Capa » Cultura Viva » Após forte mobilização, área do Museu da Cidade será cedida a Campinas
Após forte mobilização, área do Museu da Cidade será cedida a Campinas
Edifício histórico da Lidgerwood, onde funcionava o Museu da Cidade de Campinas (Foto Martinho Caires)

Após forte mobilização, área do Museu da Cidade será cedida a Campinas

Após forte mobilização de artistas, produtores culturais e sociedade civil em geral, a área onde está o Museu da Cidade será cedida ao município de Campinas, o que garante a continuidade da instituição do local. Na tarde desta segunda-feira, 11 de julho, data em que foram lembrados os 180 anos de nascimento de Antônio Carlos Gomes, o prefeito Jonas Donizette ouviu do governador Geraldo Alckmin o compromisso de envio de projeto à Assembleia Legislativa, após o período eleitoral, oficializando a cessão para Campinas do imóvel que pertence ao Estado.

O Museu da Cidade é uma instituição municipal que está sediada, em regime de comodato, em prédio histórico pertencente à Companhia Paulista de Obras e Serviços (CPOS). É uma empresa ligada ao governo de São Paulo, responsável pelas soluções de engenharia elaboradas para os órgãos da administração direta e indireta da administração estadual. No início do ano, a CPOS acenou com a possibilidade de finalização do acerto com o município de Campinas, o que levaria à necessidade de transferência do Museu da Cidade para outro local.

Patrimônio histórico – No prédio onde está abrigado o Museu da Cidade funcionava a fábrica da Lidgerwood, uma das primeiras indústrias de Campinas, que começou a operar em 1886. Um século depois, em 1987, a ameaça de derrubada do prédio gerou um forte movimento preservacionista, com ativa participação do arquiteto e ex-prefeito Antônio da Costa Santos, que resultou na criação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc).

Em 1990 o prédio da antiga Lidgerwood foi tombado pelo próprio Condepacc e depois restaurado por projeto coordenado pela arquiteta Ana Villanueva. Agora a CPOS desejava reaver o prédio e com isso o futuro do Museu da Cidade ficava incerto.

O Museu da Cidade foi criado, em 1992, a partir da fusão do acervo de três museus existentes no Bosque dos Jequitibás: Museu Histórico, Museu do Folclore e Museu do Índio. Tem, portanto, uma enorme importância histórica para Campinas, em função da manutenção de um acervo material vasto e eclético, organizando-se em coleções de arqueologia, arte plumária e cestaria, objetos e quadros que datam do século XIX e doações recente.

As coleções de arqueologia, de arte plumária e cestaria são compostas por objetos recolhidos em Sambaquis e expedições a comunidades indígenas do Centro – Oeste e Norte brasileiro realizadas pelo professor Desidério Aytai e os alunos do curso de Ciências Sociais da PUCCAMP no final da década de 1950 e durante a década de 1960. Além destas, existem coleções que relacionam – se com antigas instituições da cidade como Bloco Carnavalesco Azul e Branco, Escola Estadual Culto à Ciência, entre outras.

Movimento social – As incertezas sobre o futuro do Museu da Cidade motivaram um movimento entre artistas, produtores culturais e organizações sociais de Campinas. Um debate público sobre o tema aconteceu no último dia 28 de junho, na Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Gustavo Petta, motivado por uma discussão promovida pela Associação dos Amigos do Museu da Cidade, como noticiou a Agência Social de Notícias (ver aqui).

Por ocasião da 14ª Semana dos Museus, aberta a 14 de maio,  a Agência Social de Notícias destacou que a Semana seria realizada em Campinas, “marcada pela preocupação com o destino do Museu da Cidade, uma das principais instituições culturais locais” (aqui).

Muitas ações foram motivadas pelo temor da perda do espaço e, portanto, da sede tradicional do Museu da Cidade. No último sábado, por exemplo, um conjunto de fotógrafos promoveu uma atividade no local.

Agora o governo estadual acena com a cessão do espaço ao município de Campinas, o que indicaria a continuidade do Museu da Cidade no local. “O governador disse entender o valor que o imóvel, que é histórico e tombado como patrimônio histórico, além do bem cultural que ele abriga, representam para a nossa cidade. Por isso, concordou em suspender o processo de comodato que, por ter chegado ao fim, obrigaria Campinas a devolver o imóvel. E, com a lei a ser votada na Assembleia, será possível acertar a doação em definitivo para a cidade”, afirmou o prefeito Jonas Donizette.

Sobre ASN

Organização sediada em Campinas (SP) de notícias, interpretação e reflexão sobre temas contemporâneos, com foco na defesa dos direitos de cidadania e valorização da qualidade de vida.

Deixe uma resposta