O maestro da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, Victor Hugo Toro, anunciou em coletiva na tarde desta sexta-feira, 5 de fevereiro, que declinou do convite do prefeito Dário Saadi para permanecer no cargo. “Entrei em 2011 e sinto que é o momento de partir. Sou um dos maestros que ficou mais tempo à frente da Orquestra. São 10 anos e é um ciclo. Faz parte da lógica do relacionamento entre os maestros e as orquestras. Sairei daqui para novos projetos”, afirmou.
Segundo a secretária municipal de Cultura, Sandra Ciocci, Victor Hugo Toro deixa um expressivo legado à Sinfônica. “Ele ajudou a construir a reputação de qualidade dessa grande orquestra, tombada como patrimônio imaterial de Campinas e que muito honra nossa cidade”, afirmou.
O maestro participará do processo de transição, que será gradual. Toro foi responsável por mais de 500 apresentações, permanecerá até o fim desse processo.”Desejo colaborar para uma transição ordenada e ajudar no que for possível a meu sucessor”, afirmou. O novo maestro será definido a partir de uma lista proposta pelos músicos. A escolha será do prefeito Dário Saadi.
A orquestra
A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas foi a primeira instituição do gênero a surgir em uma cidade brasileira fora de capital de Estado. Documentos de 1929 comprovam que a Sinfônica de Campinas foi criada, formalmente, em 6 de outubro daquele ano, como Sociedade Symphonica Campineira.
Esses dados tornam a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC) uma das mais antigas do País em atividade. O concerto de estreia foi no dia 15 de novembro de 1929, sob regência do maestro Salvador Bove. Desde então, a Orquestra encanta o público com obras de grandes compositores e privilegia o trabalho de artistas regionais. Em 1965, a instituição passou a ser mantida pela Prefeitura de Campinas.
A OSMC ficou conhecida nacionalmente durante a campanha das Diretas-Já, por eleições diretas para a presidência da República, em 1984. Foi emblemática a participação da Orquestra, sob a regência do maestro Benito Juarez, no comício de 16 de abril de 1984, na Praça da Sé, em São Paulo. O mesmo repertório apresentado pela Orquestra na ocasião foi repetido em concertos comemorativos, sob a regência de Victor Hugo Toro, em abril de 2019, por ocasião dos 35 anos daquele evento histórico.
Victor Hugo Toro
Nascido em Santiago do Chile, Victor Hugo Toro realizou estudos de regência orquestral e formou-se na Faculdade de Artes da Universidade do Chile. Foi vencedor do II Concurso Internacional de Regência Orquestral – Prêmio OSESP – Organizado pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e tem sido convidado a reger importantes orquestras. Além da OSESP, onde foi regente assistente e apresentou importantes peças do repertório universal junto a primeiras audições de repertório brasileiro, tem sido convidado a reger a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, Sinfônicas de Campinas, Paraná, Porto Alegre, Bahia, Espírito Santo, Amazonas filarmônica, Orquestra do Teatro Massimo de Palermo e da Arena de Verona (Itália), Orquestra estável do Teatro Colón (Argentina), Sinfônicas do Sodre (Uruguai) e de Xalapa (México), além das filarmônicas de Montevidéu, Mendoza, Buenos Aires, Oltenia (Romênia), da Universidade Nacional Autônoma do México e de Xiamen (China), entre outras.
Além de desenvolver importante trabalho com orquestras jovens, Victor Hugo Toro é também compositor e suas obras têm sido interpretadas por diversos grupos sinfônicos e de câmara. Ele foi escolhido um dos 100 líderes jovens do Chile pelo jornal “El Mercúrio” e recebeu uma homenagem da Câmara Municipal de São Paulo pelo seu trabalho em prol da música, a sociedade paulistana e o acercamento cultural entre Chile e Brasil.
Laureado pela Sociedade Brasileira de Artes Cultura e Ensino com a Ordem do Mérito Cultural “Carlos Gomes” no grau de comendador, recebeu de parte da Câmara Municipal de Campinas a medalha “Carlos Gomes” e a medalha “Samuel Lisman” de Artes, conferida pela Academia Campineira de Letras e Artes (ACLA) pelos relevantes serviços prestados à cidade. Foi regente principal da Orquestra Sinfônica do SODRE, no Uruguai, regente residente da Companhia Brasileira de Ópera e assessor da direção artística do Teatro Municipal de São Paulo. Desde 2011 é diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas.