Por José Pedro Soares Martins
Campinas, 20 de outubro de 2022
Cacau e borracha na região de São José do Rio Preto, olivais em 50 municípios do estado, urucum na Alta Paulista, mogno africano na região centro-oeste, cogumelos em mais de 90 municípios. Um mix de desenvolvimento científico e tecnológico, com altas doses de empreendedorismo, tem provocado mudanças no mapa agrícola de São Paulo. Culturas não-tradicionais no estado têm prosperado, enquanto outras que já têm histórico consistente, como a vitivinicultura, são reinventadas à luz dos novos avanços da pesquisa por parte dos institutos e universidades paulistas. Os hubs de ciência e tecnologia, com a participação de várias startups, também contribuem para a abertura de novos horizontes para o agro de São Paulo, igualmente beneficiado por ser o estado o principal centro consumidor do país e com abertura para as inovações em produtos que podem ser comercializados.
“A expansão e o crescimento da agricultura não-tradicional é fundamental para o desenvolvimento agrícola em geral, principalmente para a pequena e média propriedade”, sustenta Nelson Matheus, engenheiro agrônomo aposentado, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. “A agricultura não-tradicional exige mão-de-obra especializada e possibilita uma renda melhor que as culturas tradicionais, envolvendo aspectos de turismo rural e uma rede de comércio voltada para essa cultura”, explica.
Formado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), uma instituição referência na área em toda a América Latina, Matheus considera que a condição mínima para o desenvolvimento das culturas agrícolas não-tradicionais é “pesquisa e assistência técnica aos produtores”. A pesquisa, em sua opinião, derivada da atuação das instituições universitárias com curso de Agronomia, em conjunto com os institutos da área. E a assistência técnica, com forte atenção sobretudo ao pequeno e médio produtor.
“O agricultor precisa ser orientado, assistido, ter acesso às novas variedades daquela cultura. O pesquisador ou técnico em assistência pode indicar a melhor variedade para uma determinada região, as características da planta, os cuidados necessários para o manejo”, completa ele, que cita o caso do melhoramento genético em seringueira, amendoim e outras culturas agrícolas, levando a uma expansão significativa no estado de São Paulo.
Ex-diretor da Associação dos Engenheiros Agrônomos de São Paulo, Nelson Matheus acredita que o empreendedorismo é de fato importante para o fomento das culturas agrícolas não-tradicionais. “Uma dinâmica presente na sociedade hoje é a existência de muitos inovadores, de pessoas que não têm vivência em determinada atividade agrícola mas encara, estuda, enfrenta e se estabelece”, comenta. Mas ele acrescenta que apenas essa disposição empreendedora não é suficiente.
“É essencial uma política pública de suporte, para que o produtor ganhe escala, tenha acesso aos grandes centros consumidores”, adverte. Como exemplo positivo cita o caso das reuniões das Câmaras Setoriais das cadeias produtivas existentes no estado de São Paulo, reunindo agricultores, centros de pesquisa, fornecedores de insumos e máquinas agrícolas, cooperativas e outros atores de cada cultura. “Em conjunto a cadeia produtiva analisa os cenários, identifica tendências, aponta gargalos e desafios”, resume Matheus, que cita duas cadeias produtivas mais recentes e que vêm se expandindo de forma expressiva, as da produção de cachaça e de mel.
As culturas não-tradicionais introduzem, de fato, novos aromas e sabores no agro paulista, que se destaca no plano nacional. Como um dos indicadores que atestam os números superlativos do estado, entre janeiro e agosto de 2022, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), as exportações do agro em São Paulo somaram US$ 16,72 bilhões, representando um aumento de 32% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os cinco principais grupos de produtos nas exportações paulistas continuaram sendo os de culturas consideradas tradicionais, já estabelecidas: complexo sucroalcooleiro (US$4,74 bilhões), complexo soja (US$3,05 bilhões), setor de carnes (US$2,71 bilhões), produtos florestais (US$1,76 bilhão) e sucos (US$1,14 bilhão, dos quais 97,0% referentes a suco de laranja). Juntos, esses cinco grupos representaram 80,2% das vendas externas setoriais paulistas.
