Por José Pedro Soares Martins
01 de novembro de 2017 – O escritor e historiador Jorge Alves de Lima ficou impressionado com as informações sobre Carlos Gomes transmitidas pelo motorista de táxi que o transportou por Belém no dia em lançou o seu mais recente livro sobre o artista. “Ele sabia muita coisa sobre os lugares importantes para o maestro, nos últimos meses em que ele viveu na cidade”, conta Lima. De fato, são vários locais e marcos arquitetônicos na capital paraense que funcionam como uma espécie de “Circuito Carlos Gomes”, convidando para um turismo cultural e ao maior conhecimento sobre a vida e obra do maestro e compositor nascido em Campinas.
Baía do Guajará, Catedral da Sé, Theatro da Paz, Academia Paraense de Música e Academia Paraense de Letras são alguns componentes desse “circuito” turístico e artístico, que remetem à biografia do famoso e atormentado músico Antônio Carlos Gomes, cuja trajetória é um espelho perfeito de alguns dos momentos mais críticos da história brasileira na segunda metade do século 19. Carlos Gomes morou poucos meses em Belém, mas seu nome continua despertando respeito, admiração e inspiração para os paraenses, que se orgulham de tê-lo acolhido na fase derradeira de sua vida e de homenageá-lo como merecia em suas temporadas operísticas no Theatro da Paz.
Sucesso e agonia – Antônio Carlos Gomes, nascido em Campinas a 11 de julho de 1836, foi um dos brasileiros mais famosos entre o final do século 19 e início do século 20. Seu sucesso nos teatros da Europa projetou seu nome em âmbito nacional e internacional, mas não encobriu, de todo, a vida atribulada que teve.
Era filho de Fabiana e Manoel José Gomes, o Maneco Músico, de quem herdou a paixão pela música. A mãe, Fabiana, foi assassinada muito jovem e esta dor ficou para sempre no coração de Tonico de Campinas, o apelido com que Carlos Gomes ficou conhecido e gostava de ser chamado. Seu irmão José Pedro Santana Gomes, também músico, foi o seu maior amigo e com quem trocou farta e rica correspondência.
A “Missa de São Sebastião”, de 1854, é considerada a primeira grande obra de Tonico, que começou sua carreira musical na Igreja que foi a primeira de Campinas e é a atual Basílica do Carmo, localizada na praça onde foi erguido o monumento-túmulo do maestro. Depois de participar de concertos em São Paulo, o artista foi ao Rio de Janeiro, onde logo caiu nas graças do Imperador D.Pedro II.
Com o êxito de “A Noite do Castelo” e “Joana de Flandres”, que tiveram sua estreia na então capital brasileira, Carlos Gomes ganhou uma bolsa do Império para estudar na Europa, mais precisamente em Milão. Na cidade italiana, depois de receber com méritos o título de maestro, aprofundou seus estudos e, glória imediata, compôs “O Guarani”. A ópera baseada no texto de José de Alencar (1829-1877) teve sua estreia no legendário Teatro Scala, de Milão, em março de 1870.
Outros sucessos vieram, com “Fosca”, “Salvador Rosa”, “Maria Tudor”, “Lo Schiavo” e “Condor”, com estreias na Europa ou no Rio de Janeiro. Carreira brilhante, tendo como contraponto os vários dissabores. Com Adelina, professora no Conservatório de Milão, o maestro teve cinco filhos, três deles falecidos muito precocemente: Carlota Maria, Manoel José e Mário Antonio. Outro filho, Carlos André, morreria de tuberculose aos 25 anos, em 1898. Apenas a filha Ítala sobreviveu, falecendo no Rio e Janeiro em 1948, aos 66 anos.
A saúde de Carlos Gomes ficou igualmente debilitada, agravando-se com o câncer na língua e que se espalhou pela garganta. Ele sempre nutriu o desejo de voltar e se estabelecer em Campinas. Entretanto, seus planos para fundar e dirigir uma escola de música na terra natal não prosperou, como conta Jorge Alves de Lima no livro “Carlos Gomes – Sou e sempre serei: O Tonico de Campinas” (Solution Editora).
