Empresas da região de Campinas, localizada nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), já estão montando comitês anti-crise em função do agravamento da situação de desabastecimento. O propósito é prevenir o agravamento da crise, formulando medidas que possam ser tomadas em diferentes cenários.
Intensificar a utilização de água de reuso, fornecida pela Sanasa, empresa municipal de água e esgotos, é uma das medidas em estudo por empresas de Campinas, especificamente. O fornecimento de água de reuso para empresas do município e região é um dos pontos do termo de associação assinado entre a Sanasa e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), regional Campinas.
No dia 24 de agosto deste ano, quando começava se agravar a crise hídrica, a Sanasa fechou o primeiro contrato de fornecimento de água de reuso, com a BRES Viracopos Empreendimentos Imobiliários. O contrato prevê o fornecimento de 100 mil litros diários de água de reuso derivada da Estação de Produção de Água de Reuso (EPAR) Capivari II. Essa água pode ser empregada em atividades como terraplanagem e compactação de solo. O valor de água de reuso é muito menor do que o cobrado pela água potável.
O futuro fornecimento de água para as indústrias já preocupa o setor. No dia 17 de julho, na sede do CIESP-Campinas, um Plano de Contingência elaborado pelo CIESP e pela FIESP foi apresentado em encontro com a participação das Diretorias Regionais do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP Americana, Bragança Paulista, Campinas, Jundiaí, Indaiatuba, Limeira, Piracicaba, Rio Claro e Santa Bárbara d’Oeste), e mais a Câmara Técnica de Uso e Conservação de Água na Indústria (CT-IND) dos Comitês PCJ.
Por sua vez, a Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP) encaminhou ofício à ANA, solicitando maior flexibilidade para as indústrias no plano de redução do consumo de água que está em debate para as bacias do PCJ, diante do agravamento da crise hídrica.
Os rios Atibaia e Jaguari, formadores da bacia do rio Piracicaba, terão restrições na captação de água, atingindo abastecimento humano, dessedentação animal, atividades industriais e irrigação para agricultura. O rio Atibaia é o maior manancial de abastecimento de água de Campinas, entre outros municípios. As novas regras para a captação de água nos dois serão definidas até o final de outubro, em meio a um clima de forte acirramento de ânimos entre o governo de São Paulo e a União, através da Agência Nacional de Águas (ANA). As divergências ocorrem pela diferença de opiniões a respeito do gerenciamento dos recursos hídricos nas bacias mais afetadas pela estiagem inédita em São Paulo, que são as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), na região de Campinas, e a do Alto Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo.
A ANA promoveu no início de outubro encontros com os usuários de água dos rios Atibaia e Jaguari, que são rios de domínio da União (pois atravessam dois estados, Minas Gerais e São Paulo). O primeiro encontro aconteceu no dia 1º, no Instituto Agronômico de Campinas, com os usuários da porção paulista da bacia do rio Piracicaba. O segundo encontro aconteceu dia 2 de outubro, em Extrema (MG), com os usuários de Minas Gerais. Os encontros não foram convocados para debater a retirada de água dos reservatórios do Sistema Cantareira para a Região Metropolitana de São Paulo.
Os usuários de água dos rios Atibaia e Jaguari tiveram até o dia 8 de outubro para encaminhar suas sugestões. Foi o caso do encaminhamento do documento pela FIESP. A ANA entende que a decisão final sobre como serão as regras para a retirada de água dos dois rios será tomada até o final de outubro. E, segundo o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, a proposta é que as regras sejam perenes, isto é, “que continuem valendo depois do atual período hidrológico extremamente restritivo, pois é importante aproveitarmos a atual crise para aperfeiçoar a regulação do sistema”.