O prefeito de Sumaré, Luiz Dalben, estava muito emocionado ao discursar na manhã desta terça-feira, 18 de abril, na reunião realizada em seu município do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Não era para menos, pois a reunião marcou o ponto de partida para um planejamento ambiental integrado na RMC, justamente o que seu pai, Dirceu Dalben, havia proposto no início do século 20, quando era presidente deste Conselho, na condição do então prefeito de Sumaré. Na presidência do Conselho de Desenvolvimento, Dirceu Dalben estimulou a implementação da Agenda 21 da RMC, o que foi iniciado mas abandonado nas gestões municipais seguintes. Agora o planejamento ambiental regional integrado deve se tornar realidade, no momento em que Luiz Dalben ocupa a vice-presidência do mesmo Conselho.
Na reunião de hoje em Sumaré, foi proposta a criação do Plano Ambiental Metropolitano, por parte da Diretora do Departamento do Verde e do Desenvolvimento Sustentável, Ângela Cruz Guirão, da Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas. A ideia é a promoção de uma atuação unificada na Região quanto aos planos e projetos municipais, envolvendo também as ações das Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). A iniciativa surgiu a partir do plano ambiental de Campinas, que já está em desenvolvimento.
A Diretora propôs a elaboração de um Termo de Cooperação entre os 20 municípios para conservação dos recursos naturais, no que foi apoiada pelo Conselho de Desenvolvimento. A apresentação de Ângela Guirão ntambém abordou a importância dos corredores ecológicos existentes na RMC e também do Protocolo de Intenções já assinado pelos Prefeitos anteriormente, que visa a elaboração do Inventário Metropolitano de Emissão de Gases de efeito Estufa, que já está em andamento. A questão do tratamento de resíduos sólidos também foi destaque, em apresentação feita pelo Engenheiro Agrônomo Valdemir Ravagnani – Superintendente do Consórcio Consimares (Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos da RMC).
Para aprofundar o tema, o Conselho de Desenvolvimento aprovou nesta reunião a reativação da Câmara Temática de Meio Ambiente, da qual participam técnicos municipais da área. A Diretora Executiva da Agemcamp – Ester Viana – reforçou a importância desta Câmara Temática, ressaltando que “a questão ambiental ultrapassa os limites dos municípios e deve ter soluções convergentes”. Em seu pronunciamento, o presidente do Conselho, Denis Andia, prefeito de Santa Bárbara D´Oeste, também reforçou a necessidade de promover ações conjuntas na área ambiental. “Nós, gestores públicos, temos a responsabilidade de fazer uma gestão ambiental mais aprofundada, pois o desenvolvimento sustentável tem impacto em muitas outras áreas”, afirmou.
As ações do conjunto de prefeitos da RMC ocorrem em momento oportuno, considerando que em um mês será definida a nova outorga para que a Sabesp continue gerenciando o Sistema Cantareira. Será uma medida de impacto para a vida de cerca de 20 milhões de paulistas nos próximos dez anos, como destacou ontem a Agência Social de Notícias (ver aqui). A expectativa é a de que a maior prioridade da RMC para a questão ambiental represente ações concretas em termos de proteção efetiva aos recursos naturais existentes e de avanços diante de desafios locais e globais como as mudanças climáticas.
A decisão pela implementação de uma Agenda 21 na RMC foi tomada em Sumaré, pelo então prefeito Dirceu Dalben. Infelizmente a RMC perdeu a chance histórica de ser a primeira região metropolitana brasileira com uma Agenda 21. Agora a Região tem novamente a oportunidade um planejamento ambiental integrado, começando novamente por uma deliberação tomada em Sumaré. (Por José Pedro Martins)