Por José Pedro Soares Martins
Nesta terça-feira, 18 de outubro, Campinas sedia o lançamento do Movimento Educação Sempre, iniciativa da Fundação Educar DPaschoal e Fundação FEAC, em parceria com Secretaria Municipal da Educação e Secretaria de Estado da Educação, Diretorias de Ensino Leste e Oeste. O evento marca a renovação do compromisso histórico da Fundação Educar e FEAC com iniciativas voltadas para a melhoria da qualidade de ensino em Campinas, no momento em que ainda provocam reflexão e inquietação os graves impactos da pandemia de Covid-19 no sistema educacional em todo país.
O Movimento Educação Sempre será lançado em evento no Shopping Iguatemi Campinas, a partir das 18 horas, com recepção aos convidados no terceiro piso do Shopping. Às 19 horas acontece a abertura oficial, com a apresentação do Comitê de Governança, integrado por representantes das organizações envolvidas no Movimento e apoiadoras. Também serão apresentados os Grupos de Trabalho criados para viabilizar as ações.
Após a apresentação de um vídeo institucional, acontecerá uma conversa sobre educação mediada pela jornalista Edlaine Garcia. Participam como convidadas Debora Jeffrey, professora livre docente da Unicamp; Telma Vinha, também professora na Unicamp: e a jornalista Cláudia Werneck, fundadora da ONG Escola de Gente – Comunicação em Inclusão. O evento será encerrado às 21 horas, quando estará lançado então o Movimento Educação Sempre, iniciativa pensada para implementar várias ações visando a qualificação do ensino em Campinas e região.
Link do formulário para inscrição: https://forms.office.com/pages/responsepage.aspx?id=498P1MwLx0mBxH-7-5gQZV5mfSjWZ2dMuZ-DW4g0rBNUMUNFMEdGOTc1QzZITUU5WFZHNDY4TDVHTC4u
Impactos da pandemia
De fato, o Movimento Educação Sempre é lançado em um momento crítico, caracterizado pelos fortes impactos da pandemia de Covid-19 em todo o sistema educacional brasileiro, mas sobretudo na esfera do ensino fundamental. Impactos derivados do cancelamento de aulas e demais atividades presenciais, pela ausência de recursos igualitários para o devido acompanhamento do ensino remoto, entre outros fatores, mas também por equívocos na implementação de políticas públicas.
Por exemplo, o Movimento Todos pela Educação revelou que, entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos de idade que, segundo seus responsáveis, não sabiam ler e escrever. O número passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021, de acordo com o Todos pela Educação, na Nota Técnica “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças“.
A mesma Nota Técnica evidenciou que os impactos da pandemia reforçaram a distância entre crianças brancas e crianças pretas e pardas em termos de alfabetização. Os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever passaram de 28,8% e 28,2% em 2019 para 47,4% e 44,5% em 2021, enquanto nas crianças brancas o aumento foi de 20,3% para 35,1% no mesmo período.
Do mesmo modo, analisando a PNAD Contínua, o Todos pela Educação mostrou em dezembro de 2021 que 244 mil crianças e jovens entre 6 e 14 anos não estavam matriculados. Número correspondendo a 1% do total desta faixa etária, sendo a maior taxa observada nos últimos seis anos.
Cortes de verbas federais para a educação também são forte motivo de preocupação. O mesmo Todos pela Educação revelou, no dia 10 de agosto de 2022, que a educação básica tinha se tornado o “principal alvo do mais recente bloqueio no orçamento do Ministério da Educação (MEC)”. Dos R$ 2,091 bilhões bloqueados (posição SIAFI em 5 de agosto de 2022), 98% incidiam sobre a Educação Básica (R$ 2,042 bilhões), enquanto R$ 48,308 milhões correspondem ao Ensino Superior, notou o Todos pela Educação, que completou: “O Decreto nº 11.154/2022, publicado em 29 de julho, impõe bloqueio orçamentário total de R$ 6,7 bilhões a diversos Ministérios para cumprir a Emenda Constitucional nº 95/2016, o chamado “Teto de Gastos”.
Compromisso histórico
Estes são alguns dos ingredientes da conjuntura nacional da educação, no momento em que é lançado o Movimento Educação Sempre. Uma iniciativa que marca a renovação do compromisso da Fundação FEAC e Fundação Educar DPaschoal com ações visando a radical melhoria dos índices educacionais em Campinas, cidade que é reconhecido polo de ciência e tecnologia mas que mantém superlativos desafios na área da educação básica.
A Fundação Educar DPaschoal nasce em 1989, justamente com o propósito de contribuir com a qualificação do sistema educacional. Em 1995 a Fundação FEAC lidera a criação da Aliança de Campinas pela Educação, que gera várias ações de impacto na cidade no setor. Em 2007, FEAC e Fundação Educar estavam juntas, no lançamento do Compromisso Campinas pela Educação, célula local do Movimento Todos pela Educação e que também resultou em várias ações pela melhoria dos indicadores educacionais locais, como o Observatório da Educação de Campinas, de 2013. FEAC e Fundação Educar têm estado juntas, igualmente, na organização das Semanas da Educação de Campinas, momentos especiais de reflexão sobre a conjuntura educacional local.
Todas essas ações têm contado com o apoio da sociedade civil e poder público de Campinas, além dos meios de comunicação e de empresas como o próprio Shopping Iguatemi, Grupo DPaschoal e Graber. A expectativa é que o Movimento Educação Sempre siga na mesma linha, de agregação de forças para a superação do maior desafio do Brasil contemporâneo, a efetiva construção de um sistema educacional democrático e de qualidade, como pilar fundamental de uma sociedade justa, fraterna, livre e de integral respeito à cidadania de todos.