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Crise hídrica, ODS, solo, última chance para o clima: o ambiente em 2015
Cantareira continua em queda: risco de desabastecimento (Adriano Rosa)

Crise hídrica, ODS, solo, última chance para o clima: o ambiente em 2015

A Conferência em Paris que será a última tentativa para amenizar as mudanças climáticas, a Conferência em Nova York que consagrará os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para o período 2016-2030, o enfrentamento da crise hídrica que deve persistir ao longo do ano em todo o Brasil. Estes serão alguns dos destaques ambientais em 2015, em âmbito brasileiro ou de dimensão mundial com reflexos também no Brasil, segundo a Agência Social de Notícias.

1. Crise hídrica – Tudo indica que a crise hídrica de 2014 vai se prolongar em 2015, atingindo várias partes do Brasil, mas sobretudo no estado de São Paulo e no Nordeste. Os reservatórios do Sistema Cantareira, que abastecem metade da Grande São Paulo e têm impacto no abastecimento na região de Campinas, estavam neste domingo, 28 de dezembro, com 7,3% da capacidade. No ano passado, na mesma época, estavam em 27%, índice que já era baixo – 2014 começou com os reservatórios a pouco mais de 20% da capacidade, o que gerou a necessidade de utilização do Volume Morto a partir de maio, uma vez que choveu muito menos do que a média histórica ao longo do ano. Em outubro passou a ser utilizada a segunda e última cota do Volume Morto. Sem chuvas intensas até janeiro, que recomponham razoavelmente os reservatórios, é muito grande a possibilidade de que a crise hídrica em 2015 seja ainda mais forte e impactante na região mais populosa e rica do país. As obras projetadas para ampliar a oferta de água para a Grande São Paulo e região de Campinas (como duas barragens projetadas para os rios Camanducaia e Jaguari) não ficarão prontas antes de 2016.

2. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – Em setembro, em Nova York, será realizada a Conferência das Nações Unidas que marcará o balanço dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODMs), estabelecidos em 2000 e com vigência até 2015. Também será o momento de aprovação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, criados na Rio+20, em junho de 2012, no Rio de Janeiro, e que valerão até 2030. O meio ambiente estava presente em apenas um dos ODMs mas será o tema, ou estará muito forte, em 11 dos prováveis 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Estes são os 17 ODS que devem ser aprovados em setembro na ONU: *

1. Erradicação de todas as formas de pobreza, em todos os lugares. 2. Combate à fome, com o alcance de segurança alimentar e nutrição adequadas e promoção da agricultura sustentável. 3. Promoção da vida saudável e do bem estar para todos, em todas as idades. 4. Educação de qualidade e ao longo de toda a vida, para todos. 5. Igualdade de gênero e capacitação de todas as mulheres e meninas em todos os lugares.6. Garantir a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. 7. Garantir energia acessível, confiável, sustentável e moderna para todos. 8. Promover um crescimento sustentado e inclusivo, com emprego pleno e produtivo e trabalho digno para todos. 9. Construir infraestruturas resistentes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e promover a inovação. 10. Reduzir a desigualdade dentro e entre países. 11. Construir cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, fortes e sustentáveis​​. 12. Assegurar consumo e produção sustentáveis. 13. Tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus impactos. 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. 15. Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, a gestão sustentável das florestas, combate à desertificação, barrar e inverter a degradação do solo e barrar a perda de biodiversidade. 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis ​​e inclusivas em todos os níveis. 17. Reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

3. Conferência de Paris sobre o Clima – Paris vai sediar, em dezembro de 2015, a Vigésima Primeira Conferência das Partes da Convenção das Mudanças Climáticas (COP-21). Será a última tentativa de estabelecimento de um acordo global para reduzir as emissões atmosféricas de origem humana que estão contribuindo para o agravamento das mudanças climáticas. Os mais céticos entendem que não há mais tempo, Paris apenas tentará amenizar as mudanças já em curso. Os mais otimistas entendem que os impactos das mudanças climáticas têm sido tão evidentes que os governos finalmente se sensibilizarão sobre a gravidade da situação global e aprovarão medidas um pouco mais enérgicas.

4. Biodiversidade – Deve ser finalmente aprovado em 2015 pelo Congresso Nacional o projeto que trata de novas regras para a exploração da biodiversidade brasileira, cujo valor é estimado em mais de R$ 4 trilhões e que tem sido alvo histórico de biopirataria. A matéria colocou novamente em disputa o agronegócio, de um lado, e grupos ambientalistas, cientistas e comunidades tradicionais, de outro, como já havia acontecido na controvérsia sobre o novo Código Florestal. O projeto do governo federal tenta regulamentar as regras brasileiras de exploração da biodiversidade, considerando que o país é signatário da Convenção da Diversidade Biológica, assinada por ocasião da Eco-92, em junho de 1992, no Rio de Janeiro. Ou seja, já mais de 20 anos o Brasil assinou a Convenção mas ainda não tem regras claras de como a sua rica diversidade biológica deve ser explorada, de modo a atender os interesses nacionais e, em particular, das comunidades onde essa biodiversidade está instalada.

5. Ano Internacional dos Solos – Aumentar a consciência sobre a importância do solo para a segurança alimentar e os serviços ecossistêmicos essenciais. Este é o propósito do Ano Internacional dos Solos, que será celebrado em 2015 conforme decisão da ONU e que estará sob a coordenação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cujo diretor-geral é o brasileiro José Graziano da Silva. Serão várias atividades ao longo do ano, proporcionado maior reflexão sobre a importância do manejo adequado do solo, uma das bases de sustentação da vida. Segundo a FAO, a não ser que sejam adotados novos enfoques, a superfície mundial de terra cultivável e produtiva por pessoa equivalerá em 2015 apenas a uma quarta parte do que existia em 1960. O manejo sustentável do solo, acrescenta a FAO, é fundamental para erradicar a fome no planeta, que hoje ainda atinge 800 milhões de pessoas: um centímetro de solo demora 1000 anos para se formar e, atualmente, 33% dos recursos mundiais de solos já estão degradados e o restante sob grande pressão com a urbanização crescente e outros vetores de crescimento insustentável.

Ano Internacional dos Solos: grande oportunidade para refletir sobre o manejo de uma das bases da vida

Ano Internacional dos Solos: grande oportunidade para refletir sobre o manejo de uma das bases da vida

 

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