Estamos há um mês em distanciamento social, a quarentena do Covid-19. É uma Páscoa tão atípica que ficará na lembrança para sempre e nossos filhos contarão sobre ela para os nossos netos e bisnetos.
Um mês de quarentena. Tantas mudanças em nossas vidas. Estamos em casa, cuidamos de nossos pais idosos, eles na casa deles, dependendo de nossa saúde para a saúde deles, conversamos com amigos e familiares através da internet.
Há um mês havia resistência, medo e ansiedade, mas um pouco de excitamento pelo novo da situação. Os dias pareciam domingos, mas aos poucos voltavam a ter movimento. As noites não eram silenciosas. Pessoas conversavam, carros passavam tocando música, essa era uma das formas da resistência. Vizinhos davam festas, trabalhadores conversavam alto nas ruas.
Aos poucos esses sons foram mudando e, à medida em que os noticiários nos atualizavam dos números, as pessoas se aquietaram. Fique em casa! As pessoas ficavam. Aprendemos a encomendar a comida na mercearia local, no açougue local, todos que entregassem. As ruas tornaram-se território de bicicletas e motocicletas com condutores e baús e mochilas do laranja ao vermelho. Fazendo barulho. E a pergunta nossa foi: eles não estão com medo? A pergunta dos revoltados foi: a vida deles vale menos que a sua? No princípio não queríamos, mas aos poucos fomos nos acostumando a pedir entrega em domicílio, delivery.
Nessa nova realidade ou Surrealidade, Uma vida cotidiana com um toque surreal, fomos nos acostumando com tantas coisas novas, criando uma rotina que nos permitisse manter a sanidade no meio do caos de não saber como será amanhã, mesmo sabendo que será igual a hoje.
Esperamos que tudo volte ao normal. Mas não haverá um normal. O normal será algo novo e iremos nos adaptar a isso também. Pois tudo passa.
Como estaremos e como seremos dentro de um ano? O que você descobriu sobre você mesmo nesse primeiro mês de quarentena social? O que anseia fazer quando as portas das ruas novamente se abrirem? O que terá mudado?
Desenhe, escreva, cante, faça um bordado. Deixe crescer a massa madre, o levain, a fermentação natural para o seu pão caseiro.
Lembremo-nos de que Páscoa, em qualquer sociedade, religiosa ou pagã, é símbolo de renascimento, de um novo começo. Pois todo fim de era marca o começo de uma nova.
Todo fim é recomeço!