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Um convite ao olhar sobre a sabedoria da natureza no centro de Campinas
Valéria Scornaienchi em plena intervenção no Largo do Pará (Foto Ricardo Lima/Divulgação)

Um convite ao olhar sobre a sabedoria da natureza no centro de Campinas

Ação artística ao ar livre da artista campineira Valéria Scornaienchi propõe reflexão sobre a sabedoria da natureza e instiga memórias acerca das praças do centro

Levar arte para as pessoas que transitam nas ruas da cidade como uma forma de expandir o olhar e despertar a atenção para a sabedoria da natureza além de instigar memórias acerca das praças. Foi com esse intuito que a artista campineira Valéria Scornaienchi espalhou arte em meio aos jardins do Largo do Pará no Centro de Campinas. “Comentários sobre o jardim” é uma intervenção artística na qual foram espalhadas dez plaquinhas de jardim em meio a vegetação da praça. São imagens coletadas pela artista em seus deslocamentos diários que estão retratadas nas plaquinhas de madeira ‘plantadas’ em meio as flores e folhagens.

Esta é a primeira fase do projeto. A artista pretende levar a proposta para ao menos duas outras praças da área central da cidade que, originalmente, se chamava Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso, em função da grande floresta, depois denominada Mata Atlântica, que cobria toda a região. Depois de 247 anos de história, Campinas tem menos de 4% de vegetação nativa, muito menos portanto que os 8% que sobraram da Mata Atlântica ao longo do litoral brasileiro. É neste contexto que a intervenção estética-filosófica de Valéria Scornaienchi adquire maior significado e relevância, não deixando de ser um forte convite ao pensamento sobre o futuro da cidade que logo completará 250 anos.

Valéria Scornaienchi: "O ponto de vista das plantas é uma outra forma de pensar" (Foto Ricardo Lima/Divulgação)

Valéria Scornaienchi: “O ponto de vista das plantas é uma outra forma de pensar” (Foto Ricardo Lima/Divulgação)

” A arte para mim é para todos, gosto de pensar espaços abertos os quais qualquer pessoa pode fruir o trabalho, democraticamente. Nesse projeto eu escolhi utilizar imagens nas quais eu apresento uma planta ou parte dela e uma parte do meu corpo – mãos ou pés. Penso a natureza como algo de muito valor, algo sagrado. Nos centros das grandes cidades ainda nos restam as praças, algumas árvores, arbustos,  pequenos recortes da vida que existe na floresta. Considero importante a tentativa de deslocar os olhares para a importância do verde”, comenta Valéria.  “O ponto de vista das plantas é uma outra forma de pensar. Elas se organizam, se ajudam, se recolhem ou se espalham, para que todas fiquem bem. Algumas crescem em direção a luz, outras ficam bem nas sombras, algumas sobrevivem sem água, outras com muita água, mas o fato é que olhar a natureza é perceber a diversidade e a capacidade de se adaptar, apesar da ação humana. A conexão com a natureza e com toda sabedoria que ela traz, talvez seja a única maneira de repensar o mundo”, completa.

A artista mora no Centro de Campinas há 17 anos e foi a relação afetiva com essa paisagem viva das praças do seu entorno que a levou a escolher o local para a intervenção. Com isso pretende também despertar memórias de quem por ali circula a fim de criar uma espécie de arquivo histórico poético da praça. Para isso, a artista criou um perfil do projeto no instagram (@comentariossobreojardim)  no qual convida os expectadores a compartilharem comentários  e impressões sobre o jardim e de memórias relacionadas a praça.

Valéria Scornaienchi: "Penso a natureza como algo de muito valor, algo sagrado" (Foto Ricardo Lima/Divulgação)

Valéria Scornaienchi: “Penso a natureza como algo de muito valor, algo sagrado” (Foto Ricardo Lima/Divulgação)

Valéria pretende –  ainda sem data definida – ocupar mais duas praças da região central de Campinas e posteriormente expandir a intervenção para outros jardins.

Sobre a artista

Valéria Scornaienchi é uma artista campineira que desenvolve seus projetos no seu próprio ateliê. Sua pesquisa está relacionada com a escrita, o desenho e o espaço. Outras mídias surgem como desdobramento do trabalho para situações expositivas e experimentais. O processo é o trabalho, o trabalho é o processo. Não há distinção. Dialogando o tempo todo com o processo a artista desenvolve seus projetos que incluem desenhos, escrita, projeções, instalações e livros de artista.

Participa de grupos de estudos em artes visuais na Unicamp e grupos de orientação.  É uma das integrantes do Farol81 – grupo de artistas de Campinas.  Atua como arte educadora em formação continuada com professores da rede pública, ministra cursos de artes visuais e acompanhamentos artístico. Participou de Salões de Arte e de várias exposições coletivas e individuais, entre elas, ‘Nunca Mais’ na Galeria de Arte do Instituto de Artes (Gaia) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); ‘Tempo Desmedido’, no Projeto Estante de Livros e Cadernos de Artista do IA da Unicamp;  obra ‘Duas Décadas do Museu Universitário de Arte (MuNa)’ em Uberlândia (MG) e ‘Palavra + Imagem’ no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) em Juiz de Fora (MG).

Em novembro e dezembro de 2018, Valéria realizou no Museu de Arte Contemporânea de Campinas ‘José Pancetti’ (MACC) a exposição ‘Pelo Avesso’. O projeto foi contemplado pelo FICC – Fundo de Investimentos Culturais de Campinas – 2016 realização 2018, pertencente à Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Campinas. O FICC tem como finalidade fomentar a produção artística local.

Serviço:

‘Comentários sobre o jardim’ | Valeria Scornaienchi. Local |  Praças públicas | edição 1 – Largo do Pará, Centro, Campinas, SP

Sobre ASN

Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.