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Grupo Rotunda encena A Cantora Careca em temporada no TAO, em Campinas
Cena de A Cantora Careca, que o Grupo Rotunda e TAO Produções encenam em Campinas (Foto João Maria)

Grupo Rotunda encena A Cantora Careca em temporada no TAO, em Campinas

Um dos textos mais importantes do teatro moderno, e que permite reflexões mais do que atuais, por exemplo sobre as camadas de preconceito mantidas em muitos círculos sociais, “A Cantora Careca”, do romeno Eugène Ionesco, será encenado no Teatro Arte e Oficio (TAO), em Campinas, pelo Grupo Rotunda. A temporada de estreia acontece nos dias 29 e 30 de abril e 06 e 07 de maio, no TAO, que fica na Rua Conselheiro Antônio Prado, 529, na Vila Nova.

“A Cantora Careca” teve sua estreia há quase 66 anos. Foi exatamente no dia 11 de maio de 1950, quando o planeta ainda tentava sair dos escombros da Segunda Guerra e a busca de sentido para a vida era generalizada. A peça faz parte do ciclo de dimensão metafísica de Ionesco (1909-1994), um dos grandes autores do teatro do absurdo, ao lado de Samuel Beckett (1906-1989), Jean Genet (1910-1986) e Arthur Adamov (1908-1970), embora provavelmente eles mesmos não aprovassem a classificação.

“Um repúdio aberto dos recursos racionais e do pensamento discursivo”, assim o crítico Martin Esslin, no clássico “O teatro do absurdo” (Tradução de Barbara Heliodora, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1968), resumiu a descrição do estilo que traduziu muitos sentimentos e emoções do pós-guerra. Um panorama em muitos aspectos próximo do atual, em que a intolerância e o cinismo são comuns e destruidores das genuínas relações humanas.

“A Cantora Careca” aborda a história de duas famílias inglesas do pós-guerra, decadentes e pertencentes à burguesia: Os Smith e os Martin. O tema principal centra-se na dificuldade de comunicação entre as pessoas. Não têm nada para dizer umas às outras, ficando completamente desconectadas.

As frases feitas, os clichês, os lugares comuns, passam a dominar a comunicação diária, eliminando desta maneira a autenticidade do seio das relações humanas, gerando seres autómatos, desprovidos de emoções, de paixões, de utopias, perfeitamente substituíveis uns pelos outros, como se se tratasse de verdadeiros clones. Seres que deixaram de pensar, absorvidos pelo mundo da alienação, do autismo, da demência, da realidade virtual. Não por acaso, o próprio Ionesco caracterizou a peça como “Tragédia da linguagem e da condição humana”.

A montagem do Grupo Rotunda e TAO Produções simplifica ao máximo os elementos da cena, reconhecendo o desejo de anti-teatro do autor, centrando-se no texto para reconhecer, uma vez mais, sua atualidade, criatividade e clarividência, antecipadoras de futuros problemas humanos, evidentes hoje. A peça apresentada em Campinas tem direção de Sara Lopes e supervisão geral de Teresa Aguiar.

No elenco estão, Ariane Porto, Joel Barboza, Delma Medeiros, Jota Oliveira, Ramiro Lopes, Sara Lopes e Sérgio Vergílio, cenários e figurinos da equipe e Produção: Luiza Pasim. Os ingressos custam $ 20,00 (inteira) e $10,00 (meia e idosos). Informações no telefone: (19) 3241-7217 

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