Em busca da harmonia perdida, no contexto da sociedade que valoriza a pressa, a razão instrumental, o consumismo exacerbado. Este conceito está no cerne da instalação Circuitos, do artista plástico Ricardo Cruzeiro, que permanece até esta sexta-feira, dia 19 de dezembro, na cidade de Caieiras, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), onde ficou por mais de um mês. Antes, Circuitos esteve em Arujá, também na RMSP, igualmente com o apoio do PROAC ICMS 2013 (segmento Artes Visuais).
A instalação do sempre inquieto e irreverente Cruzeiro questiona, instiga, mas também sugere caminhos para o resgate da harmonia perdida. Seria a colaboração, a conversa, a tentativa de equilíbrio, entre os três polos cognitivos da humanidade, o Instinto, a Emoção e a Razão. Quando um predomina, é a própria civilização que entra em xeque. Para muitos autores e artistas, a escalada de fundamentalismos, da intolerância, em várias partes do mundo, tem tudo a ver com essa crise, com essa queda, com o desequilíbrio entre esses três centros motores da vida.
Em sua instalação, que remete às placas de circuito impresso da computação, a grande referência cultural, econômica e política da sociedade contemporânea, o artista plástico que vive em Campinas recupera a contribuição de várias matrizes civilizatórias, de diversos pensadores-chave, para lembrar que a harmonia é possível. Por estes circuitos, iluminados pelas bases filosóficas, estéticas e culturais das civilizações ocidental e oriental, é possível aspirar à harmonia.
Um quarto elemento está muito presente em Circuitos. É o sentido da transcendência. O ser humano sempre deve buscar algo mais, um sentido, uma justificação para a vida. É por tudo isso que Circuitos mexe, sacode paradigmas. É por tudo isso que, quando se vê, se sente, se pensa, uma obra de Ricardo Cruzeiro, fica aquele gosto de quero mais!
Circuitos, que está montado em uma tenda no final da Avenida dos Estudantes, em Caieiras, tem curadoria assinada por Ângela Âncora da Luz, Historiadora e Crítica de Arte, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte, Professora de Teoria da Arte da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela integra o Comitê Brasileiro da Arte, Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, e também é membro da Associação Internacional de Críticos de Arte. (Por José Pedro Martins)