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LISBOICES: Um passo para trás
Lisboa segue tateando (Foto Eduardo Gregori)

LISBOICES: Um passo para trás

Por Eduardo Gregori

Portugal foi um grande exemplo durante o confinamento. Ficamos trancados em casa e nas ruas era um silêncio sepulcral. Foi só levantarem as restrições e a Grande Lisboa passou do exemplo ao desastre. Era natural que os casos de infectados pelo Novo Coronavírus subissem quando as pessoas tivessem de sair para voltar ao trabalho. Foi assim na Alemanha que também desconfinou a população nos mesmos passos portugueses. Lisboa agora lidera o número de novos casos de Covid-19 no país.

Podia ter sido diferente? Podia. Há quem procure culpados e há muitos: transportes públicos a trabalhar em 50% causando menos distanciamento, festas clandestinas promovidas por jovens, população idosa que insiste em sair de casa sem necessidade, multas definidas tardiamente pelo governo.

O governo pensou que toda a população teria o civismo de seguir o que foi feito durante o período de confinamento obrigatório, mas as coisas não correram como o esperado. Na linha de Cascais, mais de 200 jovens brasileiros promoveram uma festa e juntos promoveram ainda mais o preconceito com nossa nacionalidade.

Cedo ou tarde o governo teve de agir e agora parece controlar um pouco melhor a situação. Agora, vivemos com uma certa restrição Tudo fecha às 8h da noite, foi proibido o consumo de álcool nas vias públicas, agrupamentos de pessoas podem ser de no máximo cinco indivíduos, salvo se forem da mesma família e viverem debaixo do mesmo teto. Agora também há multas para quem desobedece.

Minha agenda de shows estava completa para o mês de julho mas tive que desmarcar tudo outra vez. Viver na pandemia é isso, uma surpresa atrás da outra todos os dias. Estas medidas obviamente têm como objetivo conter a pandemia e preservar quem não foi infectado. Mas, na verdade, esconde um medo que paira sobre a Europa, a segunda onda.

O problema de uma segunda onda é o estrago que ela vai causar em uma economia já frágil. Não poderemos ficar em casa isso porque muitos setores ainda nem voltaram a funcionar.

Depois de quatro meses fui à zona turística da cidade. Fui tomar café com um amigo em Alfama, o coração do fado e das festas populares. Sentamos do lado de fora de um café e sentimos alívio pelo distanciamento.

Meu amigo do Rio Grande do Sul me diz que prefere Lisboa assim, a meio gás. Se fosse um dia normal não teríamos encontrado um lugar para passar a tarde a por as fofocas em dia. Concordo com ele. O turismo em Lisboa me sufoca, confesso.

Lembro-me que é verão e que as fronteiras da União Europeia foram abertas. Tenho medo que a cidade volte a encher de estrangeiros. Já há tantos casos na cidade, imagine se alguém traz de fora.

Apesar de tantas incertezas a cidade vai tentando voltar, tateando aqui e alí na esperança de encontrar um ponto de equilíbrio. Demos um passo atrás, com a certeza de foi o mais prudente para que possamos seguir adiante daqui a algum tempo.

contato: info@euporai.pt

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Sobre Eduardo Gregori

Eduardo Gregori é jornalista formado pela Pontifícia Católica de Campinas. Nasceu em Belo Horizonte e por 30 anos viveu em Campinas, onde trabalhou na Rede Anhanguera de Comunicação. Atualmente é editor do blog de viagens Eu Por Aí (www.euporai.com.br) e vive em Portugal