O desfile de 2016 da City Banda foi um novo sucesso de público, com mais de 25 mil pessoas nas ruas do Cambuí, mas a direção da “confederação de blocos” admite estar estudando a possibilidade de que a festa não se repita no Carnaval do próximo ano. Apesar da enorme afluência, com a participação de mais de 40 blocos, a diretoria da City Banda revelou ter sido registrado “praticamente prejuízo” no balanço final e, sem um apoio substancial e concreto, por parte do poder público e da iniciativa privada, é forte a hipótese de não sair em 2017. Já está decidido que a City Banda não circulará mais pelo Centro de Convivência Cultural, como a Agência Social de Notícias informou no início da tarde de domingo, 31 de janeiro.
Segundo Paulinho Lima, membro da diretoria, a City Banda foi surpreendida com a suspensão de apoio financeiro e, também, com a cobrança de uma taxa de mais de R$ 11 mil por parte da Prefeitura, pouco antes da realização do desfile. “Quando acontece algo assim, um planejamento de mais de seis meses é quebrado”, diz o dirigente. “Sem um apoio robusto em 2017, podemos não sair”, reitera ele.
Lima informa que a principal fonte de renda da City Banda é a venda de abadás. Neste ano foram comercializadas 1.000 unidades. “Esta é a nossa grande fonte de receita. Não importa se saiam 20 ou 40 mil pessoas, é com isso que contamos”, assinala. Feitas as contas, com todas as despesas cobertas, os números ficaram quase no vermelho, garante. “É um trabalho gigantesco e uma despesa enorme, e muitos acabam se beneficiando. Mas essa moleza vai acabar, se não estivermos garantidos por um planejamento financeiro bem sólido”, acrescenta o dirigente, que reconhece o apoio que a Prefeitura deu em itens da estrutura, como os banheiros químicos, e saúda a parceria com a Band FM.
O diretor de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura, Gabriel Rapassi, afirmou que deve ser buscada uma solução de planejamento financeiro para 2017, de modo que “uma justa divisão de responsabilidades” evite a inviabilização da City Banda no Carnaval do próximo ano. Segundo o diretor, a Secretaria de Cultura admite ter a City Banda arcado com as despesas de uma estrutura que acabou sendo utilizada por blocos que não contribuíram com as despesas.
Rapassi observa que a City Banda montou uma estrutura de camarote, que envolveu o pagamento de vários serviços e do uso de solo público. Estes custos “deveriam ser compartilhados” por todos que o utilizam a estrutura montada, completa o diretor de Cultura. Ele nota que a Prefeitura, de sua parte, investiu na disponibilização de “uma quantidade considerável de banheiros químicos”.
“Se hoje uma pessoa que compra um celular deve se responsabilizar por recolher a bateria, quem vende em open bar montado em solo público também deve se responsabilizar de alguma forma pelos efeitos que essa atividade traz para o solo público”, compara Rapassi, novamente se referindo à utilização da estrutura montada pela City Banda oficial, por grupos que não compartilharam das despesas. “Concordamos com a reflexão e queremos construir uma solução coletivamente, com todos os atores sociais envolvidos, para que essa importante manifestação popular seja duradoura e sustentável”, completou o diretor.
Este é o mesmo pensamento, salienta, em relação à mudança de endereço da City Banda em 2017. “O tamanho que tomou a confederação de blocos não é comportado mais pela praça”, destaca Gabriel Rapassi, em referência à Praça Imprensa Fluminense, onde está instalado o Centro de Convivência Cultural de Campinas. O diretor assinala que a Secretaria Municipal de Cultura quer participar de uma “solução discutida em conjunto” com a própria City Banda e outros setores envolvidos.