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Com zika vírus e crise hídrica, Campanha da Fraternidade ecumênica de 2016 assume maior significado
Campanha da Fraternidade de 2016 será momento importante para a reflexão sobre o saneamento, incluindo as condições dos rios: em agosto de 2014, rio Piracicaba seco reafirmava urgência de maior cuidado com relação aos recursos naturais (Foto José Pedro Martins)

Com zika vírus e crise hídrica, Campanha da Fraternidade ecumênica de 2016 assume maior significado

A propagação do zika vírus, da dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e, de forma associada, a recente crise hídrica que atingiu grande parte do país darão uma dimensão ainda maior para a Campanha da Fraternidade de 2016, que será aberta nesta quarta-feira, 9 de fevereiro, e terá novamente caráter ecumênico. O foco da Campanha da Fraternidade deste ano é justamente discutir a questão do atraso do saneamento no Brasil. E a falta de saneamento adequado, para mais da metade da população brasileira, é uma das principais causas da proliferação do mosquito, que tem conseguido vencer todas as políticas públicas na área sanitária.

O tema da Campanha da Fraternidade 2016 é “Casa comum, nossa responsabilidade”, tendo como inspiração a encíclica Laudato si, lançada em junho de 2015 pelo papa Francisco, mas também o Programa Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), que o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) tem implementado desde o final da década de 1980, como já informou a Agência Social de Notícias (ver aqui)

Neste ano, a Campanha será de novo promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), configurando o seu perfil ecumênico. “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”, um versículo de Amós, 5, 24, é o lema da CF 2016.

Justiça na área do saneamento é a principal reivindicação da Campanha. O texto-base lembra, por exemplo, que 100 milhões de brasileiros, cerca de metade da população do país, não têm acesso à rede pública de coleta de esgoto. Além disso, somente 39% dos esgotos são tratados, o que indica um cenário de muitos desafios para os próximos anos, talvez o maior em termos de combate às condições de multiplicação do Aedes aegypti.

“O abastecimento de água potável, o esgoto sanitário, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos, o controle dos meios transmissores de doenças e a drenagem de águas pluviais são necessários para a saúde e a dignidade de vida”, observa o texto-base da Campanha. “O acesso à água potável e ao esgoto sanitário são essenciais para a erradicação da pobreza e da fome, para a erradicação da mortalidade infantil e para a sustentabilidade ambiental”, completa o documento.

A Campanha da Fraternidade também será um momento de reafirmação da necessidade de construção e execução de Planos Municipais de Saneamento Básico, e de denúncia da “privatização dos serviços de saneamento básico, pois eles devem ser política pública como obrigação do Estado”.

Acima de tudo, a Campanha ecumênica fará um apelo à união nacional, a partir da união dos cristãos, pela melhoria substancial nas condições sanitárias, ambientais e sociais. E união nacional é tudo o que o Brasil demanda neste momento. (Por José Pedro Martins)

 

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