Em dezembro de 2010 um jovem tunisiano, Mohamed Bouazizi, ateou fogo ao próprio corpo para denunciar a situação social em seu país e, ao mesmo tempo, acendeu a fogueira de um grande movimento que acabou sendo conhecido como Primavera Árabe. Com o impulso das redes sociais, a mobilização começou na Tunísia e rapidamente se espalhou por Argélia, Jordânia, Egito e Iêmen, entre outros países. Pois justamente um dos focos da Primavera Árabe, a Universidade El Manar, em Tunis, sedia a partir desta quarta-feira, 24 de março, mais uma edição do Fórum Social Mundial, com marcante participação do Brasil, o país onde a iniciativa emergiu, em Porto Alegre.
O Fórum Social Mundial de 2015 foi antecedido com um atentado terrorista, no dia 18 de março, poucos dias portanto antes da chegada de mais de 60 mil ativistas de dezenas de países. Por isso a marcha que abriu o Fórum, nesta terça-feira, foi marcada por várias manifestações contra o terrorismo.
A participação brasileira é importante até na cobertura alternativa do evento. Metade dos cerca de 40 jornalistas, midialivristas e comunicadores populares que fazem a cobertura compartilhada do Fórum é de brasileiros. São integrantes de organizações como Mídia Ninja, Ibase, Ciranda, Barão de Itararé e Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) estão integrados nas reportagens multimídia sobre todos o Fórum.
Os brasileiros estiveram presentes, por exemplo, no Fórum Mundial de Mídia Livre, que começou já no domingo, dia 22 de março, com a presença de 300 comunicadores. Esta é a quarta edição do Fórum Mundial de Mídia Livre, que procura articular as ações internacionais de comunicação fora dos esquemas tradicionais da mídia comercial.
Participação brasileira – A delegação brasileira na Tunísia conta com mais de 140 pessoas, de cerca de 100 organizações. Foi montada em Tunis a Casa Brasil, para abrigar vários eventos.
A participação do Brasil já começou intensa nesta quarta-feira, na conversa sobre a luta palestina e nos Diálogos sobre Participação Social. Nestes Diálogos, a delegação brasileira conversou com a representante do governo, a ministra Ideli Salvatti, sobre os temas que os movimentos sociais do Brasil levaram ao Fórum, como reflexo do que estão defendendo no âmbito nacional. A conversa teve a presença do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, um dos ícones do movimento alternativo global.
Ainda hoje, o Movimento Passe Livre – cujas bandeiras estiveram na gênese das manifestações de junho de 2013 – participou do debate sobre “Democracias: novas estratégias de participação popular para o empoderamento da sociedade civil”. O ex-prefeito de Porto Alegre, Olívio Dutra, também esteve presente.
Mais participação brasileira no debate seguinte, sobre “Sociedade civil global e agenda de desenvolvimento pós 2015″. Participaram Cláudio Mascarenhas (Instituto Gérmen), Sérgio Andrade (Agenda Pública) e Marcos Sorrentino, do Movimento Ecosocialismo ou Barbárie. A coordenação desse debate foi da brasileira Maíra Vannuchi, da Abong.
Nesta quinta-feira, a atividade “A sociedade civil e os princípios em disputa por uma internet livre”, dentro, do Fórum Mundial de Mídia Livre, tem a coordenação de Rita Freire (Ciranda) e Beatriz Barbosa (Intervozes), ambas do Brasil. Também amanhã, a discussão sobre “Enfrentamento ao racismo, xenofobia e ações de reparação” terá a participação de Jurema Werneck, da ong Criola.
Na sexta-feira, continuará a participação brasileira. O Fórum Social Mundial de 2015 termina no sábado, dia 18, com marcha de encerramento e atividades culturais.