Nesta segunda-feira, dia 26 de outubro, começa o 8º Fórum Internacional de Educação da Região Metropolitana de Campinas (RMC). O evento acontece até na terça-feira, dia 27, no Expo D.Pedro. Um dos destaques será a presença, na tarde de amanhã, do filósofo e educador colombiano Bernardo Toro, um dos grandes defensores da mudança de paradigmas na educação praticada na América Latina.
É a segunda vez, em menos de um ano, que Bernardo Toro estará em Campinas. Convidado pela Fundação FEAC, ele foi o conferencista na abertura da 5ª Semana da Educação de Campinas, dia 03 de novembro de 2014, no Teatro Brasil Kirin do Shopping Iguatemi Campinas.
Em sua conferência, Bernardo Toro deixou claro que o Brasil “tem enorme responsabilidade em termos de educação porque ele dá exemplo para toda América Latina”. Ele reiterou, então, a defesa da mudanças de paradigmas, para que a educação tenha melhor qualidade no país e no continente. “Se não mudamos paradigmas, não mudamos nossas percepções e sentimentos e, com isso, a educação e nada muda”, observou.
São quatro principais paradigmas que, na sua opinião, devem ser modificados na área educacional no cenário latinoamericano. Em primeiro lugar, “não é possível aceitar como normal a existência de dois sistemas educativos de diferente qualidade, um estatal e um privado”. “É preciso mudar o desenho da educação, no sentido de uma verdadeira educação pública, senão os esforços de uma educação de qualidade para todos não serão viáveis”, advertiu o colombiano, para quem a educação deve ser vista, então, como “um bem público”.
Um segundo paradigma a ser modificado é o de “definir o educador como docente”. Para Toro, “a educação inclusiva requer uma nova definição de educador, como profissionais da aprendizagem, e que prestem contas à sociedade sobre seu trabalho”. A docência, destacou, é “apenas uma estratégia profissional (como a consulta para o médico), mas não define a profissão”. A profissão do educador, completou, “é garantir que cada geração de crianças e jovens aprendam o que têm para aprender no momento que têm para aprender e que aprendam com felicidade e solidariedade”.
Dar prevalência às abordagens pedagógicas de natureza frontal e magistral é o terceiro paradigma a ser transformado, frisou Bernardo Toro. Para ele, “ a educação inclusiva pede que os enfoques pedagógicos dos sistemas educativos passem dos modelos pedagógicos frontais e magistrais para modelos de aprendizagem colaborativa e cooperativa em grupo”. E o quarto paradigma a ser superado, acrescentou, é aquele que considera “a valorização da inteligência como um bem privado, individual e que tem supremacia sobre os outros”.
O filósofo e educador colombiano, um dos mais respeitados nomes na Educação na América Latina, entende que “uma educação inclusiva supõe renunciar ao princípio guerreiro da inteligência como força intelectual para passar ao altruísmo cognitivo”. E o altruísmo cognitivo, concluiu, “supõe entender o cuidado do intelecto sob condições de aceitação da debilidade e a cooperação humana”.
Sete competências - Uma das mais contribuições mais citadas de Toro na área da educação é o conjunto de sete competências que, segundo ele, são fundamentais para o desenvolvimento integral das crianças no século 21. Ele as batizou de Códigos da Modernidade, que são estes:
- Domínio da leitura e da escrita;
- Capacidade de fazer cálculos e resolver problemas;
- Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações;
- Capacidade de compreender e atuar em seu entorno social;
- Receber criticamente os meios de comunicação;
- Capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada;
- Capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo.
Bernardo Toro é decano da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica Javeriana, em Bogotá, Colômbia. Entre outros livros, é autor de “A construção do público: cidadania, democracia e participação”, “Educação, Conhecimento e Mobilização” e “Fala Mestre: Precisamos de Cidadãos do Mundo”.
O educador é vice-presidente da Fundação Social, voltada para o combate à pobreza na Colômbia, e presidente da Confederação Colombiana de ONGs. Trabalhou como consultor de reformas educativas no Chile e em Minas Gerais, em colaboração com Antônio Carlos Gomes da Costa.