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Eleição de novo presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara preocupa ongs
Ambientalistas atentos à atuação do Congresso Nacional (Foto Adriano Rosa)

Eleição de novo presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara preocupa ongs

As organizações da rede do Observatório do Clima receberam com apreensão a eleição nesta quarta-feira, 15 de março de 2023, do deputado José Priante (MDB-PA) para a presidência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados (CMADS). Priante não tem histórico como ambientalista e tem em seu currículo ações na direção contrária.

O parlamentar propôs a redução de unidades conservação na Flona do Jamanxim quando foi relator da MP 756 e é autor de um projeto de lei de 2017 que tenta impedir a destruição de bens apreendidos contra crimes ambientais. O deputado, entretanto, de acordo com o Observatório do Clima, é apontado como aberto ao diálogo, postura que se espera na nova legislatura, depois de tantos desmandos na área ambiental nos últimos anos e dos desafios da recondução do país para uma agenda positiva em meio ambiente e clima.

Abaixo, algumas declarações de representantes de organizações do Observatório do Clima. Fundado em 2002, o Observatório é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com mais de 80 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática.

“Temos, de novo, na Comissão de Meio Ambiente da Câmara, um presidente cujo histórico é ligado à agenda ruralista e de apoio a projetos antiambientais. A perspectiva é muito preocupante. Cabe agora ao deputado provar o contrário, com ações práticas. Nosso país não aguenta mais tantos ataques e tanta destruição na agenda ambiental.” (Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.)

“A Comissão de Meio Ambiente precisa refletir as necessidades reais do Brasil. É fundamental que volte a ser o espaço de diálogo, de pautas e agendas positivas para o meio ambiente, de participação da sociedade civil e comunidade científica. Precisamos enfrentar a emergência climática, cumprir os compromissos brasileiros com o Acordo de Paris, com a COP 15, com o desmatamento zero e com agenda de ação pela água da ONU, que começa ser escrita neste mês de março. Precisamos que esses pontos estejam em vista e se efetivem como políticas públicas. Esperamos que os momentos de resistência e enfrentamento da legislatura passada, quando as propostas eram voltadas a acabar, por exemplo, com a Lei da Mata Atlântica, com unidades de conservação, além de outros enormes retrocessos da legislação ambiental tenham ficado para trás. Estaremos presentes, propondo pautas, mas também fazendo a resistência sempre que necessário.” (Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica).

“A sociedade espera que as Comissões do Congresso Nacional, cuja missão é debater o conteúdo de propostas que poderão virar leis para todos os brasileiros, sejam presididas pelos expoentes em cada área de atuação. A Comissão de Meio Ambiente, portanto, requer de seus membros e, principalmente, da presidência, compromisso com a agenda ambiental. Nossa preocupação é que, num futuro imediato, em que o mundo estará avaliando a mudança de rumo do governo brasileiro na COP30 em Belém, a CMADS mantenha o rumo antiambiental que marcou a legislatura passada. Será desastroso para o Brasil, legal e politicamente.” (Marcos Woortmann, coordenador de advocacy do IDS –  Instituto Democracia e Sustentabilidade).

“A Comissão de Meio Ambiente deve ser presidida por quem se preocupa e responsabiliza pelo presente e pelo futuro da agenda socioambiental brasileira. Fazemos questão de mencionar o social, pois a nova gestão precisa ter no centro de sua atuação o combate ao racismo ambiental, uma vez que estamos falando da vida, em especial, das pessoas negras e periféricas. O racismo ambiental mata milhares de pessoas negras, indígenas, mulheres e crianças no Brasil. Mata os nossos biomas. Que a participação social e os direitos humanos deixem de ser apenas um discurso e se transformem em realidade.” (Mariana Belmont, diretora de clima e cidade do Instituto de Referência Negra Peregum.)

“No momento em que a crise climática exige do Congresso Nacional a promoção de avanços na proteção socioambiental, causa preocupação que a presidência da comissão não esteja com um parlamentar com histórico de atuação no tema. Esperamos que sua gestão seja marcada pela prevalência dos consensos e pela contenção dos graves retrocessos em tramitação.” (Mauricio Guetta, consultor jurídico do ISA – Instituto Socioambiental).

 

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