Entre os anos 1940 e 1970, elas levaram milhares aos bailes de clubes de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e outros estados. Foram fundamentais, portanto, para a difusão de música de qualidade, nacional e internacional, e também como elemento de sociabilidade, de reunião e de esperança em um Brasil que parecia bem mais promissor. São as orquestras de baile, as Big Bands Paulistas como foram batizadas no livro que terá lançamento nesta terça-feira, dia 27 de fevereiro, no SESC-Campinas, a partir das 19h30.
Estarão presentes os autores do livro, o pesquisador José Ildefonso Martins e o jornalista José Pedro Soares Martins, para uma conversa com o público. E em seguida haverá apresentação especial, com um show baile, da Arley e sua Orquestra de Catanduva. É uma das 13 orquestras registradas no livro “Big Bands Paulistas – História de orquestras de baile do interior de São Paulo”, lançado pelas Edições SESC.
O lançamento para o público em geral foi na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), em julho de 2017. Agora o livro está sendo lançado em unidades do SESC, como a da Vila Mariana, em São Paulo, no último dia 31 de janeiro, e agora a de Campinas, amanhã. Já estão previstos lançamentos nas unidades de Franca e São José do Rio Preto, de onde vieram outras Big Bands documentadas no livro, que é inédito sobre aquele momento muito especial da vida política, econômica e cultural do Brasil.
O projeto teve início com a pesquisa de José Ildefonso Martins, que há muitos anos estuda o fenômeno das Big Bands, orquestras inspiradas nas formações norteamericanas, que fizeram muito sucesso nas décadas de 1920 e 1930. As Big Bands brasileiras surgiram a partir dos anos 1930, com o fortalecimento do rádio como veículo de comunicação de massa. Várias Big Bands fizeram sucesso no Rio e São Paulo, os centros culturais da época.
A partir da década de 1940 começaram a aparecer as Big Bands de cidades dinâmicas do interior de São Paulo, que tiveram seu desenvolvimento impulsionado pela cultura do café e pelas ferrovias. O livro de José Ildefonso Martins e José Pedro Soares Martins documenta 13 principais Big Bands, embora cite outras, como a Orquestra Mantovani de Assis, que brilharam pela alta qualidade de seus músicos, mas não deixaram um acervo que pudesse ser pesquisado e devidamente catalogado.
As orquestras enfocadas no livro são: Arley e sua Orquestra de Catanduva, Orquestra Cacique de Espírito Santo do Pinhal, Orquestra Láercio de Franca, Pedrinho de Guararapes, Sul América de Jaboticabal, Continental de Jaú, Renato Perez, Os Modernistas e Tropical Brazilian Band (as três de São José do Rio Preto), Nelson, Jadson e Leopoldo de Tupã e Blue Star de Rio Claro.
São muitos músicos excepcionais que tocaram nestas orquestras, como o caso de José Ferreira Godinho Filho, o Casé, para muitos especialistas o maior sax da história da música brasileira. Ele tocou em várias das orquestras, que iam arregimentar seus componentes durante o período da Quaresma, o único momento do ano em que, por razões religiosas, as Big Bands não tocavam nos clubes do interior de São Paulo e outros estados. No restante do ano, muita festa e alegria. Algumas orquestram tocavam em mais de 100 bailes por ano. O Brasil foi muito mais feliz.
José Ildefonso Martins é educador e pesquisador. José Pedro S.Martins é jornalista e escritor, autor de vários livros na área cultural, como “Festas Populares do Brasil” (2011), “Capoeira, um patrimônio cultural” (2011) e “Carnaval Encantado” (2013), todos pela Editora Komedi. O fotógrafo Adriano Rosa teve participação importante no projeto, no registro de entrevistas, nas fotos de entrevistados e na reprodução de imagens antigas. O livro será vendido a R$ 60,00.