O Brasil continua sendo o campeão de concentração de renda na América Latina, apesar dos avanços na luta contra a pobreza. A informação está no “Panorama Social de América Latina 2014″, que a Comissão Econômica para América Latina (Cepal), das Nações Unidas, lançou nesta segunda-feira, 26 de janeiro. A publicação comprova uma estagnação dos índices de pobreza no continente, depois de um período de queda acentuada na maioria dos países.
No Capítulo I, que trata de “A pobreza na América Latina, avanços alcançados e novos desafios”, o relatório da Cepal publica um quadro sobre a distribuição de renda nos lares do continente, segundo os quintis (grupos de 20%) mais pobres e mais ricos da população. O quadro apresenta dados de 2008 e 2013.
De acordo com este quadro, o Brasil era líder absoluto de concentração de renda em 2008, com os 20% mais ricos somando 58% da renda nacional. Os 20% mais pobres somavam somente 4,1% da renda brasileira. Em segundo lugar no ranking de concentração aparecia o Chile, com 20% dos mais ricos ganhando 53,5% da renda nacional, e os 20% mais pobres, 5,3%. Em terceiro, República Dominicana, com os 20% mais ricos concentrando 53,0% da riqueza, e os 20% mais pobres, 3,5%. O quarto lugar era da Colômbia, com 52,1% da renda nas mãos dos 20% mais ricos, e 4,1% com os 20% mais pobres.
Em 2013, o Brasil continuou líder do ranking da concentração, com os 20% mais ricos ganhando 53,6% da renda e os 20% mais pobres, 4,6%. O segundo lugar era da República Dominicana, com 53,5% da renda com os 20% mais ricos, e 3,8% com os mais pobres. Em terceiro lugar, Chile, com 52,1% com os mais ricos e 5,7% com os mais pobres. Em quarto, Costa Rica, com 50,9% da renda para os mais ricos e 4,5% para os mais pobres.
Segundo o relatório da Cepal, em 2014 (ainda estimativas) a pobreza alcançou 28,0% da população da América Latina, praticamente a mesma proporção de 2013 (28,1%) e 2012 (28,1%), e um pouco abaixo da de 2011 (29,6%), o que equivaleria dizer que está havendo uma estagnação da redução da pobreza. A proporção de extrema pobreza em 2014 foi de 12,%, maior do que a dos três anos anteriores: 11,7% em 2013, 11,3% em 2012 e 11,6% em 2011.
Em números absolutos, 167 milhões de latino-americanos estavam em situação de pobreza em 2014, e 71 milhões em situação de indigência, de acordo ainda com estimativas para esse ano. Em 2013 eram 165 milhões na pobreza e 69% em extrema pobreza. Em 2012, 164 milhões e 66 milhões, respectivamente. E em 2011, 171 milhões na condição de pobreza e 67 milhões na condição de indigência. Ou seja, aumentou em quatro milhões a população em extrema pobreza em quatro anos no continente.