Um rio que fornece as bases culturais e sociais de uma das regiões mais importantes no Brasil. A guerra e seus impactos, seus dramas e angústias. Dois cenários distintos, vida e morte, a beleza e o horror. A humanidade/biosfera e suas contradições, em duas exposições no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC), até o dia 25 de setembro.
A coletiva “Cinco olhares para a orla de Guaíba” mostra o registro das incursões das cinco integrantes de um coletivo de artistas gaúchas ao longo da orla do rio Guaíba, na cidade do mesmo nome, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Na mostra coletiva, as artistas constroem uma poética visual considerando a paisagem e o percurso como força condutora da prática artística. Cada participante do grupo gerou obras muito particulares, produzindo uma diversidade de trabalhos em técnicas variadas, como desenhos, fotografias, livros de artista, vídeos, instalações, objetos, postais, entre outras.
As artistas tiveram como inspiração as caminhas que fizeram às margens do rio Guaíba, desde o Terminal Hidroviári0 Catsul, onde desembarcaram, até as ruínas do Frigorífico São Geraldo. No trajeto, o registro de cenas, percepções, sentimentos, materializados nas respectivas obras.
Em “O que rola na orla”, Sandra Fraga expõe as fotos produzidas a partir das paisagens naturais e culturais, envolvendo visitantes, moradores, comerciantes, espaços emblemáticos, além de eventos ocorridos na cidade. A vida pulsando a partir das margens do rio Guaíba.
Por sua vez, Mara Caruso compôs um banco de 30 imagens da flora e da fauna da região e as expôs em um grupo que denominou “Tecendo cartografias”. Recolhendo pedras, plantas, galhos e outros objetos, desenhou, filmou e catalogou significados, propondo novas formas de olhar o cenário do rio.
“Memórias do Matadouro” é a instalação concebida e executada por Valquíria Muniz. Ela fez uma ampla pesquisa sobre o antigo Matadouro Municipal e encontrou fotos de época, o que a motivou a produzir registros fotográficos atuais, em portarretratos digitais, no interior de uma máquina-caixote (lambe-lambe), de modo que a situação remetesse ao passado e à memória de muitas pessoas.
Já Leci Bohn realizou a sua “Natureza Animada” com imagens de pássaros encontrados na orla do Guaíba. Ela as produziu após ouvir os sons, ver fotos e outras imagens e contemplar os próprios pássaros, ao vivo.
Estelita Branco é a quinta artista do coletivo responsável pela mostra no MACC, que coordenou ao lado de Mara Caruso. Uma foto de satélite, logo na entrada da primeira sala onde está a exposição, mostra toda a orla do Guaíba, o que possibilita a inserção do visitante no cenário visitado e reinterpretado pelas cinco artistas.
A vida proporcionada por um rio, e na outra sala do MACC, a morte documentada na exposição do artista paulistano Diego Castro. Ele apresenta a individual “E=mc²”, reunindo cerca de 20 pinturas, fotografias, seis conjuntos escultóricos e uma instalação. A maioria é de produção inédita.
A pesquisa tem como foco as guerras e conflitos atuais e as maneiras como circulam as informações de imagens acerca destes eventos. O artista trabalha a partir de fotografias apropriadas e as transforma em objetos ou pinturas que alteram o significado original da imagem.
O grande dilema da existência, o fio tênue entre vida e morte, em duas exposições no Museu de Arte Contemporânea de Campinas. Tudo é muito relativo, como indica o nome do trabalho de Diego Castro. Exposições que foram selecionadas no edital do MACC para 2016. O Museu da rua Benjamin Constant, 1633, está promovendo uma arte viva e instigante. A visitação acontece de terça a sábado, das 10 às 18 horas. Às quintas, das 10 às 22 horas. E aos domingos e feriados, das 11 às 15 horas. O MACC fecha às segundas. A entrada é gratuita.