O governo de São Paulo sabe desde 2010 que poderia haver uma crise hídrica no estado, e principalmente na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), até 2015, se não fossem feitos investimentos adequados em relação ao Sistema Cantareira e a outros dois importantes sistemas produtores de água para o mais importante centro urbano, industrial e econômico do país. A advertência para essa demanda está contida no Atlas Brasil, um estudo aprofundado da situação da oferta e demanda de água em todo território nacional, elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA).
O Atlas, de 2010, contém um estudo minucioso da situação do abastecimento em todos os 5.565 municípios brasileiros. O estudo avaliava a situação dos mananciais e dos sistemas produtores de água em todos os municípios e indicava as ações necessárias para se evitar um colapso no sistema de abastecimento até 2015 e, também, os investimentos necessários até 2025.
Considerando apenas o município de São Paulo, por exemplo, o Atlas indicava que o Sistema Cantareira, responsável por 54% do abastecimento municipal, necessitava “um novo manancial”. O Cantareira é formado pelas represas Jaguari, Jacareí, Atibainha, Cachoeira e Paiva Castro, alimentadas com águas da bacia do rio Piracicaba, nas nascentes dos rios Atibaia e Jaguari.
“Um novo manancial” também era sugerido para o Sistema Guarapiranga, formado pela represa Guarapiranga, pela reversão Billings-Taquacetuba e pelo Rio Capivari. O Guarapiranga é responsável por 30% do abastecimento da capital paulista. Já com relação ao Sistema Alto Tietê, o Atlas Brasil sugeria “ampliação do sistema”. O Sistema Alto Tietê é formado pelas represas Paraitinga, Biritiba, Ponte Nova, Jundiaí e Taiaçupeba e é responsável por 11% do abastecimento de São Paulo.
Os Sistemas Cantareira e Alto Tietê são justamente aqueles com menor volume de água no final de 2014. O Cantareira tinha 8,2% e o Alto Tietê, 5,1% nesta sexta-feira, 5 de dezembro. O Guarapiranga, para o qual o Atlas Brasil saugeria “um novo manancial”, estava com 32,3% hoje.
Com relação ao Sistema Rio Claro, responsável por 5% do abastecimento do município de São Paulo, o Atlas Brasil considerava satisfatória a sua condição até 2015. Pois nesta sexta-feira, 5 de dezembro, o Sistema Rio Claro tinha 29,9% de sua capacidade.
Uma das soluções propostas pelo Atlas Brasil para melhorar a oferta de água para São Paulo era o Sistema São Lourenço, avaliado em R$ 999 milhões 437 mil em julho de 2010. O Sistema São Lourenço prevê a captação de água no rio Juquiá.
Nesta quinta-feira, foi anunciado que o governo de São Paulo receberá R$ 2,6 bilhões, com grande parte de recursos da União, para a construção de um novo sistema adutor de água para a Grande São Paulo, justamente o Sistema São Lourenço, apontado no estudo de 2010 da ANA. O anúncio foi feito pela presidente Dilma Rousseff e o governador Geraldo Alkmin.
Entretanto, o Sistema Produtor São Lourenço não resolve a curto prazo a crise hídrica no Estado, pois estará pronto somente em 2017. Com isso, permanece o risco de um caos no abastecimento em 2015, se não chover o suficiente para a recomposição adequada dos reservatórios do Sistema Cantareira, que continuam caindo, chegando a 8,2% nesta sexta-feira.
Com o cantareira alagando cidades ribeirinhas com 97,6% de sua capacidade em Jan/2010, e que vinha subindo ano após ano desde 2004, a ANA alertou para a “Falta de Água” em SP…
Puxa, que profetas!!
Fazer relatório de 2010 em 2015 é fácil…