Por Synnöve Hilkner, especial para a Agência Social de Notícias
Em uma tarde de novembro, no Ateliê de Lisa França, no distrito de Sousas, em Campinas, onde os artistas Robinson José da Silva, Synnöve Hilkner, Paulo Branco, Rosana Amorim e Nale Simionatto reúnem-se semanalmente, nasceu o projeto Humorosas.
Conversando sobre a pouca representatividade das mulheres no humor gráfico, em salões de humor do Brasil e do mundo e, em especial, do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, onde poucas foram selecionadas e nenhuma havia sido premiada, em 2017, Robinson lançou a ideia de uma exposição, em Campinas, com peças de humor produzidas por mulheres.
Prontamente, Synnöve se propôs a montar o projeto e foi convidada a assumir a curadoria. Assim, no final de novembro, o projeto foi apresentado a Sandra Ciocci, primeira-dama de Campinas. Em dezembro, Synnöve passou por uma cirurgia de emergência e, ainda no hospital, recebeu a informação de que a exposição havia sido aprovada pela Secretaria da Cidadania, para ser inaugurada no Dia Internacional da Mulher, 8 de março de 2018. Mesmo na insegurança de um repouso forçado, o projeto passou a tomar forma rapidamente e cresceu, além da expectativa.
As mulheres de talento que fazem arte são muitas e a elas foi lançado o desafio de também produzir humor, pois a exposição não seria só de cartunistas. Os convites foram feitos para cartunistas, artistas plásticas e ilustradoras, não só de Campinas, mas do Brasil, convites que foram aceitos, com grande alegria. Curiosamente, duas artistas recusaram o convite, por acreditar que o trabalho delas não poderia apresentar humor. Uma surpresa foi descobrir que algumas ilustradoras não aceitam que seu trabalho esteja envolvido com o termo ‘cartunista’. Enfim, isso foi uma minoria.
Um dos primeiros convites a ser feito foi a Laerte, grande cartunista do Brasil, que é mulher há alguns anos. A visão de uma nova mulher, que vive os problemas do gênero e do transgênero, era fundamental para o projeto. Na véspera de Natal, Laerte junta-se ao grupo. Logo depois, com toda sua generosidade, sugere o nome ao coletivo de Humorosas.
Em janeiro, as 20 artistas participantes são formalmente convidadas a expor no Museu de Arte Contemporânea de Campinas “José Pancetti” – MACC e os organizadores, Synnöve e Robinson, passam a buscar formas para viabilizar o projeto. Muitas dificuldades depois, já no final de fevereiro, estava tudo quase resolvido. Como não conseguiram o material para apoiar as esculturas, a solução encontrada por Robinson foi comprar madeira e produzir o material. Synnöve passava até 12 horas por dia produzindo material gráfico, escrevendo no computador, pesquisando, buscando orçamentos, separando as artes para plotagem, conversando com fornecedores e apagando pequenos incêndios.
Enfim, o dia 8 de março de 2018 chegou, a Exposição Humorosas está montada e linda! É um evento que vai marcar Campinas, uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher, mas vai além disso.
As 20 artistas, com suas técnicas e estilos pessoais tão diversificados, usam o humor para falar de coisas sérias. O humor como forma de protesto, afirmação, o humor que coloca a mulher onde ela quiser estar, que fala dos problemas de forma suave, mas forte, às vezes ácida e irônica.
É uma visão da realidade, sem preconceitos, é aceitação. Nem todos os humores falam do universo feminino, as artistas fazem humor caricatura, humor charge, escultura, colagem, tela, ilustração.
As Humorosas são: Alice Pereira, Ana Abreu, Ângela Cruz, Arlete Nunes, Ignez de Castro – a Dadí, Gaby Pendezza, Keila Knobel, Laerte Coutinho, Larissa dos Anjos, Lili Detoni, Lisa França, Maria Luziano, Maria Rita Correa, Marília Cotomacci, Marisa Carvalho, Nale Simionatto, Pryscila Vieira, Rosana Amorim, Suélen Becker e Synnöve Hilkner.
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