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LISBOICES: Livres, mas nem tanto
Alerta em Lisboa (Foto Eduardo Gregori)

LISBOICES: Livres, mas nem tanto

Por Eduardo Gregori

Se tudo tivesse corrido como o planejado, hoje estaríamos na terceira e praticamente última fase do desconfinamento em Lisboa. Algo que já aconteceu no resto de Portugal continental. Mas por que Lisboa não chegou na frente neste processo? Por que acreditamos cedo demais que o Novo Coronavírus tinha ido embora.

O Papa Francisco foi muito sábio em seu último pronunciamento ao dizer que não devemos cantar vitória. A Europa parece-me otimista demais e parece esquecer-se da sombra de uma segunda onda que pode atingir o mundo e levar todos para dentro de casa novamente.

Na Grande Lisboa muitos jovens saíram de casa como se 3 meses de quarentena fossem apenas férias e que neste retorno não seria preciso distanciamento social, uso de máscaras ou de desinfecção. Foram festas, muitas festas.

Para além disso, a desigualdade social que abordei em minha última coluna foi o ingrediente para que vírus não diminuísse sua atividade na capital e em seu entorno.

O governo poderia enviar foças para reprimir qualquer tipo de aglomeração. No entanto, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa preferiu um tom mais paternal. Em uma fala para a nação ele se dirigiu diretamente aos jovens, alertando-os, como um pai amoroso e preocupado, sobre o perigo e as consequências de comportamentos que não podemos mais ter socialmente por conta da pandemia.

Enquanto o pai zeloso educa os filhos, o executivo liderado pelo Primeiro-Ministro António Costa adotou um tom mais prático do que didático e decidiu não seguir em frente com o desconfinamento enquanto não houver segurança para todos. Shoppings e grandes lojas na região de Lisboa só abrirão as portas novamente quando a Direção Geral de Saúde e o Ministério da Saúde concordarem que chegou a hora.

Apesar de termos que esperar mais um pouco, a vida vai lentamente entrando nos eixos. No final de semana Dino D’Santiago, artista de origem cabo-verdiana que estava em turnê com Madonna, subiu ao palco do Campo Pequeno em uma apresentação que marcou a retomada das casas de espetáculo e de como serão as novas regras para se estar em um show. Foi estranho ver o público distanciado e uma arena apenas com metade de sua lotação. Mas ou será assim ou não poderemos seguir neste tal de novo normal.

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Sobre Eduardo Gregori

Eduardo Gregori é jornalista formado pela Pontifícia Católica de Campinas. Nasceu em Belo Horizonte e por 30 anos viveu em Campinas, onde trabalhou na Rede Anhanguera de Comunicação. Atualmente é editor do blog de viagens Eu Por Aí (www.euporai.com.br) e vive em Portugal