo em uma aquarela”, critica a curadora. Na noite da vernissage, no entanto, quase metade dos quadros de acrílico sobre tela, aquarelas e lenços de seda foram vendidos. Tetê Pacetta estreou com o pé direito.

 

A antiga estação de trem da Cia Mogiana, construída no final do século 19, ligava Campinas a Amparo com seus 106 quilômetros de trilhos

A antiga estação de trem da Cia Mogiana, construída no final do século 19, ligava Campinas a Amparo com seus 106 quilômetros de trilhos

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