O Sistema Cantareira chegou a esta terça-feira, 30 de dezembro, penúltimo dia do ano, com 7,3% da sua capacidade pelo terceiro dia consecutivo. A menos que chova muito, os reservatórios do Cantareira começarão 2015 com um terço do que tinham no início de 2014, cerca de 22%. Se não houver uma recomposição significativa nas próximas semanas, é muito alto o risco de caos no abastecimento em 2015 na região mais populosa e rica do Brasil. O setor produtivo acelera a busca de alternativas para evitar o colapso no próximo ano.
Formado por águas da bacia do rio Piracicaba, o Cantareira abastece metade da Grande São Paulo e tem ressonância direta no abastecimento público de muitas cidades na região de Campinas. Um ingrediente ainda mais inquietante é que os 7,3% deste final de 2014 apenas foram alcançados pelo uso do Volume Morto por parte da Sabesp, que gerencia o Sistema, desde maio. Em outubro passou a ser utilizada a segunda e última cota do Volume Morto.
O Cantareira começa então 2015 com menos de um terço do que tinha em janeiro de 2014, e agora sem a possibilidade de uso da reserva técnica do Sistema Cantareira. As alternativas apontadas pelo governo de São Paulo, como a construção do Sistema São Lourenço e de duas barragens na região de Campinas, representam obras que apenas estarão concluídas em 2016 ou 2017.
Além do setor público, o segmento produtivo também está muito atento e preocupado. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), por exemplo, promoveu vários encontros para discutir o tema, com a participação de especialistas. No último deles, dia 9 de dezembro, teve como convidado Jerson Kelman, ex-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA) e professor de recursos hídricos da Coppe, instituto de pós-graduação e pesquisa em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Hoje, São Paulo tem uma pressão de urgência total. Por isso, o critério fundamental é qual a obra que pode ser feita de forma mais rápida. E a ligação do Jaguari ao Atibainha é a mais fácil de ser executada no momento”, afirmou Kelman, que defendeu então a execução desse projeto para evitar uma crise ainda maior. O Atibainha é um dos reservatórios do Cantareira.