Em plena crise hídrica no Brasil e vários estados norteamericanos, e com a forte possibilidade de que 2014 seja o ano mais quente da história, a Conferência sobre Mudança Climática terminou neste sábado, 25 de outubro, em Bonn, na Alemanha, sem a definição de pontos-chave para frear o aquecimento global. As decisões foram transferidas para o próximo encontro, em Lima, no Peru, no final do ano.
O encontro de Bonn foi promovido pela Convenção das Mudanças Climáticas, como preparativo para a Conferência das Partes (COP-20) na capital peruana. Por sua vez, a COP-20 (porque será o vigésimo encontro dos países signatários da Convenção) será um preparativo para a grande conferência de 2015, em Paris, a COP-21, que realmente vai selar o acordo mundial para frear as mudanças climáticas.
A Conferência de Bonn não era, então, decisiva, mas se houvesse avanços importantes nas negociações seria um indício de que os países estariam mais próximos de um grande acordo, o que não aconteceu. Não houve acordos substantivos em temas como mitigação, financiamento e transferência de tecnologia dos países ricos para os pobres.
Nesse sentido, o encontro de Bonn não refletiu a grande mobilização mundial ocorrida em setembro, quando milhares de pessoas foram às ruas, em várias partes do planeta, pedindo maior determinação e ousadia dos governos para as definições necessárias para frear o aquecimento global. Este é, por exemplo, o pensamento da Climate Action Network’s, uma aliança de organizações não-governamentais que procura incidir nas negociações climáticas globais.
Os olhares se voltam agora para a próxima semana, com a reunião em Copenhagen, na Dinamarca, do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). No encontro será definida a síntese do quinto relatório do IPCC. A expectativa das ONGs é se o relatório, que deve novamente reforçar os alertas sobre a escalada do aquecimento global, terá repercussão nas negociações oficiais dos governos.
Em setembro passado a Organização Meteorológica Mundial (OMM), que integra o IPCC, divulgou relatório revelando que as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera alcançaram um recorde em 2013, com níveis em 142% superiores à era pré-industrial. (Por José Pedro Martins)