Por Eduardo Gregori
Produção da Netflix reconta as aventuras da família Robinson no espaço
Quem tem mais de 40 anos e é fã de seriados si-fi com certeza assistiu o clássico Perdidos No Espaço, produzido por Irwin Allen e levado ao ar pela rede de televisão norte-americana CBS entre os anos 1965 e 1968. A história, para quem não se lembra, narra a trajetória da família Robinson em uma Terra superpovoada no futuro (em 1997), e que tenta colonizar um planeta bem parecido com o nosso no sistema Alpha Centauri.
Apesar da cativante família, formada pelo professor John Robinson, sua esposa Maureen, seus filhos Judy, Penny e Will e o Major Don West, quem ganha o verdadeiro destaque é o Dr. Zachary Smith, enviado para sabotar a missão, mas que acaba preso na nave Jupiter e se junta ao grupo.
Apesar de ser o antagonista e vilão da história, a covardia e dúbia personalidade de Dr. Smith são os ingredientes que dão ao cientista um humor que o torna o personagem mais amado da série, ao lado do robô de Will. Impossível esquecer a fala dele “Perigo, Will Robinson, perigo”.
A saga dos Robinsons foi revistada no cinema em 1998 pelas mãos do diretor Stephen Hopkins. Aqui, a história se passa em 2058 e o elenco tem nomes de peso como William Hirt, que vive John Robinson e Gary Oldmen, na pele do ardiloso Dr. Smith. A produção cinematográfica foca na fragilidade de Will e sua relação com Dr. Smith, que na interpretação de Gary Oldmen assume um ar soturno e acaba por se tornar uma criatura grotesca.
Agora, Perdidos no Espaço ganhou uma nova produção, original da plataforma de streaming Netflix. Produzida pela Legendary Television, Synthesis Entertainment e Applebox, a série, que estreou em abril, conta, em 10 episódios, a história pregressa dos Robinsons antes de ficarem, de fato, perdidos no espaço.
A direção optou também por dar um tom mais politicamente correto ao seriado. Dr. Smith deu lugar à uma Dra. Smith e Judy, uma das filhas de John e Maureen é adotada e afro-americana. A relação “família propaganda de margarina” também ficou no passado. John e Maureen vivem uma relação fracassada na Terra e não se empenham, nem pelos filhos, a tentarem se entender.
Will, que na série original é mostrado como um menininho típico americano dos anos 1960, aqui ganha tons mais pesados no enfrentamento de seus medos, fruto da relação quase inexistente com pai.
Um dos grandes destaques do seriado é a Dra. Smith, uma mulher que rouba a identidade da irmã para conseguir embarcar na nave Resolute, que carrega não apenas os Robinsons, mas uma centena de outras famílias em pequenas naves Jupiter, para colonizar Alpha Centauri.
A personagem ganha a alcunha de Dra. Smith ao roubar outra identidade a do verdadeiro cientista, ferido durante o ataque de um robô, que mais tarde se torna amigo e protetor de Will. A carga dramática da Dra. Smith é focada na arte que ela tem de manipular pessoas e situações a qualquer custo, incluindo assassinato.
A relação entre Will e seu robô também é narrada de forma diferente do original. Em 1965, a máquina foi construída pela família Robinson para proteger a missão. No cinema quem a constrói é Will Robinson, enquanto que na Netflix, o robô é um ser alienígena que ataca a Resolute depois que o governo da Terra rouba dos robôs uma espécie de propulsor ultramoderno. Durante o ataque, colonizadores e o próprio robô caem em um planeta. Will o encontra quase morto e o salva. A partir deste momento, a dupla se une como melhores amigos.
A primeira temporada termina explicando como os Robinson se perdem no Espaço. O final, claro, dá margens para uma segunda temporada, confirmada pela Netflix. Até lá, fica a vontade de querer ver mais.
Assista ao trailer: