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LISBOICES: Sol de Primavera

LISBOICES: Sol de Primavera

Por Eduardo Gregori

Ainda estamos no inverno. Oficialmente, a primavera começa no dia 20 de março, daqui a pouco mais de 20 dias. Este ano será o início do terceiro desde que saí de Campinas para viver em Lisboa e este meu terceiro inverno foi o mais frio. Foram temperaturas baixas, a pior delas chegou a 2 graus.

E não é só isso, junto o vento muito forte. Ainda não choveu muito, o que deve acontecer lá por abril. Foi um inverno também muito úmido. As janelas do meu quarto e da área de serviço ficaram por dias embaçadas. Uma névoa tomou conta de Lisboa e houve dias em que sair de carro era uma aventura. Mal conseguia ver dois palmos adiante.

Mas tudo mudou de repente. O sol começou a dar as caras, ainda tímido, no período da manhã e espantava a névoa, mas a noite caía e o frio voltava com tudo. Aí veio o carnaval e o sol parecia mais forte. No sábado e domingo de carnaval senti-me como no verão. Os termômetros registraram 22 graus, um luxo em pleno inverno europeu.

Não deu outra, decidi ir para a praia. Pensei que achariam que eu era louco. Imagine, em pleno inverno e eu lá, sozinho deitado na areia. Peguei o carro e segui para a Costa de Caparica. São apenas 15 minutos de carro desde a minha casa em Almada, na grande Lisboa.

Cheguei e encontrei logo um bando de surfistas, que aproveitam o mar um tanto revolto nesta época para pegarem ondas um tanto quanto mais radicais que nos dias de verão. Caminhei pela longa faixa de areia e percebi que o louco não era apenas eu, mas muitos lisboetas e turistas tiveram a mesma ideia.

A praia não estava lotada, mas muita gente saiu de casa para tomar sol, caminhar, passear com seu pet ou simplesmente apreciar a vista. Abri minha toalha de praia, tirei a roupa e fiquei ali só de shorts de banho. Uma brisa deliciosa soprava espantado o calor. Ouvi um pouco o som do mar, mas logo coloquei meus fones para ouvir alguns clássicos e me desconectei do mundo.

Minha mente atravessou o Atlântico e senti um pouco do calor brasileiro. É como estar em casa a quilômetros de distância. Virei-me para o mar e vi uma criança a brincar na água. Que coragem, pensei eu, pois a água da Caparica é fria no verão, imagine no inverno.

Mas senti vontade de ir até a beira da água e, apesar de estar há três semanas constipado, não resisti. Caminhei junto da água até que uma onda molhou os meus pés. É verdade que eles quase congelaram. A água estava mesmo muito fria, mas não me importei, pois a sensação do sol, do calor, depois de meses de frio, era muito maior do que daquele pequeno incomodo.

Ao que parece teremos um grandioso verão e eu, que sempre vivi longe da praia, estou a contar os dias para que o calor chegue de vez e fique. Neste aspecto não tenho saudade nenhuma de Belo Horizonte ou de Campinas. Viver junto ao mar é maravilhoso e aqui em Lisboa o que não falta são praias para escolher, de Cascais, até Sintra ou na Caparica e em Sesimbra, tudo é tão lindo!

E estes dias me fizeram lembrar do meu conterrâneo Beto Guedes e sua linda canção, Sol de Primavera:  “Abre as janelas do meu peito”. Finalmente posso dizer que abri as janelas do meu peito para esta minha vida em Portugal. Ainda vou ao Brasil este ano, mas é aqui a minha primavera e o meu verão, o meu inverno e o meu outono.

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Sobre Eduardo Gregori

Eduardo Gregori é jornalista formado pela Pontifícia Católica de Campinas. Nasceu em Belo Horizonte e por 30 anos viveu em Campinas, onde trabalhou na Rede Anhanguera de Comunicação. Atualmente é editor do blog de viagens Eu Por Aí (www.euporai.com.br) e vive em Portugal