Existe, portanto, um grande campo para o crescimento das culturas agrícolas não-tradicionais em São Paulo, inicialmente para o consumo interno, como tem sido o caso, mas também para eventuais exportações. Segundo o Instituto de Economia Agrícola, o item “Cacau e seus produtos” aparece no balanço comercial do estado entre janeiro e agosto de 2022 com exportações de US$ 39,8 milhões, valor 35% superior ao do mesmo período do ano anterior.
Olivicultura, do Mediterrâneo para a mesa dos paulistas
Um dos mais notáveis exemplos do potencial de expansão dos produtos agrícolas não-tradicionais em São Paulo é o da olivicultura. Original do clima mediterrâneo, cuja culinária é sempre associada a alimentação saudável, equilibrada, a planta já está presente em cerca de 50 municípios paulistas. Arbequina, Frantoio, Picual, Koroneiki, Coratina, Arbosana são as variedades de azeitonas mais cultivadas.
A propagação de olivais pelas terras paulistas se seguiu ao caso pioneiro de Minas Gerais, mais especificamente do município de Maria da Fé, onde o primeiro azeite extravirgem foi extraído, em 2008, como resultado do trabalho da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). A produção em Maria da Fé alcançou rápida projeção e divulgação, com resultados que motivaram agricultores paulistas a seguir na mesma direção.
Os prêmios internacionais vencidos pelos azeites derivados da Serra da Mantiqueira, como os de Maria de Fé, ajudam a incrementar o interesse dos produtores. Em 2021, o azeite da marca Monasto, fabricado com azeitonas plantadas em Maria da Fé na fazenda Santa Helena, ganhou o prestigiado Concurso Mundial de Azeites de Nova York na categoria Delicate. Um toque de requinte é que as azeitonas são cultivadas ao som de música clássica. Outros concursos internacionais, como o OVIBEJA do Alentejo (Portugal), EVO International Olive Oil Contes (Itália) e o International Extra Virgin Olive Oil Competition (Japão) também têm reconhecido a qualidade dos azeites da Mantiqueira.
A Serra da Mantiqueira, nota Angelica Prela Pantano, pesquisadora científica do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), reúne condições ideais para a olivicultura. “Essa cultura necessita de clima frio, com a propriedade estando situada preferencialmente acima de 1 mil metros de altitude e com 400 horas de frio anuais com temperatura abaixo de 12 graus”, ela explica.
A pesquisadora observa que agricultores que começaram a cultura, sem observar essas condições climáticas, tiveram que interromper as atividades. “Quando o produtor nos chama, nós orientamos que não continue ou inicie a cultura, se não houver as condições climáticas ideias”, ela comenta.
Angelica Prela Pantano frisa que o plantio das azeitonas envolve um processo caro e manejo muito detalhado, mas o alto valor agregado ligado à produção de azeites tem compensado os investimentos, daí a expansão do setor no estado. São Sebastião da Grama, Cunha e Cachoeira do Sul são alguns dos municípios que têm se destacado na produção paulista de azeitonas, que já abrange em torno de 650 hectares.
A estimativa é de produção de 350 toneladas de frutos e de cerca de 40 mil litros de azeite em 2022, mas a pesquisadora do IAC acredita que o potencial de crescimento é muito maior. Ela nota que produtores de azeitonas também têm agregado valor com a prática do turismo rural. Em algumas propriedades já existem restaurantes instalados e o turista pode passar um dia inteiro nesse ambiente.
Em São Paulo, os produtores do setor contam com o suporte do Oliva SP, um grupo com pesquisadores do IAC, Instituto Biológico, Esalq e outras instituições, no âmbito da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. A Câmara Setorial de Olivicultura, por sua vez, reunindo representantes da cadeia produtiva, faz reuniões regulares, visando uma completa análise do segmento promissor das culturas agrícolas não-tradicionais em São Paulo.
