As chuvas de fevereiro contribuíram para melhorar a situação do Sistema Cantareira, que abastece boa parte da Grande São Paulo e repercute na região de Campinas, mas a crise hídrica “não acabou”. A advertência foi feita na tarde desta quarta-feira, 18 de março, em Campinas, pelo presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu. Ele participou de uma conversa com membros da mídia independente, na Associação Campineira de Imprensa (ACI), depois de estar em um Fórum na Unicamp.
Vicente Andreu destacou que o equacionamento da crise hídrica que afeta boa parte da Região Sudeste e o Semiárido nordestino depende “de um grande pacto, envolvendo vários atores, mas esse pacto depende de que seja observada a transparência das informações”. Para o presidente da ANA, a crise da água tem demonstrado que o atual sistema de gestão dos recursos hídricos não tem mecanismos suficientes para atuar em épocas críticas como a atual.
O dirigente acredita que é fundamental o maior entendimento sobre como funciona o sistema de gestão de recursos hídricos no Brasil. O uso múltiplo das águas, o funcionamento dos comitês de bacias hidrográficas e outros pontos compõem um sistema complexo e que precisa ser melhor conhecido.
Para Andreu, o futuro da crise hídrica e depende da “correlação de forças, que por sua vez está ligada à importância que a sociedade dá para o tema”. Se, com as chuvas recentes, o tema desaparecer da agenda pública, as soluções tendem “a ficar nos gabinetes”, avisa. Ele propõe, então, maior participação social na discussão.
Andreu participou na Unicamp do Fórum Sustentabilidade Hídrica: Perguntas, Desafios e Governança, que reuniu vários especialistas para discutir saídas para a crise.