Nesta segunda-feira, 26 de janeiro de 2015, dois eventos consecutivos comprovam que Campinas e região avançam na quarta geração da ciência, tecnologia e inovação. Às 14 horas, na Unicamp, foi inaugurada a Rede Metropolitana de Campinas (Redecomep Campinas), que por 80 km de fibra óptica uniu todos os principais centros de ensino e pesquisa da cidade e região. A partir das 18h30, o Almanaque Café, também no distrito de Barão Geraldo, onde está a Unicamp, sedia o 1º Meetup de Inovação, iniciativa da Associação Campinas Startups e Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI). Eventos desse porte, aliados a fatos como o início da construção do Projeto Sírius (mais moderna fonte de luz síncroton do mundo), ratificam o salto da Região Metropolitana de Campinas (RMC) no âmbito da Sociedade do Conhecimento.
A quarta geração da ciência, tecnologia e inovação é caracterizada pela rapidez cada vez maior das conexões entre os produtores científicos e tecnológicos – o que pode ser exemplificado pela inauguração da Redecomep Campinas – e pela aplicação dos avanços em diversas áreas do conhecimento e da nova economia, como biotecnologia, comunicações, energias renováveis, química fina – campos em que as startups estão atuando com força cada vez maior.
A Redecomep Campinas é uma realização da Iniciativa Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep), ação dos Ministérios da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC), coordenada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), com apoio da Agência Brasileira de Inovação Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Foram investidos R$ 1,6 milhão em 80 km de rede óptica, unindo instituições de pesquisa e educação no município de Campinas. O projeto tem parceria com a Prefeitura e a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).
O 1º Meetup de Inovação, por sua vez, dará ênfase especial nas startups. Campinas tem se preparado para estimular as startups, uma das faces da quarta geração da ciência, tecnologia e inovação. Um dos chamados ecossistemas de inovação no Brasil, Campinas até conta, desde novembro de 2014, com uma lei para potencializar a “febre” de startups. É a lei de número 14.920, dispondo sobre a concessão de incentivos para startups, e que beneficia áreas como energia renovável, biotecnologia, comunicação e agricultura.
A lei estabelece isenção total do IPTU até o limite da área construída de 120 m2 ou do valor anual do imposto de 1.000 UFICs e redução da alíquota de ISSQN para 2% sobre a receita tributável de até 150 mil UFICs. Os pedidos de incentivos deverão ter a aprovação prévia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo. Com mecanismos dessa natureza, Campinas e região metropolitana consolidam, então, sua inserção na quarta geração da ciência, tecnologia e inovação.
As primeiras gerações – As gerações da ciência, tecnologia e inovação seguem naturalmente o curso da sociedade industrial e Campinas tem sido um exemplo no Brasil de atualização permanente. A primeira instituição científica da cidade é o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), fundado em 1887 ainda como Estação Agronômica Imperial por D.Pedro II, embora ela estivesse em sintonia com os anseios dos cafeicultores republicanos. Era o Brasil que ainda estava em transição, da economia baseada na agricultura para a indústria, o que configuraria a primeira geração da ciência, tecnologia e inovação. Na mesma linha foi criado em 1905 o Posto Zootécnico Central, atual Instituto de Zootecnia de Nova Odessa.
A segunda geração corresponde justamente ao aprofundamento das bases industriais, coincidindo em Campinas com a fundação das primeiras universidades, a PUC-Campinas, em 1941 (como Faculdades Campineiras), e a Unicamp, em 1962, pela Lei Estadual nº 7.655, de 28 de dezembro, alterada pelas Leis 9.715, de 30 de janeiro de 1967, e 10.214, de 10 de setembro de 1968.
Terceira e quarta gerações – A presença da Unicamp, sobretudo, foi fundamental a proliferação em Campinas e região de vários centros de ciência e tecnologia, em sintonia com uma nova fase da industrialização, mais avançada. Em sequência foram criados o Centro Tropical de Pesquisas e Tecnologia de Alimentos (depois Instituto de Tecnologia de Alimentos, ITAL), em 1063; Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás (CPqD), em 1976; o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI Renato Archer), de 1982; a Embrapa Informática Agropecuária, de 1985; e Embrapa Monitoramento por Satélite, em 1989.
Em 1998, com a privatização do Sistema Telebrás, o CPqD tornou-se uma fundação de direito privado. Hoje, é a instituição não acadêmica líder nacional na criação de software e uma das líder em depósitos de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
A indicação de que Campinas sempre esteve afinada com sua vocação para a ciência, tecnologia e inovação foi a criação da Companhia de Desenvolvimento de Polos de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec) que fundou os Parques Ciatec I e II. Muitos centros de pesquisa estão nesses parques. Em 2003 foi criada a Agência de Inovação da Unicamp, a Inova, um passo importante para a quarta geração da ciência, tecnologia e inovação na cidade e região.
Nos primeiros anos do século 21, Campinas recebeu novos centros de pesquisa e desenvolvimento, consolidando a quarta geração. Casos dos laboratórios nacionais de Biociências (LNBio), de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e de Nanotecnologia (LNNano), vinculados ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), mantido com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
No começo de 2015, simbolizando como nenhuma outra iniciativa a imersão de Campinas e região nessa quarta geração, típica do dinamismo da Sociedade do Conhecimento, foram iniciadas as obras do Projeto Sírius, o novo conjunto de fontes de luz síncroton brasileiro. Com a previsão de início de funcionamento em 2018, o Sírius será um dos dois complexos de fontes de luz síncroton de quarta geração do planeta – a outra está em construção na Universidade de Lund, na Suécia. O investimento total previsto é de R$ 1,3 bilhão, sendo grande parte dos recursos destinada pelo MCTI. É um salto em relação à fonte existente no Laboratório Nacional de Luz Síncroton, fundado em 1987.
As pontes para o século 21 foram definitivamente lançada pelo polo de ciência, tecnologia e inovação de Campinas. O desafio é colocar todo o seu potencial a serviço do desenvolvimento sustentável da cidade e região.