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Diante de crise hídrica, região de Campinas vai estudar melhor uso de água subterrânea
Rio Atibaia em Sousas, Campinas, 2014: crise hídrica leva à busca de novas alternativas (Foto Adriano Rosa)

Diante de crise hídrica, região de Campinas vai estudar melhor uso de água subterrânea

Vários estudos mostram que a disponibilidade de água subterrânea na região de Campinas, localizada nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), é insuficiente para uma grande exploração visando abastecimento público, ao contrário do que ocorre, por exemplo, na região de Ribeirão Preto, situada na altura do Aquífero Guarani. Entretanto, a crise hídrica que permanece e não tem previsão de término está fazendo com que a região de Campinas e Piracicaba incremente as pesquisas em torno de um melhor uso de seu potencial de água subterrânea. Este será o tema do III Workshop de Águas Subterrâneas dos Comitês PCJ, que acontece nos dias 12 e 13 de novembro no Centro de Estudos Ambientais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) “Júlio de Mesquita Filho”, de Rio Claro.

O coordenador da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas (CT-AS) dos Comitês PCJ, Vinicius Rodrigues, diz que o propósito é “divulgar a importância das águas subterrâneas como fonte para o abastecimento de água e, também, aumentar o nível de conscientização dos envolvidos em relação à proteção e os riscos advindos da contaminação e da exploração irracional, além de apresentá-las como parte integrante do ciclo hidrológico e a necessidade de inserção na gestão de recursos hídricos em conjunto com as águas superficiais”.

Vão participar do workshop, como expositores, representantes de três universidades estaduais, da Agência Nacional de Águas (ANA), da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), da Fundação Agência das Bacias PCJ e do Ministério Público.

O potencial da água subterrânea – A água subterrânea tem uma importância fundamental para o abastecimento público no Brasil. Segundo dados da ANA, 2.153 sedes municipais são abastecidas exclusivamente por águas subterrâneas, representando 39% das sedes. Outras 757 sedes têm abastecimento de origem mista, de fontes superficiais e subterrâneas. No total, 53% das sedes municipais no Brasil são abastecidas parcial ou totalmente com águas subterrâneas.

No estado de São Paulo, 72% dos municípios são total ou parcialmente abastecidos com águas subterrânea. Nada menos que 48% dos municípios paulistas são abastecidos totalmente com águas subterrâneas, como o caso de Ribeirão Preto, que tem mais de 600 mil habitantes e está localizada na altura do Aquífero Guarani.

O panorama é diferente na região de Campinas e Piracicaba, no território das bacias PCJ. Pela sua formação geológica, a disponibilidade de água subterrânea é baixa na região. Contudo, em razão da crise hídrica, estão sendo intensificados os estudos para o melhor uso dos aquíferos nas bacias PCJ, diante da necessidade de obtenção de novas fontes de abastecimento.

Calcula-se que mais de 5 mil poços sejam explorados na região, resultando na captação de mais de 100 milhões de metros cúbicos de água por ano. A distribuição não é uniforme, de novo em função da formação geológica. Um estudo de 2013 do Instituto Geológico (IG) de São Paulo, por exemplo, revelou que são muito baixas as vazões de água subterrânea na porção Sul das Bacias PCJ, na área dos municípios de Monte Mor, Capivari, Salto e Indaiatuba.

O estudo constatou rebaixamento do nível estático, ou seja, rebaixamento do nível de armazenamento da água em poços nessa porção Sul das Bacias PCJ, pelo bombeamento intensivo. Uma das conclusões do estudo foi a de que o aumento da disponibilidade de água superficial continua sendo a melhor opção de abastecimento no âmbito dos quatro municípios.

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