Nos últimos dias o Ministério da Saúde anunciou várias ações beneficiando municípios do Norte, Nordeste e Minas Gerais, como abertura de novos cursos de Medicina e liberação de recursos para combate à desnutrição infantil. Foram anunciados cursos de Medicina para Poços de Caldas e Passos, no Sul de Minas Gerais, e em Vitória da Conquista e Juazeiro, na Bahia, como parte do conjunto de medidas estruturantes relacionadas ao Programa Mais Médicos.
Segundo o Ministério da Saúde, as medidas relacionadas à expansão e reestruturação da formação médica no país estipulam a criação, até 2017, de 11,5 mil novas vagas de graduação em medicina e 12,4 mil de residência médica, com o foco na valorização da Atenção Básica e outras áreas prioritárias para o SUS.
Foram liberados, também, R$ 12 milhões para ações de combate à desnutrição infantil, sendo beneficiados 216 municípios de pequeno porte, a maioria dos quais no Norte e Nordeste e com menos de 20 mil habitantes, onde ainda mais de 10% das crianças menores de cinco anos estão abaixo do peso ideal para a idade. Segundo o Ministério, esta é a terceira parcela enviada às cidades que aderiram à Agenda para Intensificação da Atenção Nutricional à Desnutrição Infantil (ANDI), totalizando R$ 36 milhões. Municípios de Minas Gerais, Tocantins e
Segundo a pesquisa “Evolução temporal do estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família”, dos Ministérios da Saúde e de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, no ano de 2008 um contingente de 17,5% das crianças entre zero e cinco anos analisadas estavam abaixo da estatura indicada para a idade. Após quatro anos o índice desse mesmo grupo etário caiu para 8,5%, em função de cuidados dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e ações comunitárias.
Em 2008, os meninos de cinco anos de idade mediam 107,8 cm, e, em 2012, alcançaram 108,6 cm. Já as meninas passaram de 107,2 cm para 107,9 cm. Neste estudo, foram analisadas 362 mil crianças beneficiadas pelo programa por cinco anos consecutivos, entre 2008 e 2012.
Os Programas Mais Médicos e Bolsa Família têm sido utilizados como trunfo na campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Em maio de 2013, a revista científica britânica The Lancet publicou artigo indicando que o Bolsa Família, somado à expansão da estratégia Saúde da Família, contribuiu para a redução em 19,4% da mortalidade de crianças até cinco anos. A redução foi ainda mais significativa quando se considerou a mortalidade por causas específicas, como desnutrição (65%) e diarreia (53%).
O estudo foi cooordenado por Davide Rasella, mestre em saúde comunitária e doutor em saúde pública pela UFBA, como parte do seu programa de doutorado, e contou com a colaboração de diversos pesquisadores, entre eles Romulo Paes-Sousa, PhD em epidemiologia ambiental pela Universidade de Londres, coordenador do Centro Rio+ para o Desenvolvimento Sustentável, uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o governo brasileiro, e pesquisador associado do Institute of Development Studies, University of Sussex, Brighton, na Grã-Bretanha.