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LISBOICES: A portuguesa loira mais amada
"Para um país conhecido internacionalmente por seu excepcional vinho, Portugal, pelo menos para o consumo local, é para mim, o país da cerveja" (Foto Divulgação)

LISBOICES: A portuguesa loira mais amada

Por Eduardo Gregori

Dizem que Portugal é o Chile europeu no que diz respeito ao vinho. É verdade que aqui há muitos rótulos e tipos. Seja do tradicional vinho verde, do internacionalmente conhecido vinho do Porto e até mesmo os mais jovens, como os produzidos na Margem Sul to Tejo. Ou o encorpado vinho feito ao longo das águas do Rio Douro.

Mas Portugal poderia ser conhecido também como a Terra da Cerveja. É incrível como a bebida faz parte da vida do português. E não é como no Brasil, em que cerveja tem mais a ver com calor e final de semana. Aqui a cerveja acompanha muitos momentos durante o dia e a semana.

Muitas vezes peguei o barco do Barreiro para Lisboa logo cedo. No bar, sempre pedia uma meia de leite, que no Brasil é um pingado, ou um café com uma pinga de leite. Olho para o lado e muitos tomam cerveja. Aquilo me soa estranho, mas quando me mudo para Almada, percebo que é um costume, pois vejo a mesma cena, desta vez no terminal do metro, em Cacilhas.

No prédio onde vivo há um café no térreo. Posso descer às 8h da manhã ou às 8h da noite e sempre vai ter alguém numa mesa a beber cerveja, mesmo quando a chuva e o frio estão congelando o esqueleto.

Vou almoçar com um amigo de trabalho. A bebida está incluída no cardápio e eu peço um ice tea, enquanto ele pede o que? Uma cerveja. Acho estranho porque tomar álcool durante o expediente é uma coisa impensável para mim.  Olho para a mesa ao lado e vejo que a maioria está tomando o mesmo, uma boa loiruda! E o mesmo se repete quanto estou a trabalhar no turno da noite.

Sigo para casa no fim da tarde. No barco vejo de tudo, da senhora que abre uma garrafa do tipo caçula a um homem de meia idade agarrado a um litrão. Agora o verão acabou, mas na praia, a cerveja era uma unanimidade e agora no inverno, só muda da areia para a mesa do bar e para todos os outros lugares onde estão seus apreciadores.

E se os bares fecham às 3h da manhã e as pessoas querem seguir bebendo, então dê uma passada pela Ribeira das Naus, principalmente no verão. Muitos jovens se agrupam nas margens do Tejo para jogar conversa fora e bebericar até de manhã. Quantas vezes não encontrei pelo caminho gente ainda às 6h da manhã olhando o movimento dos barcos e na mão uma loira.

Não gosto de cerveja mas sei por outros brasileiros que o sabor das cervejas que vendem aqui não é lá muito agradável, pelo menos ao paladar latino. E não há muitas marcas. O país é dominado, principalmente por duas grandes marcas. O hábito aqui também não exige que seja servida estupidamente gelada. Quase um sacrilégio para quem é do Brasil.

O mais estranho nisso tudo é que raramente vejo pessoas tomando vinho fora de um ambiente como um wine bar ou um restaurante. E olha que nos barcos e nos bares é possível encontrar vinho em garrafinhas daquelas que servem nos aviões, É como se fossem to tamanho de uma taça.

Para um país conhecido internacionalmente por seu excepcional vinho, Portugal, pelo menos para o consumo local, é para mim, o país da cerveja.

Sobre Eduardo Gregori

Eduardo Gregori é jornalista formado pela Pontifícia Católica de Campinas. Nasceu em Belo Horizonte e por 30 anos viveu em Campinas, onde trabalhou na Rede Anhanguera de Comunicação. Atualmente é editor do blog de viagens Eu Por Aí (www.euporai.com.br) e vive em Portugal