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Museu do Amanhã lança perguntas sobre o que podemos fazer por um futuro melhor
Inaugurado há dois meses, o Museu do Amanhã no Rio de Janeiro foi construído na histórica Praça Mauá em frente à Baía da Guanabara Fotos: Adriana Menezes

Museu do Amanhã lança perguntas sobre o que podemos fazer por um futuro melhor

Por Adriana Menezes

Promover um diálogo possível com o futuro e com a vida (na Terra ou no Cosmo) pode parecer uma proposta muito ousada para quem não acredita no amanhã, mas, para quem acredita, esse é o desafio. O Museu do Amanhã abraçou essa ideia e abriu suas portas há dois meses no Rio de Janeiro, dia 19 de dezembro de 2015, na histórica Praça Mauá em frente à Baía da Guanabara. Dentro do museu, a ciência em linguagem poética conduz o visitante de forma sensorial e interativa.

A Agência Social de Notícias visitou e gostou. Antes de conhecer, gostou da iniciativa porque, em um país com 200 milhões de habitantes e apenas 3,2 mil museus mapeados (um para cada 62,5 mil habitantes), a criação de um novo museu deve ser sempre comemorada.

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A despeito de não ser uma solução para as demais emergências do País, trata-se de um investimento na educação, na formação, na consciência e no futuro. Museu, afinal, é um espaço de compartilhamento do saber, lugar de conhecimento com um toque lúdico e aprazível. Com ou sem polêmica, o Museu do Amanhã é mais um patrimônio que merece ser conhecido e preservado.

Nossa responsabilidade

No lugar de respostas, o museu lança perguntas ao visitante, que não consegue sair de lá sem se sentir responsável pelo que fomos ontem, o que somos hoje e o que seremos amanhã. A exposição principal do museu experencial está organizada em cinco grandes temas: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhã e Nós. Dentro do tema Terra, a pergunta central é ‘Quem somos?’ No Antropoceno, a questão é ‘Onde estamos?’

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O espaço é inovador em quase tudo: na tecnologia, na arquitetura, na organização do conteúdo, nos textos, na programação e, especialmente, na abordagem. O conteúdo faz um mix de museus de ciências, antropologia, história natural, tecnologia e arte. São dados oriundos de 80 entidades diferentes, nacionais e internacionais.

Construção coletiva

Nas instalações audiovisuais, o público interage, participa e reflete, sempre sob a perspectiva da sustentabilidade e dentro do fundamento conceitual de construção coletiva da civilização.

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Nas primeiras três semanas, o museu recebeu mais de 100 mil visitantes. Para conseguir entrar, o visitante enfrentou filas de até três horas. Segundo os funcionários, há um controle necessário no fluxo para manter em média 2,3 mil pessoas na área interna.

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O Museu do Amanhã, portanto, já entrou para a lista prioritária de atrações turísticas do Rio de Janeiro, inclusive por estar ao lado do Museu de Arte do Rio (MAR) e do centro histórico da cidade e zona portuária que passam por processo de revitalização. Em janeiro teve início uma programação especial de palestras e atividades permanentes (museudoamanha.org.br).

Referências

O investimento do empreendimento foi de cerca de R$ 300 milhões, com recursos do Banco Santander, Fundação Roberto Marinho e Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, em parceria público-privada (PPP), e apoio dos governos estadual e federal.

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O visitante brasileiro que frequenta museus perceberá a semelhança que existe com os museus da Língua Portuguesa e do Futebol, em São Paulo, especialmente nos recursos audiovisuais e na interatividade. Os três museus foram desenvolvidos pela mesma Fundação Roberto Marinho.

Quem costuma visitar museus fora do Brasil também identifica outras referências de museus de ciências. Já na arquitetura, muita gente vai lembrar das curvas dos corredores internos do Guggenheim Museum de Nova York, criadas pelo lendário arquiteto Frank Lloyd Wright. Uma semelhança que em nada diminui a inquestionável originalidade e beleza da obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, responsável pelo projeto do Museu do Amanhã. O hall da entrada principal é iluminado pela luz natural que vem de um vitral na fachada do prédio, com desenho semelhante ao que está no teto do Guggenheim.

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Arquitetura

Foram cinco anos de obra – com três anos de atraso – para a conclusão do projeto de Santiago Calatrava, famoso por suas estruturas metálicas que se transformam em monumentos. A ‘cobertura’ formada pela estrutura metálica do Museu do Amanhã tem o desenho inspirado na flora brasileira, que já lhe rendeu diversos apelidos – reações comuns a muitas obras arquitetônicas inovadoras, a exemplo da Casa Rietveld, do movimento De Stijl, na Holanda.

A estrutura metálica se movimenta, o que permitirá a instalação de painéis fotovoltaicos para captação de energia. O resfriamento do ambiente interno acontece por um processo que utiliza a água da Baía da Guanabara. Ao redor do prédio, há um grande espelho d’água que funde a imagem do museu à paisagem local. O prédio do museu, propriamente dito, consiste em uma estrutura monolítica de concreto de 15 mil metros de área e dois andares, construído sobre um píer sustentado por 30 mil metros de pilares submersos.

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E o hoje?

Mas nem tudo são flores no Museu do Amanhã. Talvez seja isso o que mais lhe falta: flores e plantas para amenizar o calor escaldante a que são submetidos os visitantes nas longas filas debaixo de sol. Isso já foi alvo de inúmeras críticas nesse breve espaço de tempo.

Para os turistas estrangeiros, uma grande fila em museu não é novidade – até na Disney um brasileiro espera horas no calor para entrar em um único brinquedo. Mas o sol daqui, definitivamente, é mais forte que no Hemisfério Norte. Essa questão tão simples e tão básica poderia ter sido equacionada antes que chegasse o Amanhã.

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Ele também tem sido considerado por muitos uma afronta pela sua grandiosidade e modernidade, dentro de uma cidade e um País que carecem de tantas outras prioridades. No entanto, a má gestão histórica do dinheiro público e a falta de políticas públicas definidas e comprometidas com a melhoria do país, em suas diversas áreas, não podem engessar e travar a realização de projetos inovadores com poder de transformar uma política ou um país.

A realidade do século 21 nos obriga a adotar um novo olhar de responsabilidade e prevenção sobre o futuro. O Museu do Amanhã chegou tarde, mas ainda pode contribuir para um futuro melhor.

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Sobre Adriana Menezes

Um comentário

  1. Tudo lindo e maravilhoso no papel, a SAMARCO até agora não fez nada, como vou explicar isto para o meu aluno?

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