A Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), a Anistia Internacional e várias organizações da sociedade civil estão mobilizadas pelo esclarecimento da chacina que vitimou pelo menos nove pessoas nos bairros de Terra Firme, Sideral, Jurunas, Marco e Guamá, na última terça-feira, 4 de novembro, na cidade de Belém (PA). Algumas fontes afirmam que o número de mortos pode ter sido superior a 30.
Em nota oficial, a SDDH afirma que passou a acompanhar o caso “em conjunto com organizações da sociedade civil ligadas a defesa dos direitos humanos, entre as quais CEDECA, OAB, CEDENPA que atuam em conjunto no Conselho Estadual de Segurança Pública, com o propósito de exigir a tomada de providências dos órgãos responsáveis pela Segurança Pública no Pará sobre esta grave situação de violência na capital de nosso estado, seja apurada com rigor para a devida responsabilização dos envolvidos”.
A SDDH observa na nota que há tempos pede a investigação sobre a atuação de grupos de extermínio no Pará. “Outra providência solicitada é que o Governo garanta o acolhimento psicossocial dos familiares de todas as vítimas da chacina, incluindo os familiares do policial militar assassinado”, afirma a Sociedade na nota.
A Anistia Internacional no Brasil também se pronunciou sobre o episódio. “Há informações de que a chacina foi cometida supostamente por policias militares como vingança pela morte de um cabo membro da ROTAM – Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas – da Polícia Militar do Estado ocorrida na mesma noite”, afirma a Anistia em comunicado.
“A Anistia Internacional pede ainda que o governo federal acompanhe o caso e as autoridades do governo do estado do Pará tomem todas as medidas necessárias para garantir a segurança imediata dos moradores dos bairros onde ocorreram as mortes. Da mesma forma, a morte do cabo deve ser investigada e responsabilizada”, diz a organização humanitária, acrescentando que “se solidariza com os familiares de todas as vítimas”.
Outra mensagem, assinada por um conjunto de organizações da sociedade civil paraense, também repudia o episódio, pede investigação e punição dos responsáveis e afirma: “Avaliamos que uma verdadeira política de segurança pública não se implanta com repressão e nem com caravanas ou ações pontuais, mas com mudanças na política econômica e investimento em educação, saúde, cultura, esporte e lazer, o que é cotidianamente negado à juventude pobre nas periferias brasileiras, condenada a um futuro de incerteza, onde predominam a exploração sexual e a criminalidade”.
O coletivo de organizações convoca a comunidade para um ato público no dia 11 de novembro, terça-feira, às 9 horas, na Escadinha do Cais do Porto, em Belém, para caminhar em direção à Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) “e exigir a apuração e responsabilização dos assassinos” e a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o crime e as denúncias de ação de grupos de extermínio no estado.
Essa nota é assinada por ANCED, ASCONPA, Associação de Moradores do Benguí, Associação Brasileira de ONGs (ABONG), Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC), Associação Unidos pra Lutar, Coletivo Caboclo Monique Lopes, Comissão de Justiça e Paz – Arquidiocese de Belém, Conselho Regional de Psicologia, CST-Psol, Desabafo Social, FASE, Fundação Luterana Diaconia (FLD), Gabinete do Deputado Edmilson Rodrigues, Grêmio Ulisses Guimarães, IMANATARA, Movimento Feminista Juntas, Movimento Juntos, Movimento de Direitos Humanos de Icoaraci, Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMR), Movimento República de Emaús, Movimento Rosas de Março, Núcleo de Educação Popular Raimundo Reis, Pastoral da Juventude, Protagonismo Juvenil em Rede (PROJUR), PSOL, Rede Ecumênica de Juventude (REJU/Belém), Rede de Educação Cidadã, Rede Emancipa, RENADE, Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores (RENAJOC), Rede de Participação Juvenil da ABMP, SDDH, SINTSEP/PA, Só Direitos, Instituto Universidade Popular (UNIPOP) e Vereador Fernando Carneiro.