Indignação, protagonismo e convicção de que a atuação em conjunto é mais eficiente. Estes são alguns dos fatores que levaram um conjunto de entidades e instituições de Campinas à decisão de criar, nesta semana, uma federação com o propósito de unificação de esforços e de construção, a médio e longo prazo, de um projeto cultural para a cidade. A curto prazo, a grande bandeira da Federação Metropolitana Cultural de Campinas (FEMECC), nome provisório da instituição, é a garantia da construção de um teatro de ópera, à altura do porte da cidade. Naturalmente a recente decisão da Prefeitura, de desistir da construção de teatro projetado para o Parque Ecológico Mons.Emilio José Salim, é o fator que tem provocado especial insatisfação nos setores culturais locais.
Estão envolvidas nas conversas pela criação de uma federação cultural algumas das mais importantes organizações culturais da cidade: Academia Campineira de Letras e Artes (ACLA), Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), Associação Brasileira “Carlos Gomes” de Artistas Líricos (ABAL), Academia Campineira de Letras, Ciências e Artes das Forças Armadas, Academia Campinense de Letras, Academia Campinense Maçônica de Letras, Associação 21 Irmãos Amigos, Associação dos Funcionários Públicos de Campinas, Associação Falando de Arte, Associação Reconvivência de Campinas, Casa do Poeta de Campinas, Centro Campineiro de Arte e Folclore, Centro de Poesia e Arte de Campinas, Conservatório Carlos Gomes, Convention Bureau, Fitel – Fundação Instituto Tecnológico de Logística, Fórum Municipal de Cultura de Campinas, Instituto Cultural Guilherme de Almeida, Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas, Instituto Muda Campinas, Institutos de Cultura Artística do Estado de São Paulo e Rotary Club Carlos Gomes.
A lista não é definitiva. Outras organizações estão em fase de adesão. Os envolvidos ainda estão estudando o melhor formato jurídico e institucional, mas a decisão é de estruturação de uma federação de porte metropolitano, abrangendo um amplo leque de grupos artísticos e culturais.
“A ideia central é contribuir com um plano voltado para a evolução civilizatória em Campinas”, diz Sergio Caponi, presidente da ACLA e um dos mais entusiasmados com a iniciativa. “Temos assistido a barbaridades, como a demolição de dois teatros no centro, e continuamos sem um espaço adequado”, diz Caponi, lembrando a demolição do Teatro São Carlos (1922, em pleno ano da Semana de Arte Moderna) e do Teatro Municipal Carlos Gomes (1965) e citando a degradação do teatro interno e de arena do Centro de Convivência Cultural, no Cambuí.
Recentemente, a decisão da Prefeitura, de não mais construir o teatro de ópera projetado para o Parque Ecológico, foi recebida como um novo duro golpe pelo conjunto de entidades culturais campineiras. Segundo Sergio Caponi, as causas dessa decisão ainda não ficaram claras para a cidade.
O teatro de ópera seria construído com recursos do governo estadual, conforme convênio que chegou a ser assinado entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Jonas Donizette. A assinatura aconteceu no dia 28 de fevereiro de 2014. O projeto previa que o teatro tivesse 1.230 lugares e pudesse abrigar até 300 espetáculos por ano.
A previsão era de destinação de R$ 80 milhões para implantação do equipamento. O projeto inicial do teatro que receberia o nome de Carlos Gomes, em homenagem à grande expressão cultural de Campinas, levou a assinatura do arquiteto Carlos Bratke e estava previsto originalmente para edificação no Swiss Park. Recebeu então adaptações para a instalação no Parque Ecológico.
À manifestação do prefeito de que a cidade desejava abreviar o tempo previsto para a construção, o governador pediu para “correr com a obra este ano e se for necessário fará a complementação dos recursos para que vá mais depressa”.
No final de 2016, Jonas Donizette anunciou que estava desistindo da construção do teatro de ópera e disse que negociaria com o governador Alckmin a destinação dos R$ 80 milhões para a reforma do Centro de Convivência, Teatro do Bosque e Centro Cultural Maria Monteiro, com o remanejamento de parte da verba para a área da saúde. Em entrevista para a jornalista Maria Teresa Costa, no “Correio Popular”, Jonas citou a crise econômica e social e os problemas com a licitação entre os motivos para a desistência do teatro de ópera. A licitação foi suspensa em quatro oportunidades.
A notícia caiu como uma bomba nos meios culturais locais. Vários artistas se manifestaram e foi crescendo a discussão, até a decisão de um grupo de entidades culturais pela criação de uma federação, com a luta pelo teatro de ópera como um dos pontos principais da agenda.
“Respeitamos as razões do prefeito mas entendemos que Campinas não pode abdicar mais do teatro de ópera”, afirma Sérgio Caponi. Ele lembra que entregou pessoalmente ao governador Alckmin, alguns anos atrás, abaixo-assinado reivindicando um teatro para a cidade.
Mas o propósito da federação é de fato mais amplo, ressalta o presidente da ACLA. “Precisamos de um projeto cultural à altura da Campinas de porte metropolitano, que já foi referência nacional e não é mais”, diz Caponi. Uma das ideias em discussão, adianta ele, é a longo prazo transformar a federação em uma fundação pública, mas sem a ingerência da política partidária.
Em artigo publicado ontem, dia 25 de janeiro, pela Agência Social de Notícias, sobre o cenário cultural local, a antropóloga Regina Márcia Moura Tavares comentou: “Estamos em tempo de fusões de todo tipo num mundo global, buscando a sobrevivência dos valores que presamos. Por que não se unirem todas as entidades culturais de Campinas numa Federação, ou em outro modelo jurídico adequado, visando melhorar suas performances e alcançar suas metas?”
Na terça-feira, dia 24, a ASN publicou entrevista com o novo presidente do Fórum Municipal de Cultura, Marcos Garcia. Ele defendeu a tese de que Campinas “sofre de desnutrição cultural”. (Por José Pedro Martins)
Legal esse pessoal se unir para dar uma chacoalhada no cenário cultural de Campinas que anda bem pobre. Mas esqueçam o poder público. O cancelamento da verba do Estado aconteceu porque não há dinheiro. O papo de que vai aplicar no CCC é pra boi dormir. Se o dinheiro do Estado chegar, desaparece em segundos. A Prefeitura não está pagando nem salários em dia, está atrasando pagamentos a fornecedores em até 6 meses, a arrecadação diminuiu e administrar bem o erário não é o forte da turminha do Jonas. Juntem as entidades e façam campanha junto a grandes empresas que têm sede ou grandes plantas por aqui e tentem, pelo menos, arranjar grana para reabrir decentemente o CCC. Teatro de Ópera é pra cidade que atende bem os contribuintes na segurança, no trânsito, no transporte, na saúde, na educação…
O Fórum Municipal de Cultural de Campinas não integra a FEMECC
A informação está errada.
Talvez tenham lhe passado isso, mas não procede
Jonas e Alckmin – PSDB, nunca priorizaram as políticas de cultura em seus governos. Não nos iludamos! O anúncio do teatro em 2014 serviu e continuará servindo ao jogo eleitoreiro dessa turma. Tanto é assim, que nem quiseram ouvir as demandas culturais da cidade e seguem ignorando a participação popular. Anunciam e cancelam “coisas” conforme seus próprios interesses.