Monarquista, amigo de D.Pedro II, o Tonico de Campinas passou a ser marginalizado pelos líderes do crescente movimento republicano, afinal vitorioso a 15 de novembro de 1889, tendo sua terra natal como um dos berços da mobilização. Doente, com muitos problemas financeiros, Carlos Gomes viu uma luz com o convite do governador do Pará, o republicano Lauro Sodré, para dirigir o Conservatório de Música de Belém. O maestro e compositor encheu-se de esperança, inclusive de cura, e decidiu então pela mudança para a capital paraense, onde escreveria os últimos capítulos de um roteiro de luta, triunfo e melancolia.
Carlos Gomes e Belém – Como nota Alves de Lima em seus primeiros dois livros (de quatro projetados) sobre Carlos Gomes, o artista já tinha uma relação muito próxima com Belém. A capital paraense vivia uma fase de euforia nas últimas décadas do século 19, em razão da prosperidade derivada do Ciclo da Borracha. Esta época de ouro traduziu-se, entre outros ícones, na construção do Theatro da Paz, inaugurado em 1878.
Projetado em estilo neoclássico pelo engenheiro pernambucano José Tibúrcio Pereira Magalhães (1831-1896), o Theatro da Paz logo tornou-se o palco de grandes temporadas teatrais e musicais. E nele foi encenada em 1880 “O Guarani”, pela Companhia Lírica Italiana. Dois anos depois, o próprio Carlos Gomes esteve no Theatro com a mesma companhia para nova apresentação de “O Guarani” e, também, regendo “Salvador Rosa”. Em 1883, nova estadia do maestro em Belém, para a apresentação de “Fosca”. Faria nova temporada em 1885, mas o projeto não foi concretizado.
Essas três ocasiões foram fundamentais para a criação em Belém de um ambiente muito amigável com o maestro, o que foi determinante para a decisão do governador Lauro Sodré em convidá-lo para dirigir o Conservatório de Música, instalado em 25 de fevereiro de 1895. O maestro recebeu o convite e o aceitou pessoalmente, em nova estadia em Belém naquele ano. Em seguida voltou à Europa, para seus últimos meses entre Itália e Portugal. Ainda não sabia da doença que seria fatal.
O Theatro da Paz continua sendo uma das principais referências culturais do Pará e do Norte do Brasil. No seu saguão estão dois bustos em mármore de carrara, dos escritores José de Alencar e Gonçalves Dias (1823-1864). No Salão Nobre, dois outros bustos em mármore belga, do também maestro paraense Henrique Eulálio Gurjão (autor, entre muitas obras, de um “Hino a Carlos Gomes” e da ópera “Idália”) e de Carlos Gomes, concebidos por Achille Canessa. Entre outras estrelas que já passaram pelo Theatro da Paz está a bailarina russa Ana Pavlova (em março de 1918).
“O governador Lauro Sodré e outras lideranças políticas da época, no momento do auge do Ciclo da Borracha, tinham um grande projeto cultural para Belém, de modo a torná-la uma das cidades mais importantes das Américas, e para isso viam em Carlos Gomes o principal nome para liderar o empreendimento”, comenta Gilberto Chaves, diretor do Theatro da Paz de 2001 a 2006, apontando a grande razão para o convite ao maestro, “o primeiro músico das Américas a ter destaque na Europa”.
Viagem e chegada em Belém – Carlos Gomes partiu de Lisboa para Belém no dia 4 de maio de 1896, a bordo do navio inglês SS Obidense. No percurso, parou em Funchal, na Ilha da Madeira, para visitar o velho amigo André Rebouças (1838-1898).
A chegada ao Porto na Baía de Guajará, em Belém, foi no dia 13 de maio de 1896. A beleza natural da Baía sempre comoveu o maestro. E não é para menos, pois o local é um dos mais visitados e celebrados por paraenses, brasileiros em geral e pelos estrangeiros que vão à capital do Pará.
A Baía é o endereço, por exemplo, do Círio Fluvial, uma das atividades da programação do Círio de Nazaré, a principal festa religiosa e cultural do estado. As ilhas dos Piriquitos, Arapiranga e das Onças, entre outras, também compõem a beleza natural da Baía. Situada no encontro dos rios Guamá, Acará e Moju, a Baía do Guajará também sedia o Mercado Ver-O-Peso, cujas origens datam de 1625, com estrutura atual, no formato de dodecágono, construída pela empresa La Rocque Pinto & Cia, vencedora de concorrência em 1897.