Os seringais, da Amazônia para São Paulo
No imaginário popular a extração da borracha ainda está muito associada à Amazônia, pela importância que teve essa produção no início do século 20 e pelos acontecimentos recentes envolvendo os seringueiros. Mas na realidade o principal polo de borracha no país está há algum tempo localizado em São Paulo, sobretudo na região Noroeste do Estado, em torno de São José do Rio Preto e outras cidades. Como ocorre na grande parte das culturas agrícolas não-tradicionais em território paulista, mais uma vez a sua aclimatação e crescimento no estado se deve essencialmente ao desenvolvimento científico e tecnológico, e no caso em grande parte as pesquisas realizadas pelo Instituto Agronômico de Campinas.
O pesquisador científico Erivaldo José Scaloppi Junior, do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Seringueira e Sistemas Agroflorestais do IAC, nota que que já na década de 1940 a instituição já havia identificado o potencial de aclimatação da planta originária da Amazônia em território paulista. O IAC iniciou então o plantio de sementes nas antigas estações experimentais de Pindorama, Ribeirão Preto e na Fazenda Santa Elisa, atual Centro Experimental Central de Campinas (CEC).
Com o sucesso dos plantios, houve um intenso esforço pelo melhoramento genético da planta. Um passo importante foi a criação em 1988 do Programa Seringueira, com o aporte de recursos de fontes como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Ibama. Foram igualmente estabelecidas parcerias com universidades como Unicamp, USP e Unesp, levando a um maior e mais rápido desenvolvimento de pesquisas em biologia molecular, melhoramento genético, qualidade e monitoramento da borracha natural e avaliação da resistência a pragas e a doenças.
Desde a década de 1950 o IAC tem desenvolvido clones de Hevea brasiliensis, o nome científico da seringueira. No início do século 21, evidencia Erivaldo José Scaloppi Junior, novos clones foram lançados, com alto potencial produtivo: IAC 15, IAC 35, IAC 40 e a Série IAC 300. O pesquisador destaca o IAC 40, pelo seu potencical de produtividade e adaptação às mudanças climáticas anuais.
Entre os anos 2009 e 2013 foram lançados os novos clones das séries IAC 400 e IAC 500, com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No total, o IAC já produziu 31 clones da seringueira.
A consequência de todo esse esforço é que cerca de 80% dos seringais plantados em São Paulo são derivados de clones IAC. E São Paulo é hoje o grande produtor nacional. Um conjunto de 12 usinas na região de São José do Rio Preto é responsável pelo processamento de 70% da produção nacional de borracha.
Scaloppi Junior chama a atenção para os grandes ganhos sociais relacionados ao cultivo dos seringais, que já empregam cerca de 15 mil trabalhadores em São Paulo, nas 4.500 propriedades produtoras. Ele lembra também dos impactos ambientais positivos, pelo sequestro de carbono da atmosfera pelos seringais, que também podem ser plantados em consórcio com outras culturas. “A cada dia temos relatos positivos de produtores paulistas, mas também de vários outros estados, pelo uso do material desenvolvido no IAC, e isso nos deixa muito felizes”, completa o pesquisador.
A reinvenção da vitivinicultura
Na primeira semana de junho, os vinhos Entre Rios, safras 2019 e 2020, receberam medalha de bronze no prestigiado Decanter World Wine Awards 2022, realizado em Londres, Inglaterra. Os rótulos são produzidos na Vinícola Terras Altas, de Ribeirão Preto, cujo êxito é um perfeito exemplo da verdadeira reinvenção da vitivinicultura em território paulista, com a produção de uvas para vinhos finos.
Diretor responsável pelas Terras Altas, o agrônomo Ricardo Baldo lembra o processo que levou à produção de vinhos tão jovens e já premiados na Europa, o centro por excelência da bebida. “A ideia de querer produzir uva e vinho nessa região em São Paulo partiu de uma conversa minha com os dois investidores, que são os proprietários da fazenda vinícola e são apreciadores de vinhos, gostam de degustar, e sempre tiveram vontade de participar do processo de produção. Existia essa vontade latente, eles não gostariam de estar indo sempre aos tradicionais condomínios vitivinícolas da América do Sul, como os de Mendoza na Argentina ou no Chile, um tanto deslocados da fonte de negócios deles”, lembra o agrônomo.
