“Ainda podemos ter fé nas pessoas, porque tem muita gente solidária”. Este foi, para Pedro Henrique Ladeira Roque, o maior aprendizado com a ação de cerca de quatro dias que ele e outros três jovens de Campinas protagonizaram e que resultou em cerca de 70 toneladas em doações para os atingidos pelo rompimento de duas barragens de rejeitos de mineração em Mariana (MG). São milhares de litros de água e toneladas em alimentos, roupas e outros objetos, reunidos em um ato neste domingo, 22 de novembro, que mobilizou mais de 40 voluntários na Estação Cultura. O material arrecadado vai ser transportado nesta semana, para ser distribuído entre moradores de Governador Valadares e outras comunidades do Vale do Rio Doce. O Facebook atuou como importante meio de divulgação.
Pedro Henrique conta que ficou muito motivado a fazer uma campanha em favor dos atingidos pela lama em Minas Gerais, ao acompanhar a repercussão do episódio nas redes sociais. “Alguns estavam solidários com as vítimas do terrorismo em Paris e outros com as vítimas do rompimento das barragens, e havia até algumas brigas entre os grupos, mas pouca ação prática. Foi quando resolvi fazer algo”, conta o ativista, que é técnico em Tecnologia da Informação.
A ação seria inicialmente particular, mas Pedro e o irmão, João Batista Roque Netto, mais o amigo Vinícius Martins decidiram torná-la pública, criando um evento no Facebook. Houve uma enorme adesão, de grupos, empresas e voluntários como Bianca Guimarães, que se juntou ao grupo e compartilhou a organização da campanha. “Eu me envolvi porque tive uma certa revolta pessoal com o que estava acontecendo, tanto na França como em Minas Gerais. Resolvei fazer algo de concreto e somamos as forças”, diz Bianca, que é gerente de hotelaria mas atualmente está desempregada, assim como dois dos outros três organizadores do mutirão.
Pedro Henrique Ladeira Roque conta que, de fato, houve importante adesão de empresas como a Samsung, Herbalife e Viva Leve, sobretudo para a arrecadação de água. Também houve doação de material de higiene pessoal, roupas íntimas, brinquedos e outros itens. O transporte até Minas Gerais será feito pela Transportadora Patrus, que aderiu à iniciativa. A distribuição em cerca de 25 cidades do Vale do Rio Doce estará sob a responsabilidade da Cruz Vermelha de Belo Horizonte. Em Governador Valadares, o grupo conta com o apoio da Trupe do Bem, com quem Bianca Guimarães mantém contato. “Eles nos deram dicas importantes sobre o que deveria ser arrecadado com prioridade”, diz ela.
“Foi impressionante o resultado. Fiquei muito feliz e chorei muito de emoção neste domingo”, confessa Bianca, que também agradece a amiga de São Paulo, Luana Ferreira. “Ela me inspirou a fazer algo pois já estava com uma ação semelhante”, diz Bianca.
Inicialmente o Centro de Convivência Cultural seria o ponto central de arrecadação e organização neste domingo, mas o local foi transferido para a Estação Cultura, por questões de logística. “Esperamos que os moradores das cidades atingidas se reergam e continuem em frente. Foi muito bom saber que ainda existe muita gente solidária, que nesses momentos pensa apenas em ajudar quem está precisando”, diz Pedro Roque, sintetizando os sentimentos dos quatro jovens que, sensibilizados pela grande tragédia ambiental e, em especial, pelo drama humano envolvido, resolveram arregaçar as mangas e conduzir uma importante ação de solidariedade desde Campinas. Outras aconteceram, em vários segmentos sociais. (Por José Pedro Martins)
Boa tarde.
Consegui juntar alguns cobertores e roupas usadas, porém em bom estado para doação!
Tem interesse?
Onde eh levo?