Abertura da programação do Brasil Climate Action Hub, na Conferência do Clima, em Sharm el-Sheikh, no Egito, reúne lideranças mulheres que estão fazendo diferença na ação climática
O papel das mulheres na agenda do clima abriu nesta terça-feira, 8 de novembro, os debates do espaço da sociedade civil da COP 27 em Sharm el-Sheikh, no Egito. Liderado pela The Nature Conservancy (TNC) no Brasil, Observatório do Clima, EmpoderaClima e Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE), o painel “Mulheres na ação climática” reuniu lideranças femininas à frente de movimentos jovens, comunidades tradicionais, empresas e sociedade civil para compartilhar experiências de sucesso no enfrentamento às mudanças climáticas e debater os desafios e estratégias para manter a floresta em pé e contribuir no objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C até o fim do século.
Segundo a articuladora do Grupo de Trabalho em Gênero e Clima do Observatório do Clima, Lígia Amoroso Galbiati, o objetivo das atividades é ampliar a conscientização sobre o papel de liderança que as mulheres, em especial as amazônicas de povos indígenas, ribeirinhos e comunidades locais, podem desempenhar na resposta contra as desigualdades e a falta de empoderamento.
“Tivemos uma atividade interativa na qual buscamos explorar, por meio de mediação gráfica e histórias de mulheres, as relações materiais entre gênero e mudanças climáticas, trazendo elementos sobre as diferentes realidades, políticas públicas e ações concretas promovidas pelas mulheres”, explica.
Além dos debates, o painel também promoveu atividades em grupo e conversas no estilo “TED Talks” sobre caminhos e soluções para a agenda do Clima. Para a diretora-executiva da ANDE, Richenda Van Leeuwen, “na busca de soluções sustentáveis, a equidade de gênero e o empreendedorismo feminino são fundamentais para alcançar o objetivo de uma solução sustentável duradoura”, afirma.
Gênero e clima
As discussões sobre gênero e clima vêm crescendo a cada ano e se intensificaram na COP 26, realizada no ano passado em Glasgow, na Escócia. Isso porque meninas mulheres são mais afetadas pelas mudanças climáticas. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), 72% do total de pessoas que vivem em extrema pobreza e que estão mais vulneráveis a desastres ambientais são mulheres. Já um estudo da Mary Robinson Foundation Climate Justice mostra que mulheres e crianças são 14 vezes vulneráveis aos desastres naturais que os homens.
Se por um lado elas são as mais afetadas, por outro ainda ocupam pouco espaço nas tomadas de decisões. De acordo com a diretora de Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil, Karen Oliveira, é preciso criar mais espaço para que as mulheres promovam suas ideias, sejam corajosas e líderes em seus campos.
“Ampliar a liderança e o engajamento feminino traz benefícios a longo prazo, além de ser essencial para o sucesso da conservação e a manutenção da floresta em pé. A TNC no Brasil está trabalhando para lidar com essas questões, criando e apoiando oportunidades para que povos indígenas e comunidades locais desempenhem um papel mais forte na tomada de decisões e gestão de recursos naturais, incluindo e empoderando aqueles que historicamente foram excluídos da tomada de decisões, formulação de políticas e apoio financeiro”, destaca.
Para apoiar os papéis das mulheres na conservação, a TNC usa intercâmbios de aprendizado para que elas aprendam umas com as outras e compartilhem suas histórias. A maioria das mulheres identifica as oportunidades de educação como vitais para melhorar o seu envolvimento na gestão dos seus recursos.
Segundo a diretora-executiva da Engajamundo e ponto focal de engajamento nacional da EmpoderaClima, Ana Rosa Cyrus, “as mulheres jovens estão fazendo a diferença, convocando as novas gerações a olharem de perto para essa agenda e, assim, gerarem pressão sobre os tomadores de decisão em momentos como a COP27”.