Ricardo Baldo observa que, com o advento da técnica da dupla poda testada pela Epamig, em Minas Gerais, no município de Caldas, foi aberta a possibilidade de produção de vinhos finos de qualidade no Sudeste do Brasil. “Quando se produzia pelo sistema normal, não se conseguia ter uma matéria prima de excelência para a fabricação de vinhos diferenciados. Essa nova técnica, que trouxe qualidade para a produção de uvas na região Sudeste do Brasil, nos chamou a atenção”, recorda.
Um dos desafios para iniciar a produção, completa o diretor de Terras Altas, era que não havia um histórico de produção de uvas para vinhos finos na região de Ribeirão Preto. “Havia então o desafio de entrar com esse material genético em Ribeirão Preto, produzindo dentro de um ciclo invertido em relação ao ciclo normal da uva. Com a técnica da dupla poda, trouxemos o momento da colheita da uva para julho e agosto, portanto no inverno do Sudeste”, ele lembra.
O agrônomo ressalta que no início “fomos mais ou menos às cegas, conhecendo as videiras durante dois anos, em uma área de 1 hectare, depois aumentando para 2 hectares”. No segundo ano houve a primeira produção de uvas e o que se esperava, como tradicionalmente ocorre, era a produção de um primeiro vinho não comercial, pelo uso de “plantas muito novas, teoricamente de qualidade mais baixa”, observa.
Entretanto, o que houve no caso, continua Baldo, foi que “já na primeira colheita conseguimos um vinho comercial de boa qualidade”. Engarrafado, o vinho foi encaminhado para o Decanter World Wine Awards 2022, em Londres, e o resultado foi que os vinhos das safras 2019 e 2020 já foram premiados no famoso concurso.
O diretor de Terras Altas reconhece que o objetivo inicial não era ganhar o prêmio. “Queríamos um relatório da banca examinadora, com suas impressões sobre nosso processo de produção, para verificar se estávamos no caminho certo. O prêmio foi então uma grata surpresa, significando a validação de todo nosso sistema de produção, a validação do nosso terroir em Ribeirão Preto, mostrando que estamos sim no caminho certo”, sintetiza Ricardo Baldo.
O agrônomo ressalta a importância da agricultura de precisão para esse momento novo da vitivinicultura no Brasil, pelos ganhos em termos de identificação das melhores áreas para o plantio, para a racionalização de gastos. Baldo considera que o prêmio em Londres é um reconhecimento importante para o mercado nacional de vinhos, podendo contribuir para uma virada de página histórica. “Um prêmio internacional como esse pode ajudar a apagar da memória que o vinho brasileiro é ruim, que o país não consegue fabricar vinho de qualidade. Hoje o Brasil está em outro patamar de produção. Se a Europa reconhece isso, quem somos nós para duvidar?”, indaga o diretor de Terras Altas.
Pesquisador científico do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Frutas do IAC, José Luiz Hernandes nota que, de fato, a vitivinicultura paulista continua alicerçada no cultivo de uvas de mesa, sobretudo da cultivar Niágara Rosada. É uma cultivar plantada no estado desde a década de 1930, começando pela região de Campinas e Jundiaí, espalhando daí para todo o território paulista. Ele ressalta também a produção das uvas finas para mesa, nos polos de São Miguel Arcanjo e Jales.
Hernandes salienta que a vitivinicultura após a proclamação da República também sempre se caracterizou pela produção de uvas para a produção de vinho, se mantendo em pequena escala nas últimas décadas do século 20. Desde o início do século 21, houve a evolução das uvas para a produção de vinhos finos com a inversão de poda. “A uva produz naturalmente com a poda de inverno e produção no verão. Essa condição para as uvas de mesas é ok. Para a produção de vinho fino, a colheita no verão não é ideal, as uvas não amadurecem para vinhos de qualidade”, explica.
O cenário começou a mudar, salienta, com a prática da dupla poda ou safra de inverno. “É feita uma poda normal no inverno para em janeiro ou fevereiro a março acontecer a segunda poda, com amadurecimento entre julho e agosto, portanto no inverno. As condições de inverno no Sudeste geralmente são de noites frias e dias quentes, com bastante luminosidade e pouca chuva, três características necessárias para as uvas finas completarem seu ciclo e produzirem substâncias suficientes para vinho de qualidade”, continua o pesquisador do IAC. Ele enfatiza que apareceram então vários vinhos finos e, hoje, com os retornos de investimento alcançados e algumas premiações, grande parte dos plantios novos de vinhedos no estado é para a produção de vinhos finos, na safra de inverno. Enfim, uma nova perspectiva para vitivinicultura paulista.
Os promissores cacau e mogno africano
Uma cultura não-tradicional que se mostra muito promissora no estado de São Paulo é a do cacau. É o que mostra os experimentos realizados na região de São José do Rio Preto, em função da atuação do Projeto Consórcio de Cacau e Seringueira, executado pela CATI – órgão responsável pela extensão rural na Secretaria de Agricultura e Abastecimento – em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de São José do Rio Preto (Acirp), com apoio da Fundação Cargill e da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O propósito do Projeto, lançado em 2014, é viabilizar o cultivo de cacau no noroeste paulista, como alternativa de diversificação e geração de renda e emprego. A região foi apontada como apta ao plantio, pelo Zoneamento para Plantio de Cacau no Estado de São Paulo, estabelecido pelo MAPA.
“O cacau vem sendo estimulado na região, como resultado do desenvolvimento tecnológico que considera questões como material genético, manejo fitossanitário e irrigação”, conta o agrônomo Andrey Vetorelli, da CATI Regional São José do Rio Preto. Ele diz que tem sido crescente o interesse de agricultores da região, mas também de todo o estado de São Paulo, pelo potencial de retorno da cultura, em consórcio com o plantio de seringueiras, uma cultura já estabelecida no polo de Rio Preto.
Andrey ressalta que, em São Paulo, foi escolhido como principal linha de trabalho o modelo de consorciamento de cacau e seringueira, incluindo a bananeira para sombreamento das mudas de cacau e mais uma alternativa de renda. O modelo de consórcio é ideal, diz o especialista, por otimizar o uso de recursos, como solo, água, mão de obra, máquinas e equipamentos, e por diminuir o risco econômico, pelo cultivo simultâneo na mesma área de duas ou mais culturas. Além disso, o consorciamento permite um melhor fluxo de caixa e aumento da rentabilidade da área implantada, conclui Andrey.
Como símbolo do avanço da cultura no estado, foi plantada em outubro, em uma área do Instituto Biológico ao lado do Parque Ibirapuera, em São Paulo, uma floresta de cacau com 87 plantas. Cada muda foi plantada por uma criança, que deu o nome ao futuro cacaueiro. Já são 200 hectares cultivados com cacau em território paulista, contra 10 no início do Projeto.
Igualmente promissor no estado é o cultivo de mogno africano. Trata-se de um investimento de longo prazo, pois uma árvore da espécie demora cerca de 20 anos para atingir o ponto ideal de corte. Entretanto, os retornos são considerados seguros e interessantes para os investidores. Como comparação, um metro cúbico de eucalipto é comercializado, nos preços atuais, por cerca de R$ 1.700,00. O mesmo volume de mogno africano está estimado em R$ 5.000,00. A região centro-oeste de São Paulo é o principal polo de cultivo do mogno africano no momento, mas produtores de outras áreas já demonstraram interesse por essa alternativa econômica.
Do mesmo modo, cresce o interesse pelo cultivo de cogumelos. São Paulo já conta com mais de 500 produtores, localizados em cerca de 100 municípios. Bragança Paulista, Mogi das Cruzes e Sorocaba são os principais produtores. A proximidade de grandes centros consumidores, como a capital paulista, é um dos fatores que pesam na escolha pela cultura.
A cada dia é construído em São Paulo um mosaico de novas culturas agrícolas, ou de culturas que passam por novas configurações como a vitivinicultura. A alta renda no estado, a presença dos principais centros de pesquisa, a propagação de hubs de tecnologia (como o AgTech Garage, de Piracicaba), uma ampla gama de startups e o espirito empreendedor do paulista somam-se na abertura de novos horizontes para o agronegócio.