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Virada Popular confirma vigor da cena cultural independente em Campinas e região
A Virada Popular Cultural de Campinas teve muito rock, mas também vários outros estilos e vertentes (Foto Martinho Caires)

Virada Popular confirma vigor da cena cultural independente em Campinas e região

Ali era o lugar e a hora do “bom e velho rock´n roll”, como avisava a inscrição na perua Kombi da banda Gangster, que se apresentou no final da tarde ensolarada de sábado na Praça Arautos da Paz. Mas a Virada Cultural Popular de Campinas, que rolou até o final da noite de domingo, dia 29 de maio, mostrou muito mais, confirmando o vigor da cena independente da cidade e região. Hip hop e música popular, misturados com poesia, meditação e grafite, formaram um painel do potencial da cultura jovem, que pode chegar longe com um mínimo de apoio.

Com recursos limitados, viabilizados em cima da hora, a Virada Popular Cultural de Campinas contou com mais de 40 grupos e artistas solo, em uma maratona de quase 36 horas ininterruptas de som e disposição. Dois cartazes, entre tantos que foram expostos nas paredes do palco da Praça Arautos da Paz, resumiam o espírito da iniciativa dos organizadores: “Ocupar e Resistir” e “#Virada Popular Cultural”.

O espírito da iniciativa dos grupos de jovens (Foto Martinho Caires)

O espírito da iniciativa dos grupos de jovens (Foto Martinho Caires)

Foi uma reação espontânea, ao anúncio da Prefeitura de Campinas, cancelando os shows da Virada Cultural, marcados para este final de semana, no mesmo local. Com isso Campinas, que já teve uma Virada limitada em 2015, foi a única a cancelar os shows da Virada 2016, que aconteceu normalmente em outras cidades paulistas. A alegação foi falta de verbas.

Imediatamente, grupos que já promovem ações culturais independentes, como o Sarau Arte Viva, no Centro de Convivência, se mobilizaram para realizar uma Virada Popular Cultural. Uma Virada de fato, durando um dia e meio. O evento aberto no Facebook recebeu mais de 160 inscrições para apresentação durante a programação. A Secretaria Municipal de Cultura apoiou a realização.

Público diversificado, para um programa plural (Foto Martinho Caires)

Público diversificado, para um programa plural (Foto Martinho Caires)

E foi o momento de exposição de grupos e artistas solo de diferentes perfis. Pessoas como Phelippe Agnelli, que se apresenta geralmente na feira de artesanato do Centro de Convivência Cultural, no Cambuí, e fez um convite ao relaxamento e à meditação, no início da tarde de sábado. “Achei uma ótima oportunidade para divulgar o meu trabalho, em um evento gratuito para a população”, disse o artista. “Estamos precisando muito relaxamento e meditação nos dias de hoje”, completou.

Também animado estava Joe, que se apresentou no domingo. Ele é um dos participantes do Elo 19, um coletivo de hip hop que reúne dezenas de MC´s e outros artistas. “O hip hop se afastou muito do social e estamos tentando resgatar isso, as origens”, disse Joe, citando a movimentação que acontece em vários pontos da cidade, como no Jardim Monte Cristo e Parque Oziel, que nasceram de grandes ocupações. O Estúdio do Monte, por exemplo, é um local de confluência da cultura hip hop, disse Joe.

A marca do povo, no painel de expressão livre (Foto Martinho Caires)

A marca do povo, no painel de expressão livre (Foto Martinho Caires)

Com o espírito da irreverência e da informalidade, as bandas foram se alternando no palco, enquanto frequentadores habituais ou não da Praça Arautos da Paz se espalhavam pelo chão ou atendiam ao convite de deixar algo, um desenho, uma frase, uma assinatura, em um imenso painel de papel estendido no solo. Muitas crianças atenderam ao apelo, enquanto outras eram carregadas pelos pais, sendo assim iniciadas em um universo cultural rico e múltiplo, que transita fora e apesar das estruturais oficiais. (Por José Pedro Martins)  

GALERIA – CENAS DA VIRADA POPULAR CULTURAL DE CAMPINAS – FOTOS DE MARTINHO CAIRES

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