Um ano depois, portanto, da chegada de Carlos Gomes em Belém. Ele foi morar em uma casa na esquina da rua Quintino Bocaiúva e travessa Tiradentes, onde hoje existe o Edifício Guarani, evidente homenagem ao maestro. A primeira providência do governador Lauro Sodré foi convocar uma junta médica, para examinar o estado de saúde do artista. Integraram a junta, entre outros, os médicos Paes de Carvalho, Numa Pinto, Firmo Braga, Miguel Almeida Pernambuco, Jaime Bricio, Silva Rosado, Santa Rosa e Barão de Anajás, em um total de 23 profissionais. Os médicos confirmaram o diagnóstico de câncer e indicaram que fariam o máximo pelo bem estar do artista.
A solidariedade de Belém foi total com o maestro. No dia 20 de maio de 1896, o Café Riche, elegante local de encontros da capital, sediou um concerto para arrecadar recursos que seriam destinados à família de Carlos Gomes que ainda morava em Milão.
Foi uma das muitas manifestações de carinho de Belém com Carlos Gomes, observa o historiador Jorge Alves de Lima. Nestes meses de agonia do maestro, dois profissionais chegaram a afirmar que poderiam curar o maestro. Um deles era o farmacêutico de origem alemã João Neumeyer, que vivia em Minas Gerais e chegou a viajar ao Pará. Em Belém, entretanto, o farmacêutico constatou a gravidade da situação, afirmou que não iria mais assumir a responsabilidade pelo tratamento e deixou a cidade. Um médico do Rio de Janeiro também expressou sua confiança na cura, mas nem chegou a se deslocar para Belém.
Últimos dias do maestro – Os últimos dias de Carlos Gomes continuaram sendo um misto de solidariedade e tristeza. E a morte aconteceu no dia 16 de setembro de 1896, para comoção local e nacional. Depois dos primeiros preparativos na própria casa do maestro, o corpo foi transportado para o velório no Conservatório de Música.
No dia 20 de setembro, o corpo foi trasladado para a capela do Cemitério da Soledade, onde permaneceria até 8 de outubro, data do embarque no navio Itaipu, para a viagem até Santos, no litoral de São Paulo. O governo do Pará já tinha providenciado o enterro em Belém, mas acabou aceitando o pedido da Câmara Municipal de Campinas e do governador de São Paulo, o campineiro Campos Salles, para que o corpo de Carlos Gomes fosse enterrado na sua terra natal. Antes do embarque no Itaipu, uma grande missa solene na Catedral da Sé de Belém, mais um patrimônio histórico da cidade que relembra a curta e intensa presença do artista na capital.
A Catedral Metropolitana de Belém, ou Igreja da Sé, teve sua construção concluída em 8 de setembro de 1771, depois de 23 anos de obras. A sua fachada tem estilo romano com imagens do Menino Jesus no colo da Virgem Maria, de Nossa Senhora da Conceição e do Bom Jesus da Cana Verde.
Pisos em mármore de Carrara foram colocados durante a reforma feita pelo bispo D.Macedo Costa, entre 1881 e 1892. O altar-mor é todo em mármore e alabastro, tendo sido construído na Itália pelo escultor Luca Carimini. O órgão da marca francesa Cavaillé-Coll foi fabricado nas oficinas de Paris. A inauguração do órgão até então inédito em catedrais brasileiras foi a 9 de setembro de 1882, com a presença dos músicos franceses Veerckamp e Moor. Foi no mesmo ano que Belém recebeu Carlos Gomes para mais uma série de apresentações de gala no Theatro da Paz. A Catedral da Sé foi considerada Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1941.
Legado de Carlos Gomes – O script dos dias finais de Carlos Gomes poderia deixar somente um vestígio de tristeza em Belém. Não foi o que aconteceu. Pelo contrário, o nome do maestro prossegue despertando, acima de tudo, orgulho e inspiração, reiterando o valor da arte em geral e da arte musical em particular para a alegria e o engrandecimento da vida.
A começar pelo Instituto Estadual Carlos Gomes (IECG), o atual nome do Conservatório que teve Carlos Gomes como seu primeiro diretor. Mantido pela Fundação Carlos Gomes (site aqui), o IECG é o principal centro de formação musical do Pará. Oferece cursos regulares de Musicalização, nos níveis Fundamental, Técnico e Superior (Bacharelado), além de cursos livres de Violão Popular, Cavaquinho e Teclado.
Em 1999, foi criado o Projeto Música e Cidadania (PMC), que possibilita aos alunos do IECG a experiência de educador musical, com o oferecimento de estágio remunerado ou bolsa de monitoria. Os alunos atuam então na expansão do ensino musical para várias regiões de Belém e do estado, através de convênios com organizações sociais. O PMC já atua em cinco polos, tendo como referências as organizações: Associação Filantrópica Icuí Solidário (AFIS), Lions Club de Benevides, Cidade de Emaús, Sociedade Beneficente Cristo Redentor e Associação Paraense das Pessoas com Deficiência (APPD).
Além dos cursos, o Instituto Estadual Carlos Gomes e a Fundação Carlos Gomes promovem intensa atividade cultural. Entre os dias 30 de outubro e 6 de novembro está promovendo, por exemplo, o 33º Festival de Música Brasileira, que sempre faz homenagem a um importante músico do país. Neste ano é reverenciado o regente e pianista Francisco Mignone.
“Pena que Carlos G0mes ficou pouco tempo entre nós, mas foi suficiente para sempre nos inspirar e iluminar, a sua obra é vida, é uma glória para o Brasil”, afirma o professor Humberto Valente Azulay, presidente da Academia Paraense de Música (APM). “Sempre é bom, é inspirador, lembrar do amor de Carlos Gomes pela arte, principalmente nos tempos atuais, em que a cultura vem sendo tão menosprezada”, completa Azulay, que é pianista formado pelo Instituto Estadual Carlos Gomes. Atualmente, a Academia Paraense de Música (site aqui) é a responsável pelo gerenciamento, produção, operacionalização e execução das atividades artísticas, culturais e sociais da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), criada em 1996, e da Amazônia Jazz Band (AJB).
A Universidade Estadual do Pará (UEPA) é outro espaço de difusão da música em Belém e no estado. No próximo dia 21 de novembro, o Curso de Licenciatura em Música da UEPA abre a Semana do Músico, em homenagem aos 130 anos de Villa-Lobos. A abertura será às 19 horas, no Teatro Margarida Schivazappa.
Continua vibrante, portanto, a atividade musical em Belém, sempre tendo a vida e obra de Carlos Gomes como ícones. “Carlos Gomes foi o grande instalador da cultura lírica na Região Norte do Brasil”, diz Gilberto Chaves, sintetizando o impacto da vida e obra do maestro e compositor na cena musical paraense e demais estados da região. As temporadas de 1880, 1882 e 1883, em que Carlos Gomes atuou como regente ou empresário, foram fundamentais para alavancar a cultura lírica no estado e na região, acredita Chaves, que também cita os músicos Paulino Lins de Vasconcellos Chaves, Meneleu Campos e, principalmente, Gama Malcher, como aqueles que deram sequência ao impulso proporcionado pelo Tonico de Campinas.
Paulino Chaves compôs uma “Marcha Fúnebre” por ocasião da morte de Carlos Gomes. Meneleu Campos nasceu em Belém em 1872 e, em 1891, abandonou o curso de Direito em Recife e viajou para a Itália, onde cursou regência, composição e várias outras áreas da música na mesma Milão que projetou Carlos Gomes. José Cândido da Gama Malcher foi grande amigo do Tonico de Campinas, tendo estudado no Conservatório de Milão e estado na estreia de “Maria Tudor” em 1879. Três anos depois, foi responsável pela ida de Carlos Gomes a Belém.
Para Gilberto Chaves, não dá portanto para falar em música, e particularmente, na música lírica, em Belém e no Norte sem a herança de Carlos Gomes. Ela continua presente, completa, em iniciativas como o Festival de Ópera do Theatro da Paz, que teve a sua décima sexta edição entre agosto e setembro deste ano. Gilberto Augusto Monteiro Chaves é o atual diretor artístico do Theatro da Paz é um dos principais nomes e entusiastas da cultura lírica paraense. Ele vê no Festival um resgate da euforia que Belém teve pela música lírica desde a inauguração do Theatro da Paz até cerca de 1912, quando se esgotou a economia do látex, responsável pela verdadeira “febre artística” que a capital vivenciou, sob o prestigio do nome Antônio Carlos Gomes.
Outro signo da presença de Carlos Gomes em Belém é a Academia Paraense de Letras, instalada na casa onde funcionou nos primeiros tempos o Conservatório de Música. Criada em 1900, é a terceira Academia do Brasil, depois da Academia Cearense de Letras e da Academia Brasileira de Letras.
São 40 membros, entre os mais representativos da literatura paraense. A sede da Academia é o endereço de muitos lançamentos de livros e outras atividades culturais de Belém e de todo o estado.
O historiador Jorge Alves de Lima também destaca, como elemento essencial da passagem de Carlos Gomes por Belém, o papel da Imprensa local. “De forma geral a imprensa esteve sempre muito solidária e atenta à situação de Carlos Gomes. Divulgou muito a sua obra e sua passagem pela cidade nas temporadas líricas e continuou atenta nos momentos finais da vida do maestro”, assinala.
Alves de Lima destaca o papel do jornalista Licínio Silva, de “A Província do Pará”, fundado em 25 de março de 1876 por Joaquim José de Assis e de propriedade de Antônio José de Lemos durante o auge da borracha. Lemos foi senador estadual e intendente de Belém e grande amigo de Carlos Gomes. O mesmo que Licínio Silva, que acompanhou os últimos momentos da vida do maestro e assinou artigos apaixonados sobre o artista.
Integrado ao grupo Diários Associados em 1947, “A Província do Pará” não circula mais, mas sua lembrança está no prédio do Instituto Estadual de Educação do Pará. O prédio foi inaugurado em 1904 para abrigar a sede do antigo jornal. Em 1926 passou a sediar a Escola Normal de Belém e por sete décadas foi responsável pela formação de professores. O prédio ainda abriga biblioteca e arquivos da extinta Escola Normal. O historiador Jorge Alves de Lima fez grande parte de sua pesquisa sobre a presença de Carlos Gomes em Belém nos arquivos de “A Província do Pará” e demais jornais da época, que estão no Arquivo Público do Estado do Pará.
Gratidão de Campinas – “Campinas e o Brasil devem muito a Belém, pelo carinho e acolhimento a Carlos Gomes”, diz o engenheiro Marino Ziggiatti. Ele foi presidente por 19 anos do Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), uma das principais instituições culturais de Campinas e aquela que mais cultua a memória do músico. O CCLA sedia o Museu Carlos Gomes, que reúne muitos objetos e documentos preciosos, como partituras originais de suas obras.
Um dos principais, senão o principal, item do acervo é o piano que pertencia a Carlos Gomes. “Foi mais um presente de Belém. O piano estava na cidade e em 1927 foi transferido para o Museu Carlos Gomes, a pedido do próprio CCLA”, lembra Ziggiatti.
“De fato Campinas sempre estará em débito com Belém e o Pará”, confirma o escritor e historiador Jorge Alves de Lima. Ele esclarece que o segundo volume da tetralogia sobre o maestro e compositor, “Carlos Gomes – Uma nova estrela” (Editora Deigo), lançado no último dia 19 de setembro no Theatro da Paz, e também grande parte do primeiro, “Carlos Gomes – Sou e sempre serei: O Tonico de Campinas”, são dedicados à presença do artista em Belém, nas temporadas líricas ou nos seus meses finais. “Sempre que se falava de Carlos Gomes em Belém, eram quatro ou cinco linhas. Mas o carinho da cidade com o Tonico de Campinas merecia muito mais. Merecia o reconhecimento do Brasil, pelo papel que Carlos Gomes teve na história do país”, conclui Alves de Lima, mergulhado na pesquisa para os próximos dois volumes. Os locais que fazem referência ao maestro em Belém continuam ecoando no coração do historiador e continuarão atuando como um permanente chamado ao turismo cultural/musical pela capital paraense.
Endereços em Belém:
Academia Paraense de Letras – Rua João Diogo, 235, Cidade Velha. Fone/Fax: (91) 3222-3784/3222-0630. E-mail: apl-pa@ig.com.br / apl@apl-pa.org.br.
Academia Paraense de Música – Rua da Paz S/N, Centro – Theatro da Paz, 3º andar, sala 01, Praça da República – Fone (91) 4009-8766 / 3222-4241
Catedral de Belém – Praça Dom Pedro II, s/n – Cidade Velha – Fone (91) 2121-3724
Fundação Carlos Gomes – Instituto Estadual Carlos Gomes – Av.Gentil Bittencourt, 909 -977 – Fones (91) 3201-9450 / 3201-9480
Instituto Estadual de Educação do Pará – Av. Serzedelo Corrêa, 2-24 – Nazaré
Theatro da Paz – Rua da Paz, s/n, Centro – Fone (91) 4009.8750