O centro de Campinas é um espaço histórico de manifestações políticas, mas em 20 de junho de 2013 ele transbordou. Jovens, em sua maioria, mas também adultos e muitas crianças, em uma manifestação com bandeiras difusas, propostas dispersas, mas todos estavam lá. Uma coalizão de projetos e afetos. Um arco-íris de ideias, etnias e gêneros. Uma explosão de emoções, como mostra este ensaio fotográfico de Martinho Caires, especial para a Agência Social de Notícias.
As manifestações de junho de 2013 começaram como protestos contra a majoração de tarifas de ônibus como em São Paulo, capital, mas coincidiram com a realização da Copa das Confederações no Brasil. Por isso, não foram poucos os que pediram “padrão FIFA” (em termos de qualidade de serviços, bem entendido) também para hospitais, escolas públicas, etc.
Em junho de 2013, no Brasil, uma palavra valia mais do que mil imagens. “Chega”: o desabafo, por muitos anseios reprimidos, por muita indignação represada. Será que os gestores públicos, em qualquer esfera, em qualquer coloração partidária, entenderam a mensagem?
Não havia uma liderança centralizada, as manifestações não foram convocadas por A ou B, ao contrário do que sempre aconteceu em atos desse tipo. Mas uma personagem se destacou: Anonymous. Nome de uma comunidade online descentralizada, a inspiração na HQ “V de Vingança”, de 1982, concebida por Alan Moore e levada ao cinema em 2005 por James McTeigue. Foi sintomático: não havia um protagonista central, todos eram.
Anonymous remete a anarquismo, geralmente confundido com bagunça, desordem, mas que no sentido nuclear da palavra quer dizer justamente o contrário. Uma sociedade de tão organizada que não precisa de muito governo. Os partidos – todos – ainda representam o que?
Muitos reunidos, mas a juventude foi central nas manifestações de junho de 2013. Em tempos de redes sociais, a conversa das ruas, o público resgatado. Muitos a chamam de despolitizada. Junho de 2013 mostrou o contrário.
Uma confluência de sabores e saberes. 20 de junho de 2013, dia inesquecível, no centro de Campinas, a indignação no centro de todo Brasil. Uma data ainda não devidamente entendida e decifrada. Mas um alerta, que aparentemente ainda não foi assimilado pelos detentores do poder. (Por José Pedro Martins)