Campinas já teve corridas de automóveis nas ruas na década de 1930, revelando Chico Landi como estrela do esporte. Já teve páreos importantes nos Hipódromos do Bonfim e Boa Vista. Já teve grandes equipes em várias modalidades, além do futebol e voleibol. Para superar a síndrome do “já teve” e recuperar o tempo perdido no panorama esportivo, a cidade tem uma nova oportunidade, com o anúncio da I Maratona de Campinas, prevista para o dia 19 de julho, na semana da comemoração dos 241 anos de fundação.
A maratona de Campinas (décima segunda cidade a ter a competição) terá um circuito inusitado, de sete quilômetros, entre a Administração Regional 2 (AR2), na avenida José de Souza Campos, até o pontilhão da rua Vital Brasil, no Taquaral, e retornando pela Norte-Sul até o Hotel Vitória. Serão necessárias, portanto, seis voltas no trajeto para se atingir os 42 km e 195 metros oficiais da competição que leva o nome da batalha em que os gregos venceram os persas, fato noticiado em Atenas pelo mais famoso corredor do país, Fidípedes.
O secretário municipal de Esportes, Dario Saadi, reconhece que muitos maratonistas preferem o circuito contínuo, mas observa que a escolha se deve a vários fatores. Um deles é evitar o máximo de interferência no trânsito – a Norte-Sul já é usada normalmente, nos finais de semana, como ciclovia.
Outro fator é que esse formato permite a introdução de uma novidade, diz Saadi: os corredores poderão competir em mini-circuitos, de sete, 14 e 21 km, e também em equipes de revezamento, de dois, três e seis integrantes.
O secretário de Esportes nota que os preços para participação na I Maratona de Campinas são muito inferiores aos cobrados normalmente em corridas da modalidade. Para os primeiros 500 inscritos, o valor será de R$ 55,00. O segundo lote custará R$ 65,00, e o terceiro, R$ 75,00. As pessoas com deficiência estarão isentas do pagamento e os maiores de 60 anos pagarão metade. “Campinas já é um polo importante de corridas de rua.
Com a maratona, o objetivo é consolidar essa vocação”, destaca o secretário. Mas ele admite que a iniciativa faz parte de um plano estratégico mais amplo, para resgatar o protagonismo da cidade no cenário esportivo, além das modalidades já consolidadas.
Entre 1936, na primeira edição, até 1979, Campinas foi campeã dos Jogos Abertos em dez oportunidades, ficando em segundo lugar do pódio, atrás somente da megacampeã Santos. Além disso, Campinas já sediou a “Olimpíada do Interior” quatro vezes, em 1939, 1945, 1960 e 1994.
Desde 1979, nunca mais foi campeã, e nas duas últimas décadas não sediou mais os Jogos. Em 1988, a delegação campineira nem participou dos Jogos Regionais de Santa Bárbara D´Oeste e Abertos de Araçatuba.
Claros sinais da crise crônica nos esportes de uma forma geral, nítido motivo para uma séria reflexão sobre os processos sociais, educacionais e culturais que a cidade tem experimentado. As exceções ficam para as ações individuais de nomes como Vanderlei Cordeiro de Lima e equipes como a Orcampi/Unimed – signos de manutenção da esperança quanto a novos tempos em pistas, quadras, campos, mesas e demais territórios do esporte. (Por José Pedro Martins)