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Campinas abre série Conexões, que convoca a cidade para as ações humanitárias de Médicos Sem Fronteiras
Ana Cecília Moraes e Alessandra Vilas Boas, de MSF, comentando a série Conexões, em Campinas (Foto José Pedro Martins)

Campinas abre série Conexões, que convoca a cidade para as ações humanitárias de Médicos Sem Fronteiras

Por José Pedro Martins

Do Aeroporto de Viracopos ao SESC e à Lagoa do Taquaral, da Casa do Lago e Unicamp a um muro na região central e dois shoppings centers. Vários espaços de Campinas estão sendo tomados a partir desta quarta-feira, 11 de maio, por eventos da série Conexões MSF, da organização internacional Médicos Sem Fronteiras. A cidade está abrindo a série que visa ampliar a divulgação no país do trabalho humanitário da organização que recebeu em 1999 o Prêmio Nobel da Paz e sobrevive basicamente das doações individuais, atualmente somando 5,7 milhões de pessoas, sendo 300 mil no Brasil. A próxima a receber Conexões MSF é Recife.

“Apenas com o apoio dos doadores é possível continuar o trabalho independente, neutro e imparcial de Médicos Sem Fronteiras, presente em mais de 60 países”, observou a psicóloga Ana Cecília Moraes, presidente do Conselho Administrativo de MSF no Brasil. Ela participou de entrevista coletiva na manhã de hoje, na Lagoa do Taquaral (Parque Portugal), na abertura da exposição “Caminhos da Vacina”, uma das múltiplas atividades que serão desenvolvidas até o dia 22 de maio.

Também presente na coletiva de imprensa, a diretora de Comunicação de MSF no Brasil, Alessandra Vilas Boas, observou que Campinas foi escolhida “porque sempre acolheu muito bem os Médicos Sem Fronteiras”. Ela lembrou que a organização já realizou eventos menores na cidade, onde são muitos os doadores e onde se formaram vários profissionais que atuam com o MSF, como a médica Rachel Soeiro. Ela participa nesta quarta-feira às 19 horas, no SESC-Campinas, no evento oficial de abertura da série Conexões. (A Dra.Rachel Soeiro concedeu entrevista exclusiva para a Agência Social de Notícias, aqui).

Jornada humanitária pelo mundo – Organização criada na França em 1971, por um grupo de médicos e jornalistas, MSF atua basicamente em graves situações de conflito e grandes desastres naturais, lembrou a psicóloga Ana Cecília Moraes, que no ano passado, por exemplo, esteve prestando serviços na Ucrânia bombardeada e praticamente isolada.

No Brasil, Médicos Sem Fronteira está presente desde 1991, quando executou um projeto relacionado à epidemia de cólera na Amazônia. Depois aconteceram ações no Nordeste e no Rio de Janeiro. Atualmente não existe uma atuação em situação médica específica, mas o Escritório no Rio de Janeiro coordena as ações nacionais de captação de recursos e mobilização de recursos humanos.

Dezenas de médicos, psicólogos, engenheiros e vários outros profissionais brasileiros já participaram de diversas ações de MSF pelo mundo. Nos dias 19 e 20 de maio haverá uma pré-seleção em Campinas para eventuais interessados em participar das ações da organização.

Ana Cecília Moraes e a exposição Caminhos da Vacina, no Taquaral, em Campinas (Foto José Pedro Martins)

Ana Cecília Moraes e a exposição Caminhos da Vacina, no Taquaral, em Campinas (Foto José Pedro Martins)

Caminhos da Vacina e outras ações em Campinas – “Caminhos da Vacina” é uma das duas exposições que estão sendo abertas neste em Campinas, como parte do Conexões MSF. Ela foi montada na Lagoa do Taquaral (Parque Portugal), nas proximidades do pedalinho. A exposição foi baseada no documentário “Caminhos da Vacina”, que também integra o elenco de atividades do Conexões MSF.

O documentário e a exposição contam o desafio que é promover a vacinação nas regiões mais remotas do planeta, e muitas vezes em situações de conflito. As barreiras existentes impedem que, anualmente, 22 milhões de crianças com menos de um ano de idade sejam adequadamente imunizadas. A maior parte das vacinas demanda armazenamento em temperaturas entre 2 e 8 graus, o que dificulta a imunização em locais sem energia elétrica e gera a necessidade de uma complexa operação logística.

A exposição explora o percurso de Bruxelas, na Bélgica, onde MSF mantém um armazém de suprimentos, até vilarejos da região de Abuzi, no noroeste da República Democrática do Congo. São 7,6 mil quilômetros, percurso que as equipes de MSF têm de percorrer para levar as vacinas, em avião, veículos 4×4, motos, pirogas (canoas rudimentares) e a pé, em trilha pela floresta.

Esse roteiro pode ser melhor conhecido na exposição interativa, que contém muitas informações sobre a relevância da contribuição de doadores para a realização da imunização em locais quase esquecidos pelos governos e sociedade em geral. É possível saber, por exemplo, que um conjunto de 84 doses de vacina contra sarampo custa R$ 65,00, e que um lote de doses de vacina contra meningite custa R$ 1.540,00.

Exposição e documentário chamam a atenção para a urgência de olhar mais cuidadoso para a questão dos preços dos medicamentos em geral e vacinas em particular. Entre 2001 e 2014, informa MSF, o custo total do pacote completo de vacinas para imunizar as crianças aumentou inaceitáveis 68 vezes.

O documentário “Caminhos da Vacina” será exibido na noite desta quarta-feira, no SESC-Campinas, na abertura oficial da série Conexões MSF, e também na sexta-feira, dia 13, na Casa do Lago em Barão Geraldo (16 e 19 horas) e no domingo, dia 15, às 18 horas, no Museu da Imagem e do Som (MIS-Campinas, no Palácio dos Azulejos).

“Caminhos da Vacina”, o filme, é dirigido pelo escritório de Médicos Sem Fronteiras no Brasil, com co-direção de roteiro de Quintal e fotografia e câmera de Roberto Riva. A direção de produção é de Jéssica Urdangarin.

Nesta quinta-feira, dia 12, será a vez da abertura da exposição fotográfica “Conexões”, no Aeroporto Internacional de Viracopos. São fotos que documentam a atuação de Médicos Sem Fronteiras, em 45 anos de atividades, e que fazem parte do trabalho de divulgação de situações de sofrimento que, de outra forma, permaneceriam no silêncio e na invisibilidade.

Também nesta quinta-feira, na Casa do Lago, às 16 horas, será exibido o filme de produção belga “Affliction – O Ebola na África Ocidental”, rodado na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné, países assolados pela recente epidemia de ebola. A direção é de Peter Casaer, que também assina o roteiro, ao lado de MSF. A fotografia é de Renaat Lambeets.

A programação completa de Conexões MSF em Campinas está no site www.msf.org.br/conexoes 

Sobre ASN

Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.

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