Por Eduardo Gregori
O que estou a vivenciar durante esta pandemia causada pelo coronavírus me faz lembrar dos episódios do seriado MacGyver. Para quem não se lembra, o mais famoso agente secreto da TV nos anos 80 transformava coisas simples em soluções para problemas ultramodernos.
Pois é isso que está a acontecer em Portugal em pleno 2020. O governo resgatou a Telescola, método de aprendizado à distância utilizado no país entre 1955 e 1987. Era a forma de atingir a população estudantil nas mais distantes aldeias e também um reforço para vivia nas cidades com escolas regulares.
A princípio o governo pensou em fazer transmissões pela internet. Foram feitas muitas campanhas para doação de computadores para alunos carentes, mas o governo percebeu que ainda em regiões remotas de Portugal não adianta ter um computador sem uma boa conexão à rede.
Desta percepção a ideia de ressuscitar a Telescola foi ganhando força e vai ser ela a responsável para que estudantes não percam o ano letivo de 2020. A Telescola passa a ser retransmitida já nas próximas semanas pelo canal Memória da Rádio e Televisão de Portugal (RTP), a emissora do governo.
A grade foi divulgada é é uma boa oportunidade até para pessoas como eu que querem aprender outras línguas, por exemplo. Entre as disciplinas, alemão, inglês, espanhol e francês. Já anotei na agenda o espanhol, para dar um reforço no vocabulário e quero ver se começo francês.
Mas nem só a TV tem ajudado nesta crise. Eu trabalho 4 dias por semana, então meu maior companheiro neste tempo é o rádio. Como meu foco tem de estar 100% voltado para a tela do computador, não posso estar a ver outras coisas ao mesmo tempo.
Redescobri o prazer de ouvir rádio, algo que já havia deixado de fazer há algum tempo. Hoje tudo parece tão mais fácil e prático no computador. Então, desde às 16h até a 1h da manhã ligo o rádio e vou acompanhando a evolução da tarde até a noite: notícias do trânsito em Lisboa, notícias da evolução do vírus em Portugal e, no meio disso, música portuguesa, brasileira e de muitos lugares do mundo.
O que mais gosto nas rádios de Portugal é que elas não tem barreiras de idioma. No Brasil, por exemplo, é raro escutar algo em espanhol ou italiano. Se não é em português, é em inglês. Aqui não, escutamos espanhol, italiano, francês, entre outros. E não apenas fado, mas o pop, o funaná de Cabo Verde e a kizomba de Angola.
O rádio tem aberto meu horizonte cultural e musical. Rádio e televisão serão meus companheiros por muito tempo. Ontem o governo decretou a continuidade do estado de emergência e, por isso, apenas em maio talvez, conseguiremos gradativamente começar os primeiros passos na volta do que entendemos como uma vida normal. Enquanto não chegamos la, fico aqui coladinho com meus novos velhos amigos.
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