As chuvas dos últimos dias não foram suficientes para a recuperação do Sistema Cantareira, conjunto de reservatórios que abastece metade da Grande São Paulo. Neste domingo o nível dos reservatórios continuou caindo, para perigosos 8,8%, e se a média de chuvas em dezembro continuar abaixo das médias históricas o caos será inevitável no abastecimento da região mais populosa e rica do Brasil. Os reflexos também serão sentidos na Região Metropolitana de Campinas (RMC), que igualmente recebe águas do Cantareira, através do rio Atibaia, um de seus formadores. Nesta primeira semana de dezembro, inclusive, devem ser definidas as regras de restrição de uso de águas dos rios Atibaia e Jaguari, nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), em função da estiagem histórica. Se o Cantareira continuar caindo no ritmo atual, ele chegará a pouco mais de 5% em janeiro de 2015, prenúncio de catástrofe no próximo ano.
As chuvas localizadas dos últimos dias contribuíram para pequenas melhorias nos outros sistemas de abastecimento de água da Grande São Paulo. O Sistema Guarapiranga, que chegou a 31,9% em 25 de novembro, estava em 33,7% neste domingo. O Sistema Cotia, que estava em 27,8% no dia 25, chegou a 29,9% hoje. O Sistema Rio Claro, que atingiu 30,3% no dia 26, chegou neste domingo a 32,1%. O Sistema Alto Tietê também continua caindo, chegando a 5,7% neste dia 30 de novembro. O Sistema Rio Grande estava com 63,8%, mesmo volume de 23 de novembro.
Os especialistas observam que é necessário chover muito durante o Verão para que os reservatórios comecem 2015 com níveis razoáveis. Do contrário, a crise hídrica no ano que vem pode ser ainda pior. O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, observou recentemente em audiência na Câmara dos Deputados que em janeiro de 2014 os reservatórios do Sistema Cantareira, em seu conjunto, já estavam muito abaixo da média histórica. Os reservatórios estavam com menos de 30% de sua capacidade, menos do que o volume em janeiro de 2013 (menos de 50%) e janeiro de 2012 (menos de 70% da capacidade). Assim, a única esperança de não haver um colapso em 2015 é com chuvas intensas na região do Cantareira ao longo de dezembro e janeiro.
Termina nesta segunda-feira, dia 1º de dezembro, o prazo para que os usuários de águas nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), onde está a Região Metropolitana de Campinas (RMC), apresentem sugestões à proposta de restrições do uso da água nessas bacias, em decorrência da crise hídrica histórica. O Consórcio Intermunicipal das Bacias PCJ apresentará três novas sugestões à minuta com as propostas de restrição, elaborada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) de São Paulo.
Uma das proposta é, seguindo princípio de isonomia, que as mesmas regras de restrição observadas nas bacias PCJ também sejam válidas para a Grande São Paulo, no caso aplicadas na operação do Sistema Cantareira. O Cantareira, que está operando com a segunda parte do Volume Morto, retira águas da bacia do rio Piracicaba para abastecer metade da Grande São Paulo. Como haverá restrições para o uso da água na bacia do Rio Piracicaba, em algumas situações, o Consórcio entende que as regras também sejam válidas, nas mesmas proporções, no caso da operação do Cantareira. Haverá restrições para abastecimento humano, industrial e agrícola, dependendo a criticidade da situação das vazões.