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LISBOICES: Dias sombrios em pleno verão
Lisboa e toda Europa ainda aguardam dias melhores (Foto Eduardo Gregori)

LISBOICES: Dias sombrios em pleno verão

Por Eduardo Gregori

Ainda não abriram bares e casas noturnas. No Bairro Alto, reduto da boemia e de turistas, muitos proprietários já disseram que não vão mais reabrir. Falências e desemprego cobrem as páginas, sites e as telas dos jornais lisboetas.

Há uma desesperança no ar. Lisboa foi atingida como quem recebe um inesperado soco no estômago. A cidade respira turismo, principal mola da economia portuguesa. Para salvar um pouco o estrago e tentar mover a cidade, a prefeitura é que está pagando os ônibus de passeios turísticos e os táxis para quem quer ver a cidade só podem cobrar 8 euros.

Nas redes sociais a atitude dividiu opiniões. Há quem defenda, mas há quem seja contra, principalmente os pilotos de Tuk Tuk, carrinhos muito usados pelos turistas. Quem vai pagar as nossas contas? Quem vai preferir pagar-nos a andar de ônibus de graça? Pergunta um condutor.

Lisboa tenta voltar ao normal. Tenho visto estrangeiros pelas ruas, principalmente ingleses e franceses. Estive recentemente na Ericeira, belíssima cidade costeira no centro do país e fui ao norte em Pampilhosa da Serra e o mesmo se passa nestes lugares pouca gente de fora.

Estamos no meio do verão com temperaturas próximas dos 40 graus e a esta altura Portugal deveria estar apinhado de gente, mas não está. No Sul, o Algarve é o principal destino de verão europeu. A região vive basicamente do que fatura durante esta época do ano.

Mais um golpe para Portugal, que foi excluído do Corredor Aéreo do Reino Unido ou seja, quem chega da Grã-Bretanha ao voltar tem de fazer quarentena. Resultado, quem não pode passar duas semanas em casa na volta das férias está indo para outros lugares.

E vai entender: O Reino Unido deu sinal verde para a Espanha (um dos países mais afetados) e não para Portugal. E a Espanha correu para captar todos aqueles que não foram para o Algarve.

A situação em Portugal anda tão desanimadora que nem mesmo as ilhas da Madeira e dos Açores estão aceitando turistas sem testes para a Covid-19. Para voar aos destinos insulares é preciso apresentar um teste com resultado negativo e feito 72 horas antes da chegada.

Se escolher fazer o teste no aeroporto, então o turista deverá ficar em quarentena até sair o resultado. Mas quem vai passar uma, duas semanas isolado em férias em uma ilha paradisíaca? Isso sem contar os voos cancelados de última hora. O meu para a Ilha Terceira foi cancelado um dia antes.

Some a todos estes ingredientes a sombra de uma possível segunda onda. Lisboa viveu focos de surtos pós-confinamento que exigiram do governo medidas ainda mais restritivas para contê-los. Está proibido consumir álcool em público, comprar bebidas alcoólicas após as 20h, postos de gasolina com lojas de conveniência só podem vender combustíveis após as 20h e está proibido reunir-se com mais de 10 pessoas, apesar se residirem na mesma casa.

A possibilidade de uma segunda onda é tão palpável que o bloco de países europeus já consideram-na como uma realidade a ser enfrentada quando as temperaturas começarem a cair.

A tábua de salvação seria a vacina. No encontro do bloco para discutir as medidas de apoio à economia, países menos afetados reduziram a quantidade de dinheiro que poderá ser utilizada por cada membro. Medo de gastar muito e segurar mais em caixa para o que poderá vir a acontecer no futuro. São dias sem luz no túnel, dias sombrios para a Europa em pleno verão no hemisfério norte.

contato: info@euporai.pt

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Sobre Eduardo Gregori

Eduardo Gregori é jornalista formado pela Pontifícia Católica de Campinas. Nasceu em Belo Horizonte e por 30 anos viveu em Campinas, onde trabalhou na Rede Anhanguera de Comunicação. Atualmente é editor do blog de viagens Eu Por Aí (www.euporai.com.br) e vive em Portugal