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Infinitos Acordes: os caminhos da viola caipira – Paulo Freire
Paulo Freire: aprendizado no vale do rio Urucuia, em Minas Gerais (Foto Adriano Rosa)

Infinitos Acordes: os caminhos da viola caipira – Paulo Freire

Um dos principais afluentes da margem esquerda do rio São Francisco, o rio Urucuia – que nasce nos chapadões de Goiás e atravessa Minas Gerais, até o município de Buritis – ganhou notoriedade nacional e internacional por ser um dos cenários em que se desenrola a trama de “Grande Sertão: Veredas”. Pois foi nas margens do “rio de águas vermelhas”, em língua indígena, que Paulo Freire aprendeu a tocar viola com o Seo Manelim. Era o ponto de partida de uma trajetória peculiar no universo da música de raiz, do violeiro que hoje mora em Barão Geraldo, em Campinas.

Paulo Freire é o segundo personagem da série “Infinitos Acordes: os caminhos da viola caipira”. Na série, a Agência Social de Notícias reproduz o material coletado e produzido pelo Projeto Infinitos Acordes, que documentou em vídeo a obra de oito violeiros com estilos e sotaques distintos, exatamente para espelhar a riqueza multicolorida da música de raiz. Pelos acordes de Levi Ramiro, Julio Santin, Milton Araújo, João Arruda, Zeca Collares, João Paulo Amaral, Paulo Freire, Ricardo Vignini e Zé Helder, é possível trilhar os caminhos da viola caipira em sua essência.

O Projeto Infinitos Acordes é resultado da parceria entre os jornalistas Josiane Giacomini e Adriano Rosa, que também assina as fotos e as filmagens, e o editor e videomaker Filipi do Canto. Foram meses de pesquisa, elaboração de roteiro e gravações, resultando em documentário ainda inédito de 45 minutos que resume um dos mais importantes capítulos do cancioneiro popular brasileiro, o da viola caipira. Do documentário foram desmembrados oito videoclipes com trechos das entrevistas e das músicas que os violeiros apresentaram durante os depoimentos.

Paulo Freire em estúdio com o mestre na viola e na vida, Seo Manelim (Foto Angélica Del Nery)

Paulo Freire em estúdio com o mestre na viola e na vida, Seo Manelim (Foto Angélica Del Nery)

PAULO FREIRE

Nascido em São Paulo, Paulo Freire largou a faculdade de jornalismo, em 1977, após ler a obra-prima de Guimarães Rosa. Não teve dúvidas: partiu para o vale do Urucuia, para conhecer e viver de perto o universo mágico do “Grande Sertão: Veredas”.

Por dois anos ele morou no povoado Porto de Manga. A três quilômetros dali, conheceu Manoel de Oliveira, o Seo Manelim, grande violeiro, que passou a ser o mestre, o mentor, do jovem paulistano que já tocava violão e guitarra, mas definitivamente se encantou com a música de raiz. Trabalhavam na roça de arroz de dia e, à noite, Manelim ensinava os segredos da viola para Paulo.

“O entardecer tocando viola no terreiro, acordar no inverno e ir para uma fogueira improvisada junto com seus filhos, enquanto dona Vicentina preparava o café com biju, ou ficar olhando a roça e deixar o pensamento correr, calaram fundo em minha alma violeira”, lembra Freire.

De volta a São Paulo, continuou os estudos, em violão clássico com Henrique Pinto. E daí em diante foi uma trajetória cada vez mais sólida, incluindo incursões no teatro, por exemplo como membro do grupo Vento Forte, que recebeu prêmios importantes e fez temporada na Europa.

Nessa viagem decidiu fazer outra mudança e passou a residir em Paris, onde estudou violão clássico com o mestre uruguaio Betho Davesaky. Ganhou até uma medalha no “Concours des Classes Supérieurs de Paris”. De modo paralelo aos estudos, excursionou pela Europa e Norte da África com grupos de música brasileira. Tocava samba e as mulatas dançavam. “Na verdade, foram dois anos e meio em que me diverti muito”, admite.

Mas a paixão pela viola era cada vez maior. Ela foi tomando mais e mais espaço. De volta ao Brasil, Paulo Freire fez trilhas para episódios de séries da TV Globo, como Malu Mulher e Obrigado Doutor. E tocou viola e participou da composição da trilha da premiada minissérie “Grande Sertão: Veredas”, também da TV Globo. Foi um reencontro e um ponto de inflexão.

Desde então, a viola e a música de raiz tem sido o território de muita pesquisa e produção. O primeiro CD solo, “Rio Abaixo – viola brasileira”, independente, recebeu o Prêmio Sharp de Revelação Instrumental, em 1995/96. Já foram outros 11 CDs, sendo seis próprios e outro em parceria com outros músicos. Também lançou vários livros, como o romance “Jurupari” e o infantil “O Céu das Crianças”. Teve participação em vários episódios do Globo Rural e continua trabalhando com teatro, dança, vídeo…

Paulo Freire é inquieto. Ele ajuda a dignificar o belo capítulo da cultura brasileira que é a música de raiz. Fiel ao aprendizado, ele volta sempre ao Urucuia, onde regularmente participa da Folia de Reis.  Mais informações: www.paulofreirevioleiro.com.br

 

 

 

 